quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Operação Lava Jato: a maior farsa da história do Brasil

Escrevo essas linhas no momento em que o Brasil assiste, perplexo, anestesiado até, ao julgamento final do ex-presidente Lula. Uma verdadeira farsa e um capítulo quase final de um golpe de Estado armado por grupos estrangeiros e seus associados locais.

Durante três anos, a Globo e a Lava Jato conseguiram causar um estrago maior até do que se o Brasil tivesse sido vítima de ataques de mísseis do imperialismo. Nesse processo carregado de ódio e escorado numa campanha cínica e falso moralista de combate à corrupção, o Brasil assistiu praticamente sem reação aos seguintes acontecimentos nocivos ao nosso povo:

1) derrubada de uma presidenta honesta, eleita diretamente pelo povo brasileiro, demonstrando que a democracia brasileira foi destroçada em prol de interesses de minorias corruptas e canalhas;

2) no lugar da presidenta Dilma, mulher, valente e digna, colocaram no governo federal, sem o respaldo popular, uma quadrilha, homens brancos, de colarinho branco, dos piores bandidos que passaram a colocar em prática a agenda neoliberal, muito provavelmente com a promessa de serem poupados pela Lava Jato e com a garantia da governabilidade que não deram ao segundo governo Dilma;

3) dessa agenda neoliberal executada por um governo farsante e parlamentares pilantras resultou: a) a destruição da legislação trabalhista, com o cancelamento de conquistas de mais de um século de lutas; b) o ataque aos investimos na Saúde Pública e na Educação pública, com o limite de gastos nas políticas públicas; c) violento ataque aos aposentados e à previdência, com a tentativa de impedir com as pessoas se aposentem e invistam em previdência privada para poucos; d) cortes ou redução de dezenas de políticas públicas, como nos programas Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Fies, Prouni, Ciências sem Fronteira, entre outros;

4) a Lava jato e a Globo, com sua campanha criminosa contra a Petrobras e setores estratégicos da economia brasileira, conseguiram ainda fazer com que especuladores estrangeiros arrancassem da Petrobras indenização de R$ 10 bilhões de reais, sendo que TODA a operação Lava Jato não chegou a devolver a Petrobras sequer R$ 1,5 bilhão do resultado do combate seletivo à corrupção apurada nos 12 anos de governos do PT. Sim, porque a Lava Jato só apurou a corrupção na Petrobras a partir dos governos do PT, e simplesmente afastou das investigações as inúmeras denúncias contra os governos anteriores, inclusive nas gestões de FHC. O que muita gente não percebeu é que a corrupção numa grande estatal é elemento comum em todos os governos, mas foi nos governos de Lula e Dilma que a Petrobras teve o seu melhor desempenho, seu maior crescimento, inclusive com a descoberta do pré-sal e investimentos em tecnologia de ponta.

5) além desse enorme prejuízo dado diretamente à Petrobras - devolveu teoricamente R$ 1, 5 bilhão e causou uma indenização / prejuízo direto de R$ 10 bilhões - , a Lava Jato, a Globo e afins conseguiram, com a derrubada do governo Dilma, abrir caminho para que os quadrilheiros do governo golpista entregassem o petróleo do pré-sal para empresas estrangeiras, afastando do controle da Petrobras e do povo brasileiro esse patrimônio nacional que foi a descoberta de enorme reserva de petróleo do pré-sal;

6) não bastasse essa perda internacional em prejuízo de uma política que deveria estar voltada para a Educação pública de qualidade e saúde pública para todos, as ações da Lava Jato amparadas pelo sistema de comunicação / manipulação da Globo e afins - Band, Itatiaia, Folha de SP, Veja, etc. - conseguiram ainda destruir a indústria naval, que havia sido salva e revitalizada nos governos do PT, a indústria da construção civil, em franco crescimento nas gestões de Lula e Dilma, e até mesmo da segurança estratégica, com a paralisação de investimentos em refinaria própria e na tecnologia nuclear.

O Brasil tornou-se uma republiqueta de nona categoria. O aumento do desemprego foi uma das consequências diretas do desinvestimento, dos cortes em todas as áreas e da destruição dos setores estratégicos da economia, que puxavam os outros setores.

Tudo isso foi consequência desse pacote fechado pelo golpe que teve como atores ou executores principais a Globo e Operação Lava Jato. Tal o alcance dessa operação, orquestrada e blindada pela mídia e pelos órgãos de justiça e do MPF e da PF, que sobram desconfianças acerca das perigosas ligações dos seus membros, alguns pelo menos, com os aparelhos de inteligência dos EUA.

Tem sido notória, de amplo conhecimento público, a intervenção direta dos EUA e países aliados através da CIA, NSA e outros aparelhos do sistema de inteligência e espionagem e sabotagem, que agem em vários países do mundo, com o intuito de derrubar governos "não amigos" do império, propiciando o controle das riquezas desses países. O Oriente Médio foi devastado por essas práticas. O continente africano já havia sido destruído bem antes pelas disputas imperialistas. A América Latina foi vítima de golpes de estado inicialmente nos moldes tradicionais, com as quarteladas militares que garantiam a propriedade e os lucros de poucos, garantidos com a repressão e a tortura no lombo da maioria pobre da população.

No Brasil conseguiram sofisticar o golpe de Estado, dessa vez não mais pelas mãos de grupos militares afastados oficialmente da vida política após o desgaste do Golpe de 1964, que derrubou, com apoio das mesmas forças que agora derrubaram Dilma, ao presidente João Goulart. O golpe de 2016 foi orquestrado de fora, como antes, mas lançaram mão de grupos do judiciário, da polícia federal e do Ministério Público. Ou seja, apropriaram de setores estratégicos desses aparelhos institucionais, para dar uma roupagem "legal" ao golpe. E montaram uma verdadeira máquina golpista, com todos os instrumentos institucionais envolvidos.

Em primeiro lugar era preciso garantir que a população pobre e a classe média fossem lobotomizadas, anestesiadas, e sobretudo, caso de parte da classe média, conquistada para o golpe. Essa horda neofascista que hoje aparece nas rede sociais nasceu desse processo de lavagem cerebral feita por uma mídia irresponsável e canalha, que durante 24 horas por dia e por meses a fio trabalhou narrativas golpistas. 

Os pontos centrais dessa narrativa fascista e ultraconservadora: a) a frase oca de que "bandido bom é bandido morto", quando se sabe que os "bandidos" que eles combatem são os pobres negros das periferias do Brasil. Aqui em Minas mesmo, os deputados eleitos com esse discurso se aliaram no congresso nacional aos maiores bandidos de colarinho branco, inclusive ao chefe deles, Eduardo Cunha, que hoje é protegido do juiz Moro e da mídia; b) outra narrativa construída: a de que o PT e Dilma e Lula eram responsáveis por todas as desgraças do mundo. O ataque ao segundo governo Dilma foi uma coisa impressionante. Qualquer lojista assalariado era induzido a dizer que "a culpa da crise é da Dilma", numa campanha claramente orquestrada por setores privilegiados. Quando a quadrilha de bandidos assumiu o governo com o golpe de 2016, cessaram as manifestações na Paulista, bem como a bateção de panelas nos condomínios fechados e prédios da classe média massa de manobras dos 2% mais ricos do país.

Depois que Temer e sua quadrilha chegaram ao governo via golpe de estado judicial-parlamentar-policial, as operações midiáticas fantasiosas da Lava Jato praticamente cessaram. A Lava Jato já havia cumprido quase todas as missões propostas: destruir os setores estratégicos do país, chantagear os parlamentares corruptos para que derrubassem a presidenta Dilma e aprovassem o programa neoliberal de entrega de tudo para os banqueiros e agiotas e grupos estrangeiros;  condenar e prender somente pessoas que pudessem atingir de alguma forma ao PT e a Lula; blindar totalmente o PSDB - em três anos de ação com total liberdade de espezinhar a constituição e a garantia de blindagem da mídia e de um STF acovardado, a Lava Jato não condenou nem prendeu um único cacique tucano. Enquanto isso, condenou e prendeu somente o tesoureiro do PT, condenou e prendeu somente o marqueteiro do PT, condenou e prendeu as lideranças do PT, como José Dirceu, que já havia sido vítima da farsa do Mensalão.

Faltava, contudo, o ato final, que é justamente o que acontece agora, com a condenação do ex-presidente. Com a clara manifestação da população brasileira em querer eleger novamente o presidente Lula, não seria tolerável para os golpistas que Lula pudesse se candidatar. Uma forte corrente poderia se formar em torno da maior liderança operária e popular do Brasil e da América Latina e com isso todos os atos do golpe estariam ameaçados. Daí montaram todo um esquema voltado para denunciar, condenar e prender o presidente Lula.

O objetivo principal nem é prisão física de Lula, mas a tentativa de desmoralizá-lo perante a opinião pública. Tal objetivo tem sido em parte derrotado como demonstra a lenta mas progressiva capacidade de resistência e de retomada das lutas do nosso povo. Nas redes sociais, em que pese a presença de fascistas que querem a volta da ditadura militar e tratam o agente da CIA Moro como herói nacional, é crescente o combate de pessoas e grupos de esquerda ou progressistas ou mesmo nacionalistas, que não aceitam mais esse engodo montado pela Globo e pela Lava Jato.

Nesse momento ninguém está seguro em relação aos destinos do Brasil, do nosso povo, uma vez que a guerra de classes está esquentando cada vez mais. A derrota no judiciário no circo montado em Porto Alegre praticamente foi uma "vitória de Pirro" da direita golpista. Isto porque as manifestações populares em favor da democracia e do presidente Lula conseguiram sensibilizar amplos setores da população e também de grupos progressistas do mundo inteiro. A justiça é cada vez mais identificada como parte do golpe. E há uma forte percepção de que é preciso construir uma unidade popular e progressista para derrotar os golpistas. 

E para que isso aconteça é preciso ficar bem claro para todos o verdadeiro sentido dessa farsa - a maior da história do Brasil - montada pela Globo e pela chamada Operação Lava Jato. É preciso discutir pacientemente com todos os grupos e pessoas da sociedade brasileira, sobretudo com a população de baixa renda e da classe média que não estejam irremediavelmente lobotomizados. Refletir sobre as consequências danosas para o Brasil e para o nosso povo dessa campanha falso moralista de combate seletivo à corrupção, historicamente usado pelos grupos de direita que são os mais corruptos e golpistas. Ninguém nunca investigou, por exemplo a origem e o processo de acúmulo de muitos bilhões de dólares da família Marinho, que praticamente teve papel central nos golpes contra o nosso povo nas últimas três ou quatro décadas, pelo menos. Ajudaram a bombardear moralmente Getúlio, JK, Jango, Brizola, Dilma e Lula, ou seja, todos os presidentes (Brizola não foi presidente, mas pode ser colocado nesse mesmo grupo) mais queridos e populares da história recente do Brasil, os que mais desenvolveram políticas públicas em favor dos de baixo. A Globo é inimiga do povo brasileiro e consegue arrastar para sua política de classe toda a grande mídia. Cerca de 8 ou 10 famílias de barões da mídia, que controlam o que deve ou não ser publicado, o que deve ser escondido do nosso povo e o que deve ser informado, de forma manipulatória.

Uma nota final, mas não menos importante, acerca das consequências da Lava Jato: a destruição das garantias constitucionais. Qualquer cidadão está hoje ameaçado de ter seus telefones grampeados, de ser arrastado numa busca coercitiva ilegal, de ficar preso eternamente numa chamada prisão preventiva, ou de ser vítima de uma delação premiada, outro nome para dedo-duro, que faz com que os verdadeiros canalhas entreguem sem prova alguma aqueles que o braço partidário do estado pretende condenar.

Imaginem a mesma técnica sendo usada contra os agentes da Lava Jato e contra a Globo? Um presidente com o apoio popular monta uma força-tarefa com poderes especiais que começa a prender pessoas próximas do juiz Moro (Zucolato, por exemplo), e da família Marinho (os cartolas FIFA, por exemplo), que, presos e com seus familiares ameaçados, começam a entregar os amigos, a dizer que Moro recebeu boladas de dinheiro para fazer o que está fazendo, que a família Marinho recebeu a promessa de não precisar mais pagar as dívidas com o BNDES, etc. Provas? Para quê provas, se houve essas delações premiadas? Não bastam as convicções da força-tarefa? Que tal então confiscar todos os bens dos Marinho e da família Moro? Pois é... Pau que dá em Chico, dizem, pode dar também em Francisco.

Daqui de casa, ou do meu modesto bunker, assisto às manifestações em Porto Alegre, em SP, na Paulista, agora coberta de vermelho e não mais daquele verde-amarelo que nada tem de nacionalista. Pode ser o renascer de um novo momento, um novo movimento de lutas, popular e de massas, nas ruas, de resistência e de construção de um presente e de um futuro que a Lava Jato e a Globo haviam roubado dos nossos sonhos. É hora de unir, de lutar, de resistir! E de conversar com as pessoas em todos os cantos do Brasil e do mundo. Porque somos a maioria e estamos ameaçados pelos interesses de uma minoria golpista que deseja transformar o Brasil novamente numa colônia, com mão de obra escrava e tudo mais. Se permitirmos é isso que farão.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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