sábado, 18 de janeiro de 2014

Um retalho dos meus dias de férias

Um retalho dos meus dias de férias

Nestes dias de férias, que infelizmente se aproximam do final (pelo menos num dos cargos, snif, snif, snif) pude surfar lentamente pelas ruas da cidade e também pelas rotas virtuais. Navegar é preciso, dizia o poeta. Viver, também. Acabei por realizar uma breve e gostosa viagem num balneário mineiro. Minas tem inúmeras opções de turismo, mas não sabe explorá-las adequadamente. Cheguei a pensar em passar uns dias na Serra do Cipó, local onde, quando mais jovem, atravessava morros e cachoeiras sem qualquer receio. O maior risco que corríamos era encontrar um disco voador - coisa que um primo meu jura ter visto. Hoje, infelizmente, com a violência marcada pela cultura do consumismo, do uso e do tráfico de drogas, e da banalização da vida humana, não dá mais para se arriscar. Ainda mais desarmado. Mas, a Serra do Cipó continua sendo um pequeno paraíso, onde pretendo revisitar em outra ocasião, não agora.


Pensei também em Ouro Preto, como segunda opção. Nunca me decepciono quando por lá caminho, naquelas ruas de pedras e com aquele arranjo arquitetônico único, que nos remete a outros tempos. Das minas que abriram caminho para a interiorização e urbanização cultural do Brasil. Do talento sem igual de Aleijadinho e das histórias que se tornaram história com Tiradentes, os insubmissos "inconfidentes", os soluços dos versos de Dirceu. De Ouro Preto, portanto, a única coisa que se ouve de reclamação é contra as estradas que nos levam a este e a outros pontos turísticos de Minas. Pude sentir isso na terceira opção, Caxambu, que foi a que acabei escolhendo. Não é nem em relação ao asfalto, mas à imprudência de caminhoneiros, que agora ocupam as duas faixas, da esquerda e da direita, e tornam o trânsito super lento, além de arriscado. As placas, são poucas. Um turista de outro país teria dificuldade em encontrar qualquer lugar do Brasil, pois é péssima a sinalização indicativa dos locais.





Mas, por três doces dias pude navegar pelas ruas daquele tranquilo balneário, ficando hospedado no mais antigo hotel da cidade - parece que mais antigo do que a própria cidade. Ali, em Caxambu, onde estive poucos anos atrás participando de um dos congressos organizados pelo Sind-Ute, pude reviver momentos de prazer. O parque, maravilhoso, bem no centro da cidade, bem cuidado, com várias fontes de água mineral, abriga também o balneário, uma lagoa, uma piscina e muito verde. Desfrutei por vários minutos da hidromassagem que existe no belo prédio reformado. O retrato do chefe do executivo mineiro lá estava, na parede, logo na entrada do prédio. Reclamei do nosso piso, que não veio, e do minguado reajuste, que ainda também não veio. Mas, ele nada disse. Então, como o sol estava belo, e o dia prometia, e a hora do almoço se aproximava, baixei a guarda, por um instante, e mergulhei nas águas nada mansas da piscina. Uma massagem completa com duchas de água mineral me conduziu a outra estação, limpando meu corpo e salvando, em parte, pelo menos, minh'alma.

Os cafés das manhãs, recheados de delícias mineiras - pão de queijo, broa de fubá, bolos, queijos, além de sucos e frutas - davam aquele sabor inicial ao dia. Acordar com fome e sem nada para comer não é nada bom, mas é a triste realidade de muita gente ainda, mundo afora. Não carrego nas costas a culpa por esta realidade - já o fiz antes, confesso -, pois o meu poder para mudar esta realidade é mínimo; mas que daria para que todos vivêssemos e partilhássemos os frutos generosos da mãe Terra trabalhados por muitas e talentosas mãos, ah, isto sim, daria, não estivéssemos submetidos a este capital sistema. Temos este problema da partilha mal resolvida, que está ligado a este tipo de sistema sob o qual nascemos e morreremos - não tenho esperança de que as coisas mudem radicalmente nos próximos anos, pelo menos. Embora muita coisa esteja mudando rapidamente, sem que percebamos.



 
Após o café, uma caminhada pelo parque. Respirar o ar puro daquele parque deve ter limpado boa parte da poeira de Vespó acumulada nos poros no último meio século. Suava, respirava fundo, bebericava nas fontes de água mineral, contemplava os pássaros, no seu voo livre, sem fronteiras. Logo após, uma volta de charrete pela cidade, com o condutor e guia nos mostrando cada ponto e seus contextos históricos. Por Caxambu passaram reis, princesas, presidentes e agora, quando passamos nós, os de baixo, percebe-se que o nível melhorou. "Eles passarão, eu passarinho". No Brasil de Lula e Dilma, com todas as limitações, omissões, fraquezas e conciliações de classe, percebe-se que mais gente desfruta de hábitos que estavam antes reservados apenas aos ocupantes da Casa Grande. Os aeroportos estão mais cheios, e os shoppings, além da "nova" e numerosa classe média que veio de baixo, começam a ser ocupados pelos "rolezinhos" das periferias. Que viva a alegria e a riqueza cultural produzida pelos de baixo, que os de cima adoram se apropriar e registrar patente.

Hora de almoço. Como bom mineiro, controlado, professor-de-Minas, dinheiro sempre muito contadinho, tratei logo de comprar o pacote completo de hospedagem, que incluía a pernoite, o café da manhã, o almoço, o café da tarde e o jantar. Ou seja, o básico elementar para não me preocupar com mais nada. Mas não me arrependi. A comida do hotel é de primeiríssima qualidade. Degustei peixes assados e um frango acompanhado com quiabo que não devorava há um bom tempo. Saladas e massas e nada de regime nestes momentos poucos. A sobremesa, ah, a sobremesa, degustava devagar, vários tipos de doces: tortas, cremes, com ou sem calda, frutas cristalizadas. Um pedacinho do céu fora colocado ali na nossa mesa, e eu - e os que comigo estavam, pessoas queridas -, sem cerimônia, sem dor, ataquei (atacamos) sem dó e sem remorso.



 
Um cochilo no pós almoço, e em seguida uma caminhada pela cidade, visitando praças, ruas, e uma feirinha permanente, que as lembrancinhas para os parentes mais próximos não podem faltar. O café da tarde, pão de queijo quentinho, feito na hora, broa, bolo, e aquele cafezinho mineiro. A culinária de Minas é a melhor do planeta, garanto a vocês. Claro que não conheço a maioria das iguarias do planeta, mas posso assegurar que as de Minas, feitas aqui em Minas, inclusive quando se produzem pratos de outros povos, não perdem em nada para ninguém. As massas, os pratos italianos são mais gostosos quando feitos aqui, em Minas; a comida árabe - ah, o quibe, o tabule, o charuto, são bem mais saborosos quando feitos por descendentes e ascendentes de árabes (caso de parte da minha família) que aqui residem há mais tempo. E a nossa tradicional feijoada, com sua origem ligada à resistência dos escravos no Brasil colônia? (Origem europeia é uma ova! A feijoada tal como existe é nossa, e pronto!) Que delícia! A culinária ocupará sempre um capítulo especial na história de cada povo, incluindo a história de sua luta, da luta dos de baixo.

No jantar, novo momento de alegria e fartura. Em três dias e três noites, acho que comi o suficiente para os próximos três meses. Retornando ao bunker, a velha e boa dieta, meio que forçada pelo ritmo dos nossos dias, retornaria. Durante o dia, o calor estava forte, muito sol, que a gente resolvia ficando na sombra de alguma árvore, ou nos enormes e belos corredores do hotel, um casarão antigo, cujas paredes estampam as fotos de antigos visitantes, incluindo personagens do mundo político ou artístico. Eu colocava um boné, algum protetor solar (nem sempre) e caminhava pelas ruas tranquilas da cidade. Pensei em dar uma volta no teleférico, mas o pessoal que estava comigo não se animou ao ver o topo do morro que ele subiria. Durante a noite, os céus nos brindavam com leves gotas de chuva, que ajudavam a criar um clima agradável, fresco, aquele friozinho gostoso que só as noites de Minas conseguem proporcionar.




Ali, naquele circuito das águas minerais, mantive contato com o mundo através da internet. Minhas preferências estão cada vez mais limitadas aos blogs e sites alternativos, e nunca aos portais dos grandes (em negociatas e canalhices) meios de comunicação. Recentemente tomei a decisão unilateral de não mais visitar os endereços da grande mídia. E foi através dos blogs, e não da mídia das elites, que tive notícia sobre os "rolezinhos" que acontecem nos shoppings das áreas "nobres" de SP, quando grupos de pessoas da chamada periferia (que para eles é o centro) resolveram dar um "rolé" nestes locais, levando a ginga, a musicalidade, e os costumes. Essa gente do povo que não frequenta o shopping apenas para consumir, mas para ocupar um outro espaço que deveria ser de todos, acaba assustando a elite branca, rica, que vive num verdadeiro apartheid social e racial em relação aos de baixo. Chamam a polícia, cobram dos governos, como se estivessem ameaçados por aqueles "vândalos", tais como os romanos no seu império em decadência quando se referiam aos povos estranhos que ameaçavam suas fronteiras.

Shopping center, para mim, é um dos espaços que eu menos frequento. Prefiro as feiras nas ruas abertas, onde encontro gente comum, dos de baixo, que luta para sobreviver dignamente, e que costura o dia o dia ao sabor das nuances, dos cortes e retalhos que se vão produzindo coletivamente. É como acontece nas escolas, este espaço que deveria ser maravilhoso, dada à rica relação entre os trabalhadores da Educação e seus alunos e a comunidade em geral, mas que, infelizmente, tem se tornado um inferno em função das muitas práticas coercitivas, das muitas gestões punitivas, além das péssimas condições salariais e de trabalho, é óbvio.



Em breve, terminam as férias, e já de volta desta curta, porém prazerosa viagem, retomo à rotina. Já paguei todas as taxas do meu veículo 96 - no total, em torno de R$ 300, ou seja, mais até do que espero receber no dia 22 de janeiro, pela generosidade do governo de Minas, que promete pagar o reajuste acumulado de quatro meses (de outubro a dezembro mais o décimo terceiro). Para quem tem um cargo, deve dar uns R$ 200 e poucos reais, o equivalente a uma diária de um quarto do hotel onde fiquei. 


Na volta para casa, o trânsito infernal, de uma opção burra dos nossos governantes pelo transporte de cargas rodoviário, ao invés do ferroviário; e pelo transporte individual de pessoas, ao invés de um transporte coletivo de qualidade. Corrijo-me: não se trata de uma opção burra, o que seria até um elogio para eles. Trata-se, ao contrário, de uma opção lucrativa, que beneficiou, e muito, a alguns, prejudicando a maioria. É sempre assim, quando a lógica predominante não é o interesse comum, mas os privilégios de alguns poucos. Nisto, o mundo ainda não mudou nada. Mas vai mudar, podem apostar.

No mais, para completar, quando chego em casa, no meu bunker, descubro que estava totalmente sem telefone e sem internet. Ninguém merece! E olha que as contas estão pagas. Liguei para a operadora Oi e no dia seguinte recebo um telefonema dando conta de que um fio, lá na central, estaria desligado, provocando o problema. Mas ainda continuo sem internet, já que o modem parece que estragou. O que significa que nos próximos dias estarei com a internet lenta, até que resolvam trocar o modem do velox. Uma porcaria estas operadoras que atuam no Brasil, sem fiscalização adequada, com preços salgados, atendimento ao público inadequado - a gente fica meia hora ouvindo uma voz gravada mandando a gente optar por duas dezenas de situações, quando seria muito mais simples se uma telefonista atendesse diretamente e tivesse autonomia para resolver os problemas. É esta a "eficiência" da privatização neoliberal: serviços de péssima qualidade, caros e péssimo atendimento. Viva o serviço público de qualidade para todos!

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Estou de férias, mas não estou surdo...


Estou de férias, mas não estou surdo...

Como anunciei aqui no blog no post anterior, estou de férias. Cheguei a pedir um tempo à luta de classes. Mas é impossível ficar alheio a tudo e a todos, mesmo estando de férias. Hoje pela manhã, dia 02 de janeiro de 2014, ouvi os comentários dos jornalistas da Rádio Itatiaia na tal Conversa de Redação. É sempre bom lembrar que a Itatiaia, como as demais emissoras de rádios e TVs, é uma concessão pública, devendo, portanto, ter sempre maior zelo com aquilo que divulga para a população. Não resta dúvida que, no geral, a Itatiaia presta bons serviços à comunidade. Mas, quando resvala para a política, em geral ela é partidária, pró-tucana, como acontece com 100% dos grandes meios de comunicação do Brasil.

Hoje, contudo, a conversa que ouvi fugiu um pouco, pelo menos, à esta lógica partidária. Mas acabou se enveredando por uma estranha prática jornalística. Inicialmente, a jornalista Camila Campos fez uma pergunta direta, objetiva, cristalina ao jornalista Eustáquio Ramos, sobre um atropelamento envolvendo supostamente um major que supostamente estaria embriagado (o supostamente é sempre por minha conta e risco, tá gente), e que supostamente teria sido protegido pela corporação militar, sob a alegação de que ele supostamente estaria em estado de choque e supostamente poderia ser linchado pela comunidade. 


A repórter fez a pergunta sem os "supostamentes" que mencionei esperando igualmente ouvir uma resposta direta do jornalista Eustáquio. Este, por sua vez, deu tantas voltas, fez tantos rodeios, que eu fiquei até tonto, sem nada ter bebido, e achei que ele fosse parar no Japão. Falou sobre os problemas de trânsito de Minas, do Brasil e até da humanidade inteira, mas não tocou uma linha sobre o caso concreto indagado pela jornalista. Por que será? Que tipo de jornalismo é este, que você pergunta uma coisa e a pessoa responde outra? Não o conheço pessoalmente, e mesmo assim tenho a impressão de que se trata de uma pessoa jovem, de bem, esforçada, bem intencionada, bom de serviço - bom profissional, enfim -, mas que precisa tomar cuidado para não assumir os vícios que eles tanto criticam nos políticos brasileiros.

Coube ao jornalista Eduardo Costa, com sua proverbial diplomacia, tocar na ferida de forma leve, sem desagradar aos envolvidos, mas cobrando atitude da PM, que não pode ter dois pesos e duas medidas. Coube também ao Eduardo Costa fazer uma corretíssima crítica aos deputados federais mineiros, que têm faltado às reuniões agendadas nas comissões do Congresso Nacional. Segundo Eduardo, com base no Transparência Brasil, a média de falta dos deputados mineiros é acima da média nacional, que, diga-se, já é altíssima: quatro faltas para cada 10 reuniões.

Faltou ao jornalista Eduardo Costa ir a fundo na boa prática jornalística e perguntar - e cobrar, inclusive! - se estes deputados não têm os salários cortados em função destas faltas. É claro que não têm, e que devem até receber honorários e extras, ficando tudo por isso mesmo. Bem diferente da realidade de um trabalhador comum. Nós, educadores, por exemplo, quando faltamos um dia, até mesmo para participar de assembleias da categoria, temos este dia cortado. O governo de Minas não está preocupado com a reposição de aulas, ou com a qualidade do ensino coisa alguma. Ele quer mesmo é que se garanta o imediato corte de salário de quem falte ao trabalho, ainda que para participar de paralisações legalmente previstas na Carta Maior do país - ou seja, falta justificada. Qualquer outro trabalhador brasileiro, se faltar de forma injustificada (o caso dos deputados) toma corte de salário. E olha que, ao contrário dos deputados e vereadores, trabalhador comum tem que trabalhar todo dia, cumprir jornada, bater cartão ou assinar livro de ponto pessoalmente. Taí uma coisa que deveríamos cobrar dos parlamentares brasileiros.

Na sequência, o jornalista Eustáquio Ramos mencionou o caso Renan Calheiros, que teria usado um avião da FAB e, como fora descoberto, terá que devolver o dinheiro deste uso indevido - usou para fazer transplante de cabelo, e não para prestar algum serviço para a população. A crítica do jornalista Eustáquio Ramos é justa, merecida, e na minha modesta opinião aquele senador já deveria ter sido cassado há muito tempo. Ele e mais um bom número de senadores que nada fazem, alguns até "eleitos" sem que tenham recebido um único voto sequer. Minas tem dois senadores nesta condição - um deles envolvido no mensalão mineiro dos tucanos, aquele mensalão que aconteceu seis anos antes do chamado mensalão do PT, mas que até hoje dormita nas gavetas dos tribunais de justiça de Minas e do STF. E que teve tratamento desigual em relação ao do PT por parte do STF: no caso do mensalão mais antigo, dos tucanos, o STF dividiu o processo, e assumiu apenas as partes que envolvem autoridades que devem ser julgadas diretamente pela suprema corte. Já no caso do PT, ao contrário, todos foram julgados em primeira e última instância pelo STF. Cumpriu-se um ritual político, de exceção, com a Globo reproduzindo o julgamento ao vivo para todo o Brasil, com comentaristas fazendo torcida, em plena época de eleição. Enquanto isso, o caso mineiro e tucano, anterior ao mesmo caso de caixa dois do PT (e de tantos outros casos de caixa dois, todos impunes), continua impune. Que justiça é esta, e que jornalismo é este, que adotam sempre dois pesos e duas medidas para casos semelhantes?

E já que falaram no caso do avião da FAB envolvendo o indefensável Renan Calheiros, seria bom lembrar também de um outro caso que anda "esquecido" pela mídia: o helicóptero dos perrelas. Quem nos lembrou disso foi o Blog Diário do Centro do Mundo, que recomendo a todos, juntamente com outros blogs e sites: Viomundo, Blog do Miro, Blog do Melo, Escrevinhador, O Cafezinho, GGN de Luis Nassif e tantos outros que agora não me recordo. Como foi inicialmente divulgado pela grande mídia (acho que até mesmo a Itatiaia divulgou este dado), o helicóptero era abastecido com dinheiro público, ou seja, com as verbas indenizatórias que os deputados recebem para prestar serviços à população mineira. Além disso, o piloto era funcionário da assembleia legislativa de Minas. O tal helicóptero, de propriedade dos perrelas - o pai senador, o filho deputado, ambos amigos do rei de Pasárgada, digo, de Minas - carregava 500 quilos de cocaína. Não estou falando de 50 gramas, não, mas de meia tonelada, e a mídia (não só a Itatiaia, justiça se faça) mas TODA A MÍDIA nacional simplesmente conseguiu desaparecer com o helicóptero, com os 500 quilos de cocaína, com as fazendas envolvidas, com tudo, enfim.

Ahhh, que canseira me dá! A gente fala dos políticos em geral, de sua prática de cretinice, marcada por todo tipo de privilégios e vantagens e falcatruas, mas às vezes nos esquecemos de citar uma das principais fontes do mal no Brasil: a grande mídia. É ela quem diariamente destila ódio contra os programas sociais para agradar as elites que não aceitam ceder um milímetro dos seus privilégios; é ela quem acoberta alguns políticos e suas práticas, enquanto escancara na crítica a outros políticos, alguns nem sempre merecedores destas críticas. Esta mídia (já não falo aqui apenas da Itatiaia, repito, que até presta bons serviços para a população) que participou do golpe civil-militar de 1964, que derrubou o presidente constitucional João Goulart, que detinha, segundo pesquisas, um dos mais altos índices de popularidade e aprovação do povo brasileiro - como nos relembra o autor do Blog O Cafezinho. Foi derrubado um governo eleito constitucionalmente, apoiado e amado pelo povo, que pretendia fazer reformas sociais de base em favor do povo pobre, e que fora derrubado em grande parte pela mídia golpista, financiada por interesses escusos. As tropas militares só fizeram o serviço sujo do golpe que as elites endinheiradas planejaram e organizaram. Hoje, a gente vê estas mídias reproduzindo feito papagaios aquilo que é articulado pela direita mais golpista, como a revista Veja, a rede Globo, a Folha de São Paulo, todos estes meios, partes integrantes de um grande esquema de manipulação e golpismo.

Hoje, esta mesma mídia faz de tudo para derrubar a presidenta Dilma, que, com todos os defeitos - inclusive aquele que citamos sempre aqui, da omissão em relação ao ensino básico - ainda é a melhor alternativa viável no quadro atual. Houvesse uma alternativa mais à esquerda, com reais chances de se eleger e eu não pensaria duas vezes em apoiar. Mas, tirar a Dilma e entregar o governo para quem? Aécio? Eduardo Campos? Marina Silva? Joaquim Barbosa? - todos eles protegidos da Rede Globo e das elites mais atrasadas do país? Me poupem! 


É votar na Dilma novamente e pressioná-la para que ela assuma de fato o governo e os poderes que lhe foram conferidos por milhões de eleitores. Entre estes poderes, o de indicar bons ministros para o STF - ministros comprometidos com os de baixo, e não pessoas elitistas, que se deixam pautar pela mídia, como os Fuxs da vida. Além disso, deve a presidenta ter peito para fazer uma auditoria na dívida interna, que consome boa parte dos recursos públicos em favor de banqueiros e outros grandes agiotas nacionais e internacionais. Este dinheiro da dívida deveria ser aplicado na Educação básica, para pagar melhores salários aos professores e demais educadores (federalizando a folha de pagamento dos educadores); na Saúde Pública, para melhorar o atendimento no SUS, reforçando também o Mais médicos; investir também na mobilidade urbana, com tarifa zero para a população, que tem o direito de ir e vir. Mesmo que seja através de um plano a médio prazo, que primeiro incorpore os desempregados, os estudantes, as pessoas com deficiência e os idosos, até alcançar a todos. Mais recursos precisam ser investidos também na construção da casa própria, para a população de baixa renda. Atualmente, a especulação provocada por interesses privados de poucas construtoras e de alguns governos faz com que as moradias custem quatro ou cinco vezes mais do que realmente deveriam custar.

Enfim, eram estas as breves notas de um cidadão comum em pleno gozo de merecidas férias, que está em descanso, mas não ficou surdo...

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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