segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Anotações de um blogueiro sobre problemas atuais





Atualização 20/12/2015 - Graças à chantagem da mídia golpista e de outros tipos que ela blinda, o ano de 2015 foi quase perdido, sob muitos aspectos. Na verdade foi dose para elefante aguentar uma Lava Jato seletiva, que nunca investiga nada contra os tucanos; um Eduardo Cunha e sua quadrilha na Câmara dos Deputados fazendo aprovar todo tipo de maldades contra o povo brasileiro; uma mídia com seus papagaios urubuzentos, que são pagos para prever o caos todos os dias; além das chantagens impostas por gangsteres travestidos de gente séria; tudo isso somado, mais a crise internacional e a aposta equivocada da nossa presidenta Dilma em medidas neoliberais para sanar a crise interna, tudo junto fez do ano de 2015 um tempo bem fraquinho em vários aspectos. 

Claro que, apesar de tudo isso, muitas coisas boas aconteceram, tanto nas nossas vidas pessoais - algumas coisas ruins também, óbvio - quanto na vida da maioria do povo brasileiro. A crise no Brasil, graças às políticas públicas dos últimos 13 anos, não foi tão amarga quanto a acidez da fala desses demagogos da mídia golpista. Apesar da crise, milhões de brasileiros hoje NÃO morrem de fome graças ao Bolsa Família e às outras políticas compensatórias que as elites odeiam. Apesar da crise, os aeroportos continuam lotados, os shoppings e supermercados, idem, as rodovias não comportam mais tantos carros; apesar da crise, o governo de Minas, já sem os tucanos, teve a coragem de iniciar o pagamento do piso salarial dos educadores, tão desejado pela categoria; apesar da crise, a direita não conseguiu derrubar a presidenta Dilma, eleita democraticamente pela maioria do povo brasileiro. E nesta reta final de 2015, a direita golpista, que já contava como coisa certa a transição via tapetão do governo federal, sofreu várias derrotas no STF, que anulou todos os atos da turma do mega investidor em bancos suíços Eduardo Cunha. 

Uma outra boa notícia foi a saída do ministro Levy, que defendia ajustes neoliberais como solução para a crise, o que só fez agravar a situação, gerando desemprego e queda na renda dos trabalhadores. Vamos pressionar para que em 2016 o governo federal retome a pauta do crescimento econômico com investimentos públicos para gerar mais empregos, mais renda, menos juros, mais aumentos reais nos salários, sem quaisquer cortes nos direitos dos de baixo. 

Para finalizar, o dia 16 mostrou que os movimentos sociais e as pessoas comprometidas com a democracia no Brasil ganharam as ruas, em número muito superior às manifestações dos golpistas, que ocorreram no dia 13 com toda a cobertura da mídia inimiga do nosso povo. Que 2016 seja o início da retomada do protagonismo das forças populares e de esquerda rumo a um Brasil mais justo, com menor desigualdade, com maior participação popular nas decisões; com maior solidariedade e respeito às diferenças.

É com essa perspectiva que desejo um Feliz Natal e um 2016 muito melhor para todos e todas.



Editorial

O golpe em curso no Brasil - Não há como tergiversar: vivemos um momento delicadíssimo, de assalto ao poder por meliantes, que estão prestes a ser presos e se uniram aos frustrados derrotados nas eleições de 2014 para derrubar uma presidenta honesta, eleita legitimamente pelo povo brasileiro. 

É um divisor de águas que se coloca entre nós: de um lado, os que querem o golpe, o fim do que resta da democracia conquistada pelo povo brasileiro, e a instalação de um governo via tapetão, que vai abafar os escândalos que atingem os tucanos e os ligados a Temer e ao próprio Eduardo Cunha. Do outro lado, os que defendem a legalidade democrática, o estado democrático de direito, que não aceitam o golpe em forma de um impeachment sem qualquer fundamento sério. 

Estão roubando o mandato de uma presidenta eleita por 54 milhões de eleitores - eleita, aliás, apesar de toda a propaganda midiática contra o governo Dilma, contra Lula e contra o PT. Golpistas e oportunistas como Aécio Neves, FHC e outros, não tiveram a grandeza de aceitar o resultado das urnas e hoje se unem a bandidos para tentar cassar o mandato legítimo da presidenta Dilma. Mas, não é a presidenta a única atingida: todo o povo brasileiro está sendo roubado, estão roubando a nossa democracia, sob a omissão e conivência dos poderes constituídos, incluindo a Justiça e o Ministério Público. 

Do congresso Nacional, esperar o quê, quando o presidente da Câmara é ninguém menos do que alguém contra o qual pesam robustas provas de que recebeu milhões de reais em propinas, que depositou em contas na Suíça, ou que recebeu dinheiro via igreja evangélica; ou que chantageou empresas para receber propinas, além de estar à frente dos maiores retrocessos na legislação trabalhista, dos direitos humanos e das conquistas sociais. É este meliante que abriu o processo de impeachment, com apoio de figuras como Aécio Neves - que desonra o avô Tancredo, que foi contrário aos golpes de 1954 contra Getúlio e de 1964 contra Jango. O neto, um oportunista, passou todo o ano de 2015 tentando derrubar o governo legítimo da presidenta Dilma. Além de Aécio, outras figuras como Paulinho da Força, ou da Farsa, que vendeu greves para empreiteiros - ou seja, teria recebido dinheiro para por fim às greves, num ato de traição aos trabalhadores, entre outras acusações que pesam contra ele. Outras figuras dispensam comentários: o fascista Bolsonaro, o fundador da UDR Caiado, Agripino Maia, acusado de receber propinas no Rio Grande do Norte; entre outros. O golpe está se formando assim, com o apoio de oportunistas e de uma verdadeira quadrilha, respaldado por uma mídia que já demonstrou historicamente não ter qualquer compromisso com o povo brasileiro e com suas (nossas) conquistas. 

Diante disso, é preciso que a população brasileira resista. É preciso ocupar as ruas, unir os movimentos sociais, coletivos, grupos e combater o golpe que está em andamento. É preciso discutir essa realidade nas salas de aula, nas ruas, nos bares, na Internet, para enfrentar a avalanche de ataques midiática que os barões da mídia e seus papagaios bem remunerados repetem diariamente.

A derrubada da presidenta Dilma levará à presidência o traíra do Temer, que já mostrou as garras num documento onde propõe entregar o pré-sal para os gringos, aniquilar as conquistas trabalhistas e sociais e se unir aos tucanos para implementar a única coisa que os tucanos sabem fazer, ou seja, impor choques e arrochos salariais contra o povo brasileiro para servir aos grupos de rapina estrangeiros e seus associados locais. Num outro documento, uma carta infantilizada que Temer enviou para Dilma, ele praticamente oficializa seu rompimento com o governo para assumir de vez as articulações golpistas. Mau caráter e traíra, uma vez que esteve ao lado do governo federal nos bons momentos, e agora que se arma um golpe ele pula fora para se tornar beneficiário do golpe. Um canalha, como tantos outros que conspiram contra a democracia brasileira.

Por isso, as vozes mais progressistas e afinadas com o que há de melhor no Brasil começam a reagir. A CNBB já se manifestou contra o golpe. O MST e o MTST idem. As centrais sindicais realmente ligadas às históricas lutas do povo brasileiro, idem. Os partidos e lideranças políticas, personalidades do mundo artístico, como Chico Buarque e Gilberto Gil, entre outros, igualmente se manifestam contra o golpe disfarçado de impeachment. 

Não há neutralidade nessa luta. Quem está a favor do impeachment está contra os interesses do povo brasileiro, está contra as conquistas sociais e trabalhistas das últimas décadas; está contra as conquistas democráticas arrancadas com muito suor e sangue pelo povo brasileiro. 

Na outra trincheira estamos nós, os que defendem (defendemos) a democracia, o respeito ao resultado das urnas, as conquistas históricas do nosso povo. Não vamos aceitar que roubem os nossos direitos e as nossas conquistas no tapetão, num golpe paraguaio que vai transformar o Brasil numa republiqueta de oitava categoria.

Todos nós, que temos compromisso com o presente e com o futuro do povo brasileiro não podemos aceitar este golpe. O último golpe que deram, o de 1964, demorou 21 anos para que o povo reconquistasse seus direitos democráticos. Este de agora pode demorar muito mais, pois vai manter a fachada de uma falsa democracia orquestrada por esta mídia vendida e canalha, enquanto o povo será massacrado. É hora de resistirmos, de nos unirmos para impedir este golpe contra os nossos interesses, contra o povo brasileiro, enfim.


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Estudantes da Educação básica de SP deram uma aula pública para todo o Brasil. Pena que a mídia brasileira, golpista e canalha, só tenha espaço para detonar o governo federal e o Brasil. Mas, vamos resumir: o governo tucano de SP queria implantar uma reforma que previa o fechamento de dezenas de escolas públicas, o que causaria demissão de professores e demais educadores, além de obrigar a transferência dos alunos para outras escolas mais distantes. Os estudantes, assim como os educadores, não foram consultados. Só que dessa vez, os tucanos de SP, Alckmin à frente, deram-se muito mal. Milhares de estudantes ocuparam as escolas públicas do estado e decidiram não aceitar a tal reforma. O governo, como sempre, colocou a polícia para tentar resolver o problema. Não adiantou. Os estudantes resistiram, as ocupações aumentaram, ganharam força e apoio dos pais e das comunidades, ganharam as ruas, enfim. Como consequência, o governador de SP, derrotado nas ruas pelos estudantes, que enfrentaram bombas, prisões e tortura psicológica de toda ordem, foi obrigado a revogar a reforma. O secretário de Deseducação pegou o boné e pediu conta. Ficou esta lição, verdadeira aula pública para todos os brasileiros. É principalmente nas ruas, com grandes mobilizações, que os direitos dos de baixo serão garantidos, contra os interesses de minorias privilegiadas. Vivam os estudantes e educadores de SP! Abaixo essa mídia canalha que fomenta o golpe, se associa a ladrões e oportunistas que querem derrubar a nossa presidenta Dilma e impedir que o Brasil retome o crescimento econômico e as políticas públicas em favor dos de baixo.

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Impeachment contra a presidenta Dilma, eleita democraticamente pela maioria do povo brasileiro, com base em nenhuma acusação séria, é golpe. Não vamos aceitar. Ainda mais quando um ladrão apoiado pela mídia e os partidos da direita golpista - PSDB, DEM e PPS - são os articuladores desse golpe. Não passarão!

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Um texto novo, para não perder o hábito. E em forma de tópicos, para facilitar a leitura, já que cada vez mais as pessoas estão (estamos) sem tempo livre para leituras, entre outras coisas boas da vida.

Atualizando (24/11), sobre o piso dos educadores - Acabo de ler no portal do jornal O Tempo uma boa notícia: o governo, segundo o secretário de Planejamento de Minas, vai cumprir o acordado com os educadores e vai pagar o reajuste previsto pelo piso nacional. Se a informação se tornar realidade, o governo ganha pontos junto aos educadores e ao povo mineiro, que torce para que a categoria dos professores e demais profissionais da Educação seja finalmente valorizada. Vamos acompanhar. (Fonte: O Tempo)

Piso dos Educadores de Minas (23/11) - Já havia redigido o post abaixo e publicado quando soube que o governo de Minas estaria se recusando a pagar o reajuste do piso em janeiro de 2016. Inaceitável! Foi acordado entre as partes que finalmente o piso seria pago, após os 12 anos de desgoverno tucano. O governador Pimentel assumiu este compromisso em campanha e já no primeiro momento, após a sua posse, reafirmou este compromisso, que culminou com uma lei estadual garantindo abonos e reajustes até atingir a integralidade do valor do piso nacional dos profissionais da Educação. Não dá para voltar atrás agora, sob quaisquer pretextos. O piso salarial é um direito dos professores e demais educadores. Nenhuma outra lei, como a famosa Lei de Responsabilidade Fiscal, pode ser usada como argumento para não pagar o piso. Até porque esta lei não impediu que houvesse aumentos para outras carreiras, como as da segurança, as do judiciário ou do parlamento, que sempre tiveram aumentos e penduricalhos muito acima de quaisquer índices. Portanto, agora que os educadores se aproximam do objetivo de conquistar um direito, não se admite que haja retrocesso. A falta de grana em caixa também não pode servir de argumento. O governo tem um compromisso, uma dívida firmada com os educadores e se preciso for, que faça empréstimos junto à União ou a bancos internacionais; que venda a Cidade Administrativa; que corte nos penduricalhos de deputados, juízes e nas generosas verbas publicitárias de uma mídia inimiga do povo. O que não pode é deixar de pagar os salários dos professores tal como combinado, com os abonos e os reajustes pelo piso nacional. Nada menos que isso! A categoria terá todo o direito e apoio da população para não iniciar o ano letivo de 2016 caso o governo descumpra o compromisso firmado. Agora, se o governo cumprir o compromisso, como se espera, poderá dizer alto e bom  som que finalmente os professores estão sendo tratados com respeito em Minas, pelo menos no que tange ao pagamento do piso. É o que esperamos.

Terrorismo - Causou grande comoção mundial o atentado terrorista em Paris, ceifando a vida de dezenas de pessoas. Certamente que tais atentados são uma espécie de retaliação contra as práticas semelhantes ou piores até por parte dos governos de países como EUA, França, Inglaterra, entre outros. Claro que uma coisa não justifica a outra. Só não temos o direito de ser ingênuos e achar que de um lado estão os mocinhos do Ocidente com seus governos hipócritas, e do outro estão os bandidos do Oriente Médio. Nada disso. O contexto é o seguinte: o terrorismo de grupos muçulmanos - e não de todos os muçulmanos - é o resultado de muitos anos de terrorismo de estado praticado pelos governos ocidentais, que invadem e destroem nações inteiras, como aconteceu com o Iraque, ou como acontece agora com a Síria, ou antes ainda com a Líbia. Isto sem falar no caso da Palestina Ocupada, cujo povo vive cercado e humilhado por um exército, o de Israel, armado e bancado pelo Ocidente. Ora, a geopolítica do Ocidente, dos países imperialistas, quase não deixa outra alternativa aos povos daqueles países que não seja o de migrar-se para outras regiões, ou de responder na mesma medida com o terrorismo de que foram e continuam vítimas.

Um dia antes dos ataques em Paris, a capital do Líbano sofreu semelhante ataque de pessoas ligadas ao Estado Islâmico, provocando dezenas de mortos e feridos. Qual a repercussão deste ato na mídia mundial? Quase nenhuma. Beirute não é Paris. E um muçulmano libanês vale menos do que um cristão francês, pelo menos para a mídia do mundo Ocidental. Volto a dizer: não há ninguém dono da verdade nesta história.

Claro que nada justifica tirar a vida de alguém inocente, que não está diretamente envolvido num palco de guerra, como fizeram os terroristas que atacaram pessoas que se divertiam no Bataclan. Mas, os países ricos do Ocidente, especialmente EUA, França e Inglaterra fazem isso o tempo todo contra os povos do Oriente Médio e do Norte da África, entre outros. Em nome de uma conveniente luta pela democracia, dizem querer derrubar ditadores como Kadafi, Saddam hussein ou o atual presidente da Síria Bashar al-Assad. O pretexto é este: trocar ditaduras por democracias. Desde que estes ditadores não sejam amigos dos governos e empresas ocidentais. Caso da Arábia Saudita, que está longe de ser uma democracia aos moldes ocidentais, e mesmo assim jamais é criticada pelos governos ocidentais. A realidade é esta: quando os ditadores são amigos dos EUA e aliados, eles fazem vista grossa, como fizeram com Saddan Hussein, quando interessou aos EUA mantê-lo no poder para atacar o Irã. Depois que derrubaram os ditadores, o que foi feito destes países? Foram simplesmente destruídos, e não há qualquer resquício da democracia prometida; as tribos e seitas se matam diariamente, numa guerra interna fomentada pelo Ocidente, pois assim fica fácil manter o domínio estratégico das riquezas e dos territórios. A vida que antes era vivida em razoáveis condições, hoje se tornou insustentável, o que provoca migrações de enorme quantidade de pessoas, ou a adesão aos fanáticos religiosos.

A pergunta é: EUA, França e Inglaterra foram chamados a responder pelos estragos que eles causaram no Iraque, na Líbia, na Síria, no Afeganistão ou na Palestina Ocupada? Ou ainda: o que é este Estado Islâmico senão o filho mais original desta geopolítica ocidental?

Portanto, sejamos solidários com as vítimas dos atentados terroristas - seja na França ou na Rússia ou no Líbano - que pagaram com a própria vida pela irresponsabilidade de seus governos e das políticas que quase nunca os cidadãos comuns têm conhecimento ou aprovariam se soubessem o que fazem em nome deles. Ainda mais com esta mídia mundial - a exemplo da brasileira -, totalmente a serviço dos piores interesses das elites dominantes.

Por toda parte, seja no Brasil ou na França ou nos EUA, a população é enganada o tempo todo por esse complexo de comunicação privada que manipula as pessoas com informações focadas nos interesses desses grupos de rapina. Diante do terrorismo na França, ninguém questiona os motivos dos fanáticos para promoverem estes ataques. Falam logo em vingança, mais guerra, mais invasões de outros países, pois isto alimenta a indústria capitalista da produção de armas; isto garante o domínio geopolítico de territórios, tanto das riquezas minerais, quanto do controle das rotas para o abastecimento de fontes de energia como petróleo e gás.

Quando os EUA foram atacados em 11 de setembro de 2001, a mídia deu total cobertura aos planos bélicos do governo; toda a população aceitou o endurecimento, inclusive com a retirada de direitos e garantias individuais, além do aumento do preconceito contra outros povos, sobretudo contra os muçulmanos. Mas, nenhum colunista ou comentarista dessa mídia golpista questionou qual tem sido o papel das políticas imperialistas dos EUA no mundo, especialmente no Oriente Médio.

Ninguém questionou o papel dos EUA e países ricos da Europa de quererem invadir outros países, de impor modelos de economia e suposta democracia a outros povos, desrespeitando o princípio da autodeterminação dos povos e o respeito às diferenças culturais.

E é este clima de terror, de guerra interna, de enfraquecimento de governos ligados aos interesses da maioria dos povos, que se tenta impor ao Brasil, num trabalho sujo feito pela mídia e por políticos de quinta categoria, que se vendem por qualquer trocado para servirem aos piores interesses.

Insisto, voltando ao tema: o radicalismo extremista muçulmano - que representa uma minoria entre os seguidores do Islamismo - é a outra face da moeda cunhada pelos países ricos do Ocidente - seus governos e grupos empresariais multinacionais. Diferem somente nos métodos de terror: ao invés dos drones e aviões sofisticados com seus potentes mísseis, eles usam o próprio corpo para detonar as bombas. Cá como lá, as vítimas são as mesmas, pessoas inocentes, ceifadas no meio dessa guerra estúpida que envolve interesses escusos, sempre em benefício de minorias, lá como cá.

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A tragédia das barragens privadas - Todos nós ficamos consternados com a queda das barragens em Mariana - no subdistrito de Bento Rodrigues - cuja lama destruiu o local e adjacências, ceifou vidas, destruiu um rio inteiro, o meigo Rio Doce, e arruinou a flora e a fauna do entorno da área atingida. Nosso primeiro gesto é o da solidariedade às pessoas atingidas, que precisam ser assistidas, acompanhadas, ter garantia de sobrevivência digna; em seguida, exigir das empresas responsáveis todos os reparos às pessoas e ao meio ambiente. Mas, não podemos deixar de anotar algumas percepções. Reparem como a mídia trata a Samarco, que pertence a Vale, e que está associada a empresa estrangeira, com todo o cuidado do mundo. Imaginem se no lugar dessas empresas privadas - sempre apontadas pela mídia como o máximo em eficiência e seriedade e responsabilidade - fosse a Petrobras que tivesse causado esse estrago todo? Imediatamente a mídia golpista iria descarregar o seu ódio contra a nossa maior empresa, exigindo a sua privatização e dizendo que o setor público não serve para gerir empresas. E agora, José, quando as empresas privadas, inclusive a Vale, que foi doada no governo FHC para grupos privados, é que permitiram tais estragos? Onde está eficiência privada, hein colunistas amestrados da mídia golpista? Fato é que as mineradoras exploram as riquezas locais e deixam muito pouco, além do emprego, também pouco, como contrapartida. Lucram muito e tratam com pouca atenção problemas como o respeito ao meio ambiente e à vida humana.

Eu vejo as redes ferroviárias como outro péssimo exemplo de gestão privada. Cito o caso da minha cidade, Vespasiano. Quando a rede pertencia à União, antes que fosse doada por FHC para grupos privados, havia um trabalho permanente de capina em toda a extensão da malha ferroviária que atravessa a cidade. Hoje, não. Há um quadro de abandono. A única coisa que a empresa privada soube fazer foi cercar as passagens principais com muros e portões, inclusive a própria sede da estação, que antes era aberta à visitação de qualquer cidadão e hoje é propriedade exclusiva dos donos privados. Num prédio que já deveria ter sido tombado, se em Vespasiano houvesse alguma preocupação com a memória, com as poucas construções antigas, ou mesmo com o meio ambiente. Parênteses: os administradores locais tentaram várias vezes acabar com o Ribeirão da Mata, que atravessa o centro da cidade, e que poderia se constituir, com seu entorno, numa rica área ambiental, um lindo parque ecológico. Mas, se depender dos governantes locais, dos vereadores, o Ribeirão da Mata será cimentado, concretado e tapado para que passem caminhões por cima dele, matando a fauna e a flora existente. Já fizeram projetos para "fechar" o ribeirão e a sorte nossa é que os governos locais não têm recursos próprios para tal. E tomara que o governo federal jamais libere qualquer recurso para este fim. Precisamos cuidar das áreas verdes, plantar mais, preservar o que resta, e ampliar ao máximo os espaços ecológicos, se quisermos alguma qualidade de vida para as futuras gerações.

Mas, voltando ao tema, insisto: vejam como a mídia golpista trata a Samarco e comparem com o que ela faz contra a Petrobras, a mais brasileira das empresas, a que paga mais impostos (só em 2013 foram R$ 75 bilhões entre impostos e encargos sociais); a que gera mais empregos diretos e a que "puxa" os setores estratégicos da economia, como a indústria naval, de engenharia e da construção civil. O que aconteceu em Mariana é um atestado de irresponsabilidade de empresas privadas que querem lucros, apenas, e dão uma banana bem grande para o nosso povo - não têm sequer a humildade de se desculparem perante as vítimas daquela tragédia, tal a arrogância dessa gente. E para completar, eles financiam os deputados e governantes que deveriam zelar pelos interesses do povo mineiro e brasileiro, mas que cuidam, em primeiro lugar, dos próprios interesses e dos interesses das mineradoras. Está na hora da população mineira e brasileira conhecer mais de perto quem financia estes políticos que buscam os votos da população. Felizmente, graças ao STF (menos Gilmar Mendes), ao veto da presidenta Dilma e a uma maioria apertada no congresso nacional, a partir de agora está proibido o financiamento privado, empresarial, aos partidos e candidatos.

Que a tragédia em Mariana sirva de lição para todos: as empresas precisam ter mais responsabilidade com as pessoas. Quando vejo o prefeito de Mariana mais preocupado em salvar a Samarco do que garantir a segurança do seu povo, observo como os valores estão invertidos. Mariana tem um potencial de turismo, pela força da sua história, da sua cultura, que já deveria ter reduzido essa dependência da exploração das mineradoras que devolvem muito pouco para a cidade. E com isso poderia exigir mais dessas empresas, ou até fechá-las, caso não tomassem as medidas necessárias para evitar tragédias como a que ocorreu. E o Brasil deveria aproveitar esse momento para estabelecer um novo marco regulatório na exploração das minas, com muito mais zelo pela preservação da vida e do meio ambiente, além do retorno financeiro, que hoje é mínimo. 

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Operação Lesa-pátria - Para mim, reles cidadão brasileiro, a chamada operação Lava Jato deveria se chamar Operação Lesa-pátria, tamanho o prejuízo causado ao Brasil. O pano de fundo desta operação, pelo menos aparentemente, é o combate à corrupção. Um objetivo louvável. Mas, tal foi o esquema montado em torno desta operação - que ganhou ares de um estado paralelo, policialesco - que no final a coisa menos importante foi a corrupção ou as propinas que a operação conseguiu descobrir. Foi montado um verdadeiro circo em torno desta operação, com vazamentos seletivos - sempre contra o PT, Lula, Dilma - e numa montagem midiática que passou a falsa ideia para muitos brasileiros de que a Petrobras era um antro de corrupção. Sacudindo a poeira das manchetes, ou olhando as coisas no detalhe, sem a ideologização da mídia, o que se percebe? Que houve de fato uma prática de pagamento de propinas para meia dúzia de funcionários da Petrobras - num universo de 80 mil funcionários; que foram beneficiados ainda políticos dos diversos partidos - e não apenas o PT, como a mídia tenta vender - inclusive os partidos da oposição golpista: PSDB, DEM, PPS. Todos eles receberam ricas doações das empreiteiras que lucraram com as obras realizadas na Petrobras. Mas, reparem: as obras foram realizadas, e as propinas talvez tenham representado um ou dois por cento do montante investido nas contratações. Coisa que acontece em todo o Brasil. Claro que não justifica qualquer centavo de dinheiro desviado. O problema é que a operação lesa-pátria não estava atrás apenas desses recursos desviados - o que seria meritório. Nada disso. A Lesa-pátria buscou o tempo todo, amparada pela cobertura da mídia golpista, atingir a Petrobras, para enfraquecê-la, fazendo o jogo das petroleiras multinacionais. A Lesa-pátria causou grande desemprego ao inibir ou até impedir novos investimentos no complexo das indústrias de petróleo, naval e da construção civil - responsáveis, juntas, por 20% do PIB brasileiro, ou mais até. Na política, a Lesa-pátria foi instrumentalizada pela oposição golpista, blindando e arquivando qualquer denúncia contra os caciques tucanos e dando total foco às delações contra o PT e seus aliados. Além disso, a Lesa-pátria tem buscado desesperadamente atingir o ex-presidente Lula, a maior liderança popular do Brasil, gostem ou não dele. No futuro, saberemos com mais detalhe o que estava por trás desta operação, que abriu até mesmo os arquivos para os promotores dos EUA, loucos por processar a Petrobras, arrancar indenizações bilionárias e depois entregá-la para grupos norte-americanos. Alguém já imaginou algum grupo empresarial estratégico para os EUA ser atacado desta forma pelo FBI ou pela CIA ou pela justiça norte-americana? Alguém imaginou algum poderoso grupo norte-americano sofrer ação judicial por parte de um governo estrangeiro, com o apoio da justiça norte-americana? Só mesmo aqui, com esse complexo de vira-lata e mentalidade colonialista, que se observa esse servilismo da mídia, de parte da justiça, e da própria PF aos interesses das elites dominantes no Brasil e no mundo.

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Jogo de poder - Até hoje Aécio Neves não aceitou a derrota, e vira e mexe se alia aos golpistas que querem o impeachment da nossa presidenta eleita pela maioria do povo brasileiro. Desonra, com isso, o seu avô Tancredo Neves, que era um político conservador, de direita até, mas não foi golpista contra Getúlio Vargas ou contra Jango. A população mineira espera que Aécio aceite, enfim, a derrota, e assuma o seu cargo no Senado. Por outro lado, Dilma também não se deu conta de que foi eleita para dar continuidade aos 12 anos de gestão iniciada pelo PT, Lula e a própria Dilma. A presidenta colocou no ministério da justiça o Zé Cardozzzo, que não consegue sequer controlar a Polícia Federal, que é um órgão de governo. Em nome de um falso republicanismo, deram uma suposta autonomia à PF, que só tem feito ações sintonizadas com a oposição golpista e sua mídia. É o caso da Operação Zelotes, que começou bem, investigando grandes banqueiros, barões da mídia, empreiteiros, que sonegaram mais de R$ 20 bilhões de reais em impostos - quase 10 vezes mais do que o escândalo da Petrobras. A mídia, tão moralista e zelosa com os interesses públicos, escondeu esta operação; a justiça negou todos os pedidos de quebra de sigilo bancário ou de prisão preventiva - ao contrário do que acontece com a Operação Lesa-pátria, que o juiz Moro autoriza todas as prisões antecipadas, menos dos tucanos, claro. Pois bem: bastou a Zelotes apontar em outra direção, contra um dos filhos de Lula, que nada tinha a ver com a origem da operação, para que o caso tivesse total destaque da mídia.

Claro que o objetivo desta gente é atingir ao ex-presidente Lula. Quem é Lula, afinal? Um revolucionário, como Marighella ou Gregório Bezerra? Claro que não. Mas, também não é mais um político burguês como Aécio, Serra, FHC, que nunca tiveram nenhuma dificuldade de sobrevivência na vida, e estão sempre prontos para servir às elites dominantes em cada parágrafo do receituário escravocrata dessa gente. Lula é aquilo que o movimento social e as esquerdas conseguiram construir e formar após os 21 anos de ditadura civil-militar, quando os comunistas e demais revolucionários haviam sido massacrados. As principais lideranças antigas já haviam sido executadas - Marighella, Lamarca -, ou então ficaram distanciadas demais com o advento do exílio forçado - caso do Brizola, ou de Prestes. É importante para a esquerda brasileira e para o povo brasileiro que uma liderança surgida e afirmada no movimento operário, nas greves do ABC paulista, não tenha sido cooptada pela direita.

Com todas as limitações do projeto do PT, que nunca foi um projeto revolucionário, diga-se, mais as limitações impostas pelas circunstâncias de governar num estado burguês, apesar disso, Lula entendeu, pela sua origem de retirante nordestino e liderança operária, que era essencial desenvolver políticas públicas em favor dos de baixo. No governo, Lula, que nunca foi um revolucionário que desejasse combater o capitalismo, fez enormes concessões à direita: aos barões da mídia, aos banqueiros e ao agronegócio. É fato, e aliás, paga hoje um alto preço por isso, especialmente por não ter mexido no monopólio das comunicações. 

Mas, por outro lado, desenvolveu políticas públicas em favor dos de baixo que marcaram a nossa realidade. Isto também é fato e acho um absurdo pessoas que se dizem de esquerda não reconhecerem isso. Citemos algumas dessas políticas: o Bolsa-Família, que retirou da miséria e da fome cerca de 40 milhões de pessoas. Não dá para tratar como coisa pequena uma conquista dessa: 40 milhões de pessoas é o equivalente ou mais até do que a população de muitos países. Além disso, Lula desenvolveu política de aumento real no salário mínimo e investiu na geração de emprego e no fortalecimento do mercado interno. Outros milhões de pessoas foram alcançadas com essas políticas, embora estas pessoas não tenham sido alcançadas politicamente e acabaram entregues, na ideologia, de graça, aos braços da mídia golpista, que é de direita, neofascista. Este foi um dos graves erros de Lula e Dilma: a não politização das conquistas. Dilma continuou a obra de Lula com o Mais Médicos - 60 milhões de pessoas beneficiadas, nos rincões do Brasil, o que não é pouco -, o Pronatec, a fase 2 do Minha casa minha vida, com todas as limitações e equívocos desse programa. Um apartamentozinho de 40 m2 que não poderia custar mais que R$ 60 mil é hoje vendido por R$ 150 mil, para a alegria de empreiteiras, e para a tristeza da população pobre, que fica a depender de prefeituras que se habilitem a adquirir terrenos para baratear os preços dos imóveis. Dilma poderia ter feito muito mais com o que investiu no Minha Casa Minha Vida se tivesse se aliado aos movimentos dos sem-teto, mas preferiu deixar para o "mercado", que, claro, gera empregos e renda, mas cobra altas taxas de lucro.

Nem Lula, nem Dilma, eu disse, têm uma perspectiva revolucionária de governo ou de processo de transformação social, mas, diante da realidade que vivemos, ainda assim constitui um luxo para o povo brasileiro ter governantes como Lula e Dilma. Votarei nos dois novamente, se precisar, para afastar as figuras da direita que só sabem assombrar a nossa realidade, gerar arrocho salarial, desemprego, beneficiamento de grandes grupos empresariais, e nenhuma contrapartida para os de baixo.

Enquanto a esquerda brasileira, os movimentos sociais, não forem capazes de construir movimentos com força real junto ao povão, é preciso agradecer aos Céus por termos ainda lideranças como Lula, com a qual o povão se identifica e graças a isso a direita tem sido derrotada na disputa pelo governo federal nos últimos 12 anos. A direita já percebeu isso há muito tempo, e não é à toa que ela dedica páginas e mais páginas de revistas e jornais, diariamente, a atacar Lula e sua família, pois querem destruir não apenas a liderança política que Lula representa, mas querem destruir acima de tudo o simbolismo de um operário que foi capaz de chegar à presidência da república e desenvolver políticas públicas em favor dos de baixo, coisa que os representantes das elites jamais farão. 

Internamente, Lula e Dilma desenvolveram as políticas públicas que citei - em que pese este segundo mandato de Dilma tenha recuado para medidas de ajustes neoliberais. No cenário externo, o Brasil sob Lula e Dilma se aliou às melhores causas: defendeu a luta dos palestinos, a aproximação do Brasil com a África e com o Oriente Médio, o estreitamento das relações com os países da América Latina, e o não alinhamento à política imperialista dos EUA e dos países ricos da Europa. Não é à toa que após a chegada de Lula ao poder, juntamente com Chávez na Venezuela e os Kirchner na Argentina observou-se uma virada de quase todos os povos da América Latina para governos populares ou de esquerda. Daniel Ortega na Nicarágua, Evo Morales na Bolívia, José Mujica no Uruguai, Rafael Correa no Equador, e assim por diante. Em todos estes países, o mesmo cenário: enquanto o povão pobre obtém conquistas nunca antes alcançadas, a mídia e as elites se unem para atacar os governos populares. - Bolivarianos! Gritam alguns. - Vão para Cuba! Berram outros. Mas, fato é que as elites dominantes dos diversos países da América Latina sempre desprezaram os seus povos, e serviram aos interesses próprios, de seus grupos e familiares, empresariais e geopolíticos dos EUA e países ricos da Europa. Os ventos mudaram bastante nas Américas, apesar das ameaças que pairam sobre as nossas cabeças. Vivemos cercados de golpistas que têm o poder da grana, têm as emissoras de rádio e TVs nas mãos para contratar comentaristas que pensam com a mesma cabeça dos seus patrões e fazem a cabeça de gente despolitizada; temos um aparato estatal - policial, judiciário, legislativo - que serve aos de cima e raramente defende os interesses dos de baixo.

Apesar disso, as peças estão em movimento e nós não somos meros espectadores. Temos um papel a desempenhar, que possa garantir as conquistas alcançadas nos últimos anos e nas últimas décadas de muitas lutas; que possa aprofundar essas conquistas e impedir os muitos atos de retrocesso que este aparato burguês estatal tem tentado impor, via Câmara dos Deputados dominada por achacadores seguidores de Eduardo Cunha, demos e tucanos, e outros tipos. Eles têm a força do dinheiro e das armações golpistas; nós, se formos capazes de nos unir em torno de bandeiras comuns, dos nossos interesses de classe comuns, teremos a força do povo brasileiro. Que apesar do bombardeio terrorista mental midiático diário, resiste e sobrevive com um olhar próprio para as coisas e para as pessoas. Eles podem formar hordas de lobotomizados à semelhança deles, que são marcados pelo ódio, pelo egoísmo, pelo pessimismo, pelo derrotismo, pelo complexo de vira-lata; mas, jamais conseguirão corromper todo o povo brasileiro, sobretudo o povão simples, que se move pelo instinto de sobrevivência, de classe, de raça, de luta, independentemente das armações dos de cima. Viva o povo brasileiro! Viva Zumbi dos Palmares, herói do povo brasileiro, e o mês da Consciência Negra!

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


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