quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ah, que canseira me dá esta mídia medíocre e serviçal dos piores interesses...



Ah, que canseira me dá esta mídia medíocre e serviçal dos piores interesses...

Não vou citar nomes, nem datas, nem locais, para não dar margens a processos judiciais, que se tornaram rotina por parte de figuras que buscam calar as vozes impertinentes. Portanto, os fatos e versões que estão por aí, nos ares, para quem quiser vê-los, não passam de ficção. Este texto, inclusive.


Diariamente somos bombardeados, terroristicamente bombardeados, por comentaristas cretinos da mídia mineira e nacional, que buscam retaliar – o termo está em voga – as realidades, os fatos, e apresentá-los como se fôssemos imbecilizados como eles o são. Julgam-nos pela mesma régua e compasso que se aplicam a eles, e não a nosotros.

Nem meia tonelada de pó branco seria suficiente para limpar os olhos desta mídia serviçal dos de cima. Ah, se fosse com o PT, a manchete de capa seria: quadrilheiros do PT estão envolvidos também com tráfico de drogas. Como se trata de gente ligada ao esquemão de poder que banca esta mídia, procura-se aliviar a barra, a culpa já é do mordomo, não precisam nem apurar coisa alguma. Aliás, no tal mensalão do PT, a última coisa que fizeram foi apurar os fatos, pois tudo já estava escrito: a culpa era dos dirigentes do PT e pronto.


Longe de mim querer defender o PT, partido que considero covarde, fraco e conciliador demais para meu refinado gosto. Jamais fui militante do PT, justamente por não concordar com seu viés conciliador, candidato eterno a se tornar o bom moço pobre da Casa Grande. E sempre rejeitado pelos de cima, que não aceitam o lado “social” do PT, aquele, do Bolsa Família, do Pro Uni, do Minha Casa Minha Vida, do Mais Médicos, entre outros programas que amenizam e muito o sofrimento, a vida danada da maioria pobre da população brasileira. 


A nossa elite da Casa Grande não aceita concessões para a senzala. Ela é atrasadíssima, recalcada, ressentida, mal amada. Não aceita ter perdido a presidência da República para um operário, ainda que este operário não seja exatamente o melhor modelo de uma concepção classista, ou seja, para o bom entendedor, um operário meio que bundão, que luta pelos de baixo, mas que faz de tudo para agradar aos de cima.


Nos últimos dias, o principal partido da direita brasileira, cujo nome não preciso citar, todos já sabem, foi pego com calças curtas. São evidências e denúncias documentadas de envolvimento com propinas e outras falcatruas mais que envolvem meio R$$$$ bilhão de reais, no mínimo. Dos fiscais da prefeitura da mais rica cidade do Brasil, até um tal de Trensalão, que teria atravessado três ou quatro  governos daquela legenda, no também mais rico estado do Brasil. Ah, se fosse com o PT. O assunto seria exaustivamente explorado, cada detalhe de uma novela sem fim seria exibido em horário nobre, como aconteceu com o mensalão. 


Contudo, como se trata de pessoas ligadas aos queridinhos das elites cretinas que dominam o Brasil há séculos, o tratamento é outro.  A mídia golpista serviçal dos piores interesses consegue esconder estes fatos, e o que pior, tem tentado colocar no colo de outro bundão, o atual prefeito de SP, a culpa de tudo quanto aconteceu em duas décadas de governos, quando o PT era oposição. Ou então desviar o foco e jogar a culpa pra cima de outro não menos bundão, que atende pela condição de ministro da justiça de um certo país. Só esclarecendo para os menos avisados: "bundão" não é aquele que tem nádegas grandes, mas o tipo vacilante, conciliador, covarde, incapaz de enfrentar de frente os inimigos.
 
De certa forma, o PT tem a sua culpa nisso tudo. Pela omissão, pela conciliação de classe, e até mesmo pelas escolhas. Foi o PT quem indicou os principais carrascos do próprio PT no STF, incluindo o agora herói da direita brasileira, que atende também pelo nome de Batman. O tal, maldosamente, orquestrou a prisão num feriado nacional de figuras conhecidas do partido da Dona Dilma e de seu Lula, com ampla e espetaculosa propaganda midiática. No post anterior já dissemos que esse papo de que o "mensalão" teria sido o maior escândalo da história da humanidade, como a mídia tenta vender, é mero papo furado. Milhares de outros escândalos e roubos e desvios e caixa dois e três e quatro, muito piores, estão impunes. E vão continuar assim, pois os seus autores são os donos do país. 


Mas para a nossa mídia, os "mensaleiros do PT" são os maiores bandidos do Brasil e do mundo, tudo por conta daquele esquema de caixa dois de campanha, que nasceu em Minas, bem antes, e continua impune, e ficará impune, já que é a grande mídia quem decide quem são os culpados, os inocentes, os mocinhos e os bandidos. Aos juízes – com raras e honrosas exceções -, cabe a tarefa de dar a sentença pautada pela mídia. Esta é a nossa democracia, baseada nos prejulgamentos de uma mídia dominada por poucas famílias e um judiciário (com exceções) que se curva à opinião publicada e produzida pela mídia.


O problema é que boa parte da população que não tem outra fonte de informação – ainda bem que a Internet está quebrando este monopólio – pauta-se, igualmente, por este espetáculo diário de mentiras e falsidades. A rigor, os principais órgãos de comunicação se fartaram com as verbas do tal desvio que o mensalão teria provocado. Vocês sabiam disso? Sabiam que os tais R$ 73 milhões que teriam sido desviados do Banco do Brasil, eram na verdade, segundo documentos que circulam pela Internet, recursos privados do cartão Visanet, usados para pagar publicidades, que foram parar no bolso de quase todos os grandes órgãos de comunicação do Brasil, incluindo os de Minas? Pois é. Mas eles não dizem que se fartaram dos recursos que se tornaram pretexto para colocar na cadeia os dirigentes do PT e de outros partidos. Ah, isto eles não noticiam. Quem são os quadrilheiros, afinal?



O gozado mesmo foi a notícia do suposto rapto de uma criança, que inicialmente teria sido sequestrada por pessoas identificadas como “chineses”. Rapidamente os comentaristas de uma rádio local se apressaram em culpar o mau funcionamento das câmeras de BH. Hahahahaha! Façam-me rir! São ridículos estes caras. Depois se descobriu que foi a própria mãe da criança, talvez deprimida, segundo o marido, que negociara a doação e simulara um sequestro. Não vem ao caso, aqui, analisar e prejulgar o infeliz ato da tal senhora. Mas os nossos comentaristas locais, sem qualquer dado de análise, foram logo prejulgando e colocando a culpa na PM (vejam: na PM, e nunca, jamais, no governador, nem no ex, claro, que estão acima do bem e do mal) e nas câmeras que não funcionaram. 


Já no caso da meia tonela de cocaína encontrada num helicóptero de propriedade de políticos ligados ao grupo que domina o poder num certo estado-país da federação, o tratamento foi outro, com luvas de pelica. Primeiro, coube ao portal do jornal que avoca a condição de ser o maior dos mineiros, arrancar a afirmação de um delegado da PF, que antes mesmo de qualquer investigação, teria declarado que a princípio os tais donos do helicóptero não têm qualquer envolvimento. Tá bom, tudo bem. Sem apuração, investigações, não dá mesmo para culpar ninguém, mesmo havendo esta coincidência do seu carro estar sendo usado pelo seu motorista particular para transportar drogas. Que culpa você haveria de ter, afinal? Em princípio, até prova em contrário, nenhuma.


Mas, com os “mensaleiros” do PT a história foi diferente. Muito antes de serem julgados pela instância máxima da justiça, já estavam condenados pela mídia: “mensaleiros”, “quadrilheiros”, “bandidos”. Dois pesos, duas medidas. É o mesmo que fazem também agora contra os “baderneiros” do Black Bloc e de outros grupos e movimentos sociais. Para esta mídia a serviço dos piores interesses, todos eles não passam de baderneiros, vândalos, bandidos que ameaçam a ordem e a santa propriedade privada de alguns poucos, incluindo aí os privilégios que foram acumulados ao longo de muitos anos de grandes e repetidas nebulosas transações.



Não passam, estes traficantes da notícia, com as devidas vênias e exceções, de cínicos, cretinos, serviçais dos de cima. Não se envergonham disso, pois sabem que cumprem este papel, são bem pagos para isso, para ficarem martelando na nossa orelha, 24 horas por dia, ditando valores e conceitos e preconceitos e normas que servem apenas aos interesses dos de cima, aos quais eles precisam bajular para manter o padrão de vida que “conquistaram”. Triste sina a destes infelizes.



Até quando os de baixo vão tolerar esta real bandidagem dos de cima, não se sabe. Mas, presume-se, com base na história da humanidade, que a paciência, até mesmo do nosso pacato povo – pacato, segundo a versão oficial – tem limites. E cuidado, amigo leitor, com o que ouve e com o que lê diariamente. Eles estão te enganando! Não seja mais um repetidor destes palhaços (com o perdão dos verdadeiros e dignos artistas circenses). E termina aqui, mais um capítulo da nossa novela-ficção.


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


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sábado, 16 de novembro de 2013

Remando contra a maré...

Remando contra a maré...

O Brasil inteiro assiste, desde ontem, dia 15, dia da chamada proclamação da república (estamos distantes de uma república verdadeiramente democrática), a coincidente ordem de prisão de vários personagens ligados ao chamado "mensalão". Tenho alguns comentários a fazer sobre tal tema, e também sobre a atitude do STF, comparando a ação deste órgão com outros casos e também com o nosso caso - nosso, dos educadores de Minas e do Brasil.

O chamado mensalão teve origem em Minas Gerais, com políticos e empresários ligados ao esquema de poder dos tucanos, e o no hall adquirido neste esquema foi transferido em parte para integrantes do governo do PT. Em linhas gerais, trata-se da conhecida prática de caixa dois de campanhas eleitorais, coisa moral e politicamente equivocada, mas que faz parte da vida política da "república" brasileira, desde muitos e muitos anos. Em cada esquina deste país, é difícil encontrar um político profissional ou um empresário que não tenha, de alguma forma, participado de algum esquema de caixa dois. Por isso considero hipocrisia, cinismo e falso moralismo atribuírem ao esquema chamado "Mensalão" a condição de "maior escândalo da história do Brasil".

A grande mídia, com o histórico de golpismo que lhe é peculiar, e ligada aos piores interesses contra o povo pobre do Brasil, há oito anos faz um carnaval sensacionalista em torno do tema, sempre dando foco aos ex-dirigentes do PT, como José Dirceu e Genoíno, tentando claramente envolver o governo federal e desbancar a liderança do PT na disputa pelo Palácio do Planalto.

É certo que o PT tenha a sua culpa nesse processo todo, tenho dito isto aqui. Foi conivente com as práticas que criticara em outra época; conciliou com a direita fisiológica em quase tudo; foi omisso em relação ao monopólio da mídia que se mantém criminosamente nas mãos de poucas famílias - todas elas a serviço dos piores interesses. A democracia brasileira não merece este nome enquanto não houver uma real democratização dos meios de comunicação - e nisso o PT pouco contribuiu para alterar.

Mas, daí a aceitar que o PT seja o único ou o principal protagonista do "maior escândalo de corrupção" do país vai uma grande distância. Dezenas de outros grandes casos de corrupção e desvios de dinheiro público, praticados por lideranças políticas de outros partidos, e envolvendo grandes empresários e outros tipos, continuam impunes. Só para citar alguns casos notórios: o mensalão mineiro, a privataria tucana, o propinoduto em SP, a compra de votos para a reeleição de FHC, entre muitos outros casos.  Nenhum deles recebeu o mesmo tratamento, tanto por parte do STF quanto por parte da mídia, que foi dispensado ao caso do mensalão ligado a ex-dirigentes do PT. Por que será?

Mas chamo a atenção também para a atitude coincidente do presidente do STF, que despachou as ordens de prisão em pleno dia 15 de novembro, quando o processo sequer havia sido encerrado no próprio STF. E me lembro aqui do nosso piso salarial, dos educadores, que o STF primeiro suspendeu de forma liminar, e depois, apesar de haver dado ganho de causa para os professores, jamais tomou qualquer atitude para fazer cumprir a sua decisão. Dois pesos, duas medidas. No caso do julgamento político do mensalão, o presidente do STF se apressou em querer fazer cumprir a decisão tomada pelo STF, mesmo ainda antes de haver "transitado em julgado", para usarmos o juridiquês da Corte brasileira. Já no caso do piso salarial dos professores e demais educadores, quando governos como o de Minas burlaram descaradamente a Lei Federal e a decisão do STF, nada aconteceu contra tais governantes, incluindo, justiça se faça, um governador do PT do RS, que também descumpriu a norma federal.

E para não fugir ao tema inicial e justificar o título que dei ao post, indico ao final do texto um link que contém um vídeo, segundo o qual, a principal denúncia do mensalão estaria sustentada numa farsa. São os tais R$ 73 milhões da Visanet, que supostamente os acusados teriam usado para comprar deputados. De acordo com o STF, trata-se de recursos públicos desviados para fins ilícitos. Mas o vídeo citado tenta mostrar que não houve desvio algum, que estes recursos eram privados - e não públicos -, e que teriam sido usados para pagar os serviços de publicidade para divulgação do cartão Visanet, por parte do Banco do Brasil. A maior beneficiária destes recursos, aliás, segundo o vídeo, teria sido a própria Globo. Uma perícia paralela teria sido realizada para provar que os recursos citados foram de fato aplicados na mencionada campanha de promoção da Visanet. Afinal, quem tem a razão? Em quem acreditar, num país cujas instituições são quase sempre pautadas pela grande mídia, que é dominada por poucas famílias, a começar pela TV Globo, confessamente envolvida com o golpe civil-militar que derrubou o presidente constitucional João Goulart em 1964. 

Aliás, é curioso que justamente neste mesmo dia 15 de novembro, quando a presidenta Dilma prestava merecida e tardia homenagem ao ex-presidente deposto Jango - cujo corpo foi exumado recentemente, com a suspeita de envenenamento quando este se encontrava exilado -, justamente nesta data, a mídia transfere todo o foco para as "prisões do mensalão do PT", orquestrada pelo novo herói da direita brasileira, o presidente do STF.

Ah, não dá para contemplar esta paisagem em silêncio. Que a população não se deixe enganar pelas aparências e pelos setores golpistas, que querem, em nome do mesmo falso moralismo que servira de pretexto para derrubar Getúlio e Jango, simplesmente destruir qualquer possibilidade de políticas sociais que favoreçam a maioria pobre sempre excluída.  O Brasil precisa mudar, mas não para cair nas mãos da direita golpista.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

Link indicado: www.ocafezinho.com/2013/09/24/dinheiro-da-visanet-foi-pra-globo/


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Frei Gilvander:

Uma ode à intolerância - AMALOU e ABRASEL-MG e suas orientações em relação à população em situação de rua

Por Pedro Paulo Gonçalves e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro

No dia 02 de outubro de 2013, o jornal O Estado de Minas veiculou matéria intitulada “Bairro de Lourdes tenta evitar presença de mendigos”, que versa sobre o posicionamento e ações empreendidas pela Associação dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou) e pela Associação de Bares e Restaurantes de Minas (Abrasel, MG) em relação à presença da população em situação de rua no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte.

As ações empreendidas com o aval das associações ilustram e reforçam o modo extremamente agressivo e intolerante por meio do qual a população em situação de rua é vista e tratada por parte da sociedade brasileira. O título da matéria já começa com um tom injurioso e difamatório, o que contribui para legitimar as ações empreendidas por aquelas associações e, ademais, reforçar o preconceito embutido na palavra mendigo, se considerarmos sua origem etimológica: pessoa que possui algum defeito e que, por essa razão, é considerada inapta ao trabalho. A palavra é derivada do latim mendum e traz consigo a ideia de “defeito”, “vício”, que, inerentes à pessoa, precisam ser corrigidos, eliminados. (Para ler todo o texto, clique aqui).

O déficit habitacional cresce e com ele as Ocupações

Gilvander Luís Moreira

A especulação imobiliária está crescendo e com ela, o déficit habitacional e, conseqüentemente, as ocupações urbanas.

Políticas habitacionais populares estão quase só em discursos e vãs promessas. Somente na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, já são mais de 25 mil famílias em Ocupações urbanas, umas planejadas e outras “espontâneas”. Direitos fundamentais, como o de morar com dignidade, estão sendo violados. Somente em quatro ocupações estão cerca de 12 mil famílias: 4 mil famílias na Ocupação William Rosa, em Contagem, MG; 4.500 famílias na Ocupação Vitória; 2 mil famílias na Ocupação Esperança; e 1.500 famílias na Ocupação Rosa Leão. Essas três na Região do Isidoro/Granja Werneck, em Belo Horizonte, com 8 mil famílias. (Para ler todo o texto, clique aqui).
 

sábado, 2 de novembro de 2013

Os supersalários de Minas, país que se recusa a pagar o piso dos professores...


Os supersalários de Minas, país que se recusa a pagar o piso dos professores...

Minas Gerais, outro país, não paga sequer o piso salarial nacional dos educadores da rede estadual, mas é generoso com alguns setores do serviço público. TCE, TJMG, PGE, além do Legislativo, são órgãos cuja média salarial está muito acima daquela que se paga aos profissionais da Educação. Não há qualquer isonomia, inclusive em relação aos planos de carreira, que têm estrutura comum a todos os servidores do estado, menos para os educadores, para os quais as regras foram pioradas, a ponto de praticamente igualar a remuneração entre iniciantes e antigos servidores - dois salários mínimos de piso e de teto, por cargo, para todos os professores.

A mesma Procuradoria Geral do Estado, que foi contra a greve dos educadores em 2011 e se colocou a favor do governo na questão do piso salarial - governo que, de forma descarada, burlou a Lei federal 11.738 -, pelo visto, não demonstra qualquer acanhamento quando se trata de editar regras, que, de acordo com o promotor de Defesa do Patrimônio Público Eduardo Nepomuceno, podem ter privilegiado alguns servidores apostilados.

Enquanto servidores do Legislativo de Minas, do TJMG, do TCE e da PGE - além da PM de Minas - têm tratamento diferenciado, com vencimentos bem mais condizentes com a complexidade das suas respectivas funções ou carreiras, os educadores de Minas recebem salário de fome, e sequer o mísero reajuste de 5% prometido pelo governo de Minas foi pago no vencimento de outubro.

Vejam o que publicou o jornal O Tempo sobre os supersalários de alguns servidores em Minas neste e neste endereços eletrônicos, que transcrevemos a seguir:

" Salários poderão ser cortados 

Conselho Nacional do Ministério Público pediu explicações sobre apostilamentos de servidores

Guilherme Reis


Uma representação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pode dar fim aos supersalários pagos aos servidores da instituição. Com os chamados apostilamentos, os funcionários tiveram saltos remuneratórios superiores ao previsto pelos seus planos de carreira. Após receber a denúncia de irregularidade, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) já pediu explicações à Procuradoria Geral de Justiça de Minas Gerais. Se os valores pagos forem considerados indevidos, os servidores terão que devolver os valores. 

O promotor de Defesa do Patrimônio Público Eduardo Nepomuceno enviou uma autuação ao CNMP que questiona a legalidade da Resolução 102 de 2002, editada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), que determinava a criação de um padrão remuneratório que beneficiava servidores apostilados.
 
A resolução da PGE determinava que aqueles que exerceram, durante certo período, um cargo de confiança na administração pública e que adquiriram o direito de incorporar parte dessa remuneração aos seus vencimentos de forma vitalícia sofreriam uma guinada em seus planos de carreira.
 “A lei estabelece que cada carreira tenha determinado o seu padrão remuneratório. Aquele servidor vai progredindo dentro do padrão. Os apostilados, com a criação da classe A em 2002, começavam já no padrão 86, mesmo que na origem ele estivesse na 35. A resolução é inconstitucional”, analisou o promotor.

De acordo com Nepomuceno, ele recorreu ao CNMP porque a Procuradoria de Justiça mineira se negou a fazer as alterações necessárias no plano remuneratório dos funcionários. “Já havia recomendado à Procuradoria Geral que revisse os critérios de remuneração, mas ela entendeu que já tinha passado mais de cinco anos desde a resolução e que ela foi acobertada por pareceres, ou seja, que estava dentro da lei”, destacou.

Devolução. A ação do promotor, além de pedir a readequação do padrão remuneratório dos apostilados, ainda exige “a devolução dos valores recebidos com correção” desde a data do desembolso pelos cofres públicos. Segundo Nepomuceno, mais de cem pessoas podem ser atingidas. 

“Estamos fazendo nossa parte, procurando as vias constitucionais, sem expor a dignidade de ninguém nem divulgar nominalmente o servidor. A questão precisa ser analisada. No nosso entendimento, ela gerou uma bola de neve e prejuízos aos cofres públicos”.

A Procuradoria de Justiça de Minas tem 15 dias para dar explicações ao Conselho Nacional do Ministério Público, que publicou, no último dia 28, a exigência no “Diário Oficial da União” (DOU). Apesar da publicação, o Ministério Público de Minas divulgou que não foi informado e que só vai se posicionar assim que tiver conhecimento da exigência."

" TCE e TJMG serão os próximos


 Os servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) que recebem supersalários serão os próximos alvos de ações do Ministério Público, que já investiga abusos nos contracheques desses órgãos, conforme adiantou O TEMPO.

O promotor de Defesa do Patrimônio Público Eduardo Nepomuceno aguarda informações do TJMG sobre a estruturação dos planos de carreira para enviar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mesma denúncia que fez contra o Ministério Público. “Minha suspeita é que o mesmo tenha acontecido no TJ. Já pedi informações ao Tribunal, mas ainda não recebi. Se isso não acontecer, vou encaminhar a ação com o que já tenho”.

No caso do TCE-MG, a perícia indicou cerca de cem casos de progressão de carreira irregular. No entanto, como o órgão não tem um conselho como os MPs e os TJs, os questionamentos terão que ser encaminhas à Justiça em ações individuais. “Nesse caso, as decisões podem demorar mais”, avaliou o promotor.

Por meio de nota, o Tribunal de Justiça esclareceu que “os vencimentos são pagos, em regra, dentro do limite estabelecido pelo teto salarial”. Segundo o Tribunal, as exceções são casos de funcionários que conquistaram na Justiça liminares que lhes garantiram o direito de receberem acima do teto constitucional.

A assessoria de imprensa do TCE também afirmou que os supersalários na Corte são mantidos com base em determinações judiciais. (GR)"

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Reparem, os nossos queridos leitores, que o TJMG pagou salários acima do teto para aqueles funcionários que teriam conquistado liminares na Justiça. Em reportagens anteriores, o jornal O Tempo revelou que tais salários, em alguns casos, foram acima de R$ 100 mil. Enquanto isso, os professores, que conquistaram uma Lei Federal (do Piso) e mais uma decisão irrecorrível do STF, nem assim tiveram respeitado seu direito ao mísero piso salarial nacional enquanto vencimento básico mais gratificações. Por isso é que dissemos que Minas é outro país, dominado por uma elite que em geral - com raras exceções - não respeita as normas federais do Brasil. Com as bençãos de uma mídia que diariamente pratica vandalismo no noticiário tendencioso - e sem direito ao contraditório - contra os interesses da maioria dos mineiros.


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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