terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma imprensa falso moralista, que detona o governo federal, enquanto blinda os tucanos

Uma imprensa falso moralista, que detona o governo federal, enquanto blinda os tucanos

A impressão que os comentaristas da imprensa mineira e nacional tentam passar para os desavisados leitores e ouvintes ou telespectadores é a de que eles, comentaristas, são guardiães dos bons costumes e de supostas verdades absolutas. Na prática, se vivêssemos uma verdadeira democracia, deveríamos submeter as falas desses personagens ao crivo da crítica. Com igual espaço. Mas, nada disso acontece. Vejamos alguns momentos dessas análises que pude ouvir hoje, entre 8h e 9h da manhã, na frequência de uma Rádio. Felizmente, não é todo dia que tenho tempo e disposição para tal. Mas, o pior é que muita gente que dispõe de tempo para ouvir tais comentaristas, não dispõe de mais tempo ainda para investigar o conteúdo dessas falas. Vejamos alguns exemplos.

De Brasília, o jornalista-comentarista dirigiu feroz ataque a tudo que de forma direta ou indireta esteja ligado ao governo federal. Nem uma palavra sequer contra governantes tucanos. Primeiro ele criticou a Dilma por ter perdoado uma dívida que países africanos, supostamente teriam para com o Brasil. Gozado, eu, como professor de História, pensava que era o Brasil e a Europa que tinham uma impagável dívida para com os povos africanos. Milhares de pessoas que habitavam aquele continente foram arrancadas à força de suas terras e trazidas para cá, obrigadas a trabalhar durante séculos como escravos, para o bem de uma elite cínica, hipócrita, que até hoje mantém o mesmo olhar preconceituoso, excludente e arrogante.

Mas, para o tal jornalista, a presidente Dilma não deveria perdoar a dívida de países pobres da África, pois este dinheiro fará falta ao Brasil.

Logo depois, na mesma linha, alguns comentaristas da Rádio aqui de Minas endossaram as palavras do jornalista global, ao citar um caso de uma cidadã brasileira que, enferma, dependeria do financiamento do estado, que negara tal tratamento. Diziam, em tom moralista: se o Brasil pode perdoar a dívida de países africanos, por que não bancar as despesas desses casos?

Vejam a sacanagem da comparação. Se dissessem simplesmente que era dever e obrigação do estado brasileiro bancar o tratamento de todas as enfermidades de todos os cidadãos brasileiros, incluindo os casos particulares que são citados na mídia, todos nós poderíamos aplaudir. Aliás, neste caso, deveriam humildemente reconhecer que, o único país da América Latina que pratica tal política universal de saúde de qualidade para todos, chama-se Cuba. Mas, aí seria demais, esperar que eles reconheçam qualquer coisa de bom daquela ilha, considerada o próprio inferno pela direita brasileira.

E por quê é uma sacanagem fazer esse tipo de comparação? Porque provoca nas pessoas simples uma indignação imediata contra o governo federal, sem qualquer chance de uma análise crítica da crítica feita pelos jornalistas. Vejam: perdoar a dívida de países mais pobres do que o Brasil, com os quais o Brasil tem uma dívida eterna, representa, em termos financeiros, muito pouco para o Brasil, mas pode ter um grande significado para aqueles povos - além do exemplo para o mundo, para que outros países mais ricos tenham a mesma conduta em relação a outros povos. Acho até que a presidenta Dilma deveria exigir uma contrapartida desses governos (estou falando sem conhecer os termos desse suposto perdão da dívida): que os governos dos países beneficiados, em contrapartida, investissem os valores não pagos ao Brasil na Educação pública, na saúde pública e no combate à fome dos seus respectivos povos. Somente isso já valeria a pena perdoar todas as dívidas do mundo entre países.

Mas, retomemos o nosso raciocínio. Tanto o jornalista de Brasília quanto os de Minas criticam o governo federal, contrapondo o perdão de uma dívida aos países africanos com os dilemas sociais que ainda existem no nosso país. O raciocínio deles é bem simplista: enquanto o Brasil não resolver todos os problemas do seu próprio povo não deveria fazer o que eles consideram grosseiramente uma espécie de caridade com os povos de outros países.

Primeiro, essa é uma visão desumana, pois separa povos, pessoas, gente, seres humanos, como se aqueles que tivessem nascido na África, ou em Cuba, fossem menos gente do que aqueles que nasceram aqui. Essa crítica é atrasada, retrocede aos primórdios em matéria de avanços do pensamento libertário universal. Essas pessoas, ao que parece, não estudaram os princípios e as lutas que deram origem às cartas que regem os direitos universais dos seres humanos. Uma pena, que pessoas assim sejam vistas como formadores de opinião e que estejam diariamente "trabalhando" a cabeça de pessoas simples, que levam a sério o que eles dizem.

Seguindo a mesma lógica dos jornalistas, que para sorte deles, não são confrontados ao vivo e em cores, pergunto o seguinte: se estão criticando a presidenta Dilma, que teve a decência de perdoar a dívida no montante de quase R$ 1 bilhão de reais dos países africanos, dizendo que esse dinheiro fará falta ao Brasil - para resolver os problemas de saúde de pessoas sem recursos, etc. -, por que não usaram essa mesma crítica quando os governantes mineiros resolveram construir uma cidade administrativa que custou quase R$ 2 bilhões, para a felicidade dos grandes empreiteiros? Não seria o caso de também dizer que, ao invés de queimar tanto dinheiro com obras faraônicas, seria melhor ou mais justo investir tais recursos com os problemas sociais de Minas?

Ou quem sabe até, vamos estender um pouco, gastar menos dinheiro em publicidade nos grandes meios de comunicação para salvar milhares de vidas? Nos últimos anos, segundo denúncia da oposição mineira, mais de R$ 1 bilhão foram gastos com jornais, revistas e TVs aqui em Minas Gerais. Verba do governo, dos nossos impostos, que é usada para tentar passar uma imagem da Minas que não existe: na propaganda, a melhor educação do planeta, a melhor saúde, um estado sem dengue, um verdadeiro paraíso.

Mas, quem disse que os comentaristas, salvo exceções, inclusive entre os jornalistas mineiros, querem esclarecer alguma coisa? Quem disse que há algum critério que se aproxime da imparcialidade? A mídia mineira e nacional não faz outra coisa a não ser detonar o governo federal e blindar os governos tucanos e seus candidatos. O que constitui um desserviço para a frágil democracia brasileira, que é construída e destruída a cada momento, com essas falas que não se prestam a uma crítica honesta e mais profunda. Que criticassem o governo federal, tudo bem, mas que dessem o direito de resposta, e que submetessem os demais governos às mesmas críticas.

E para finalizar, o jornalista de Brasília criticou a escolha que a presidenta Dilma fez de um advogado para preencher o cargo vago de ministro do STF. O jornalista selecionou o fato de que o escolhido teria sido advogado do italiano Batisti. Nem vou entrar no mérito desse caso, como fez o jornalista, sem dar qualquer direito de defesa ao atacado, já que são muitas as informações escondidas e distorcidas. Mas, o interessante é o que jornalista perguntou: quem terá pago os honorários do advogado naquele caso? Ora, que tal estendermos tal questionamento a todos os outros profissionais e personagens da república brasileira? Quem está pagando a festa que alguns poucos fazem com os recursos públicos? Quanto recebem as rádios, os jornais e as TVs do governo de Minas e de grandes empresas, e quanto pagam aos seus comentaristas e diretores? A propósito, o tal advogado escolhido por Dilma, advogou também para a ABERT, uma associação a serviço dos grandes meios de comunicação. Por que será que o jornalista de Brasília não lembrou de tal fato? Quanto ele terá recebido para defender, num dado momento, os interesses dos patrões do dito jornalista?

Ah, que falta nos faz uma verdadeira imprensa livre, ou quase, no mundo, no Brasil, e mais ainda, aqui em Minas...

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


                                    ***

sábado, 18 de maio de 2013

Minas não existe, a não ser na propaganda

 Minas não existe, a não ser na propaganda

Minas não existe, já dizia o poeta. Mas na propaganda, Minas tem a melhor Educação básica do planeta. Conversem por aí com qualquer professor-de-Minas e vocês verão que ele não está satisfeito. O governo de Minas, dos últimos 12 anos, acabou com a carreira dos educadores, sonegou o piso, pisoteou todos os direitos dos profissionais da Educação básica. Mas, na propaganda, esses profissionais proporcionam o melhor ensino do mundo. Minas descobriu o caminho das pedras: basta torturar os servidores da Saúde e da Educação que o resultado será melhores serviços prestados nessas áreas.

Minas  tem o maior PIB do país. Terceiro lugar é papo da oposição. Minas cresce mais do que a China, e muito, mas muito mais, do que o pibinho brasileiro. O governo de Minas diz que o estado (ou país?) sustenta o Brasil com a exportação. Sim, mudamos de século, de milênio, mas ainda continuamos mandando as riquezas para fora. Minério e café saem daqui a preço de banana podre, e retornam, quando retornam, a preço de ouro. Onde foi parar o dinheiro do Pibão de Minas? No bolso dos professores, carreira destruída, mesada de dois mínimos de salário total e congelada até 2016, é que não está.

Minas agora tem candidato a presidente, que faz de Minas o seu feudo, ou capitania, com direito a indicar os capatazes de plantão, cuja missão é manter a boiada sob controle. Propaganda e repressão. Quando um falha, eis o outro em ação.

Somos mesmo uma boiada, tratados a ferro e fogo, que não sabemos a força que temos. Dos educadores, 400 mil ao todo, entre os da ativa e os aposentados, se um quarto deste tanto se rebelasse, Minas conheceria uma outra história. Sairia da propaganda fantasiosa para ingressar na história real, cujos protagonistas escreveriam em versos e prosas uma outra cantiga, de verdadeira justiça social, liberdade e solidariedade entre as pessoas.

Enquanto isso não acontece, Minas continua sendo a do poeta-profeta, quando previu: Minas não há mais! Oh, Minas!

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


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A nossa combativa colega professora Marly Gribel publicou novo texto em seu blog, que transcrevemos a seguir. Marly levanta um ponto importante: a negociação da direção sindical com o governo, que acontece nesta segunda-feira, 27, às 14h, praticamente sem qualquer mobilização que pressione o governo. 

Se tem uma coisa que a direção sindical deveria ter aprendido é que essa forma de negociação, com quatro dirigentes sindicais de uma mesma corrente, resulta sempre em derrota para a categoria. Já há muito que a categoria deveria ter exigido a ampliação da comissão de negociação, com a inclusão de pessoas da base e de outras correntes, pois a negociação é sempre um momento político de disputa, de visibilidade e até mesmo de engajamento de todos e todas na luta, em caso de má vontade do governo, como tem sido a prática. Fiquem então com o texto da Marly:

ENCONTRO DO SIND-UTE COM O GOVERNO AMANHÃ...SE DEPENDER DELES NÃO SAI NADA...

QUESTÕES IMPORTANTES NÃO RESPONDIDAS PELA SECRETÁRIA( excerto retirado de texto do Sind-UTE)
 
• Temos direito a 7,92% de reajuste do custo-aluno de 2013. A lei do Piso Salarial determina 
reajuste anual de acordo com o custo-aluno.
• Temos direito à carreira. Queremos o seu imediato descongelamento.
• Queremos que o governo cumpra o que assinou e pague o Piso Salarial na carreira. Não 
pedimos subsídio ou modelo unificado.
• Quando fará um processo sério de negociação?


A situação da Educação mineira é tão dramática,  que nem o sindicato pode esconder. Chegamos num caos tão  generalizado que a verdade dos fatos é gritante demais. Nunca vivemos um choque de arbitrariedades como este- fim das carreiras, aumento abusivo da carga horária e para piorar relações cada vez mais deterioradas no interior das escolas com autoritarismo extremo de Diretores, vice-diretores e demais agentes do governo. Um processo de arrogância que paira à loucura, estamos reféns desta gente, ameaçados de punição, de processo disciplinar, administrativo e outas humilhações. Somos muitas vezes obrigados a cumprir as horas extras não pagas da forma mais humilhante, nos pátios da escola, para sermos vigiados. É este o quadro- bizarro, para não dizer  totalitário que se instalou em nossas vidas.

As relações no mundo do trabalho vem se alterando ao longo do tempo no mundo, vemos avanços em várias empresas, onde os profissionais tem acompanhamento psicológico, horas de descanso com atividades lúdicas e isto dentro dos seus horários de trabalho, enquanto nós, servidores da Educação somos submetidos a vários tipos de tortura, pressão e política de construção do medo.

O Sindicato não alavanca absolutamente nada- denuncia, mas não consegue arrancar nem o mínimo do que colocam nas cartilhas que são distribuídas pelo Estado. E para piorar nenhum outro segmento dentro do sindicato, nem o NDG apresenta uma proposta de discussão nas Assembléias que alavanque algo diferente e construtivo. Digo isso, mas não tenho acompanhado o processo nas Assembléias realizadas nos últimos tempos. SE ESTAS DISCUSSÕES OCORREM NÃO SÃO DIVULGADAS EM NENHUM LUGAR- NEM NO SINDICATO, NEM NOS BLOGS.

O sindicato estará amanhã com o governo : eu me pergunto - o que de concreto faremos  para pressionar o governo? O sindicato vai só, não apresenta nenhuma proposta de movimento paralelo ou denúncia na imprensa. E nós, o que faremos no mundo paralelo das lutas?  Sugiro que procuremos o PMDB e o PT que vêem vinculando na TV críticas ferrenhas contra o governo do PSDB, principalmente o PMDB. Se eles podem pagar pela propaganda na TV, que inicie a denúncia a nosso favor na mídia.- Os palanques já foram abertos para muitos partidos durante a GREVE,  busquemos então os que tem mais dinheiro para financiar as denúncias- o mundo é da política, façamos uso eficaz dela também. Por que não?
 As Tribunas no Parlamento deverão ser nossas durante todo o dia de amanhã comandadas pela oposição ao governo- PT e PMDB ( eles trabalham amanhã?) e preferencialmente, devemos solicitar ao PMDB denúncia formalizada pela coordenadora do Sind-UTE após o encontro com o governo com o resultado das negociações, para ser veiculados principalmente na Rede Globo em horário nobre.

E como fazê-lo ? formalizar por escrito carta a todos os deputados da bancada de oposição ao governo e enviá-las hoje/amanhã/ daqui para frente. Infelizmente meu blog e pouco visitado. Solicito que outros blogs façam suas discussões e/ou apresentem novas proposições.

sugestão:

Ilmo.Sr____________________solicito que formalize na Tribuna apoio aos educadores de MG, visto que amanhã dia 27/05/2013 haverá um encontro da coordenação do Sind-UTE com o governo . Solicito também que se faça a divulgação deste encontro na mídia, denunciando o descaso e  as arbitrariedades deste governo para com a Educação e os educadores. Aguardo  resposta. __________________

P.S: Ao NDG solicito que construa uma unidade política com outro nome, para identificação, também  fora das greves.
 
  

domingo, 5 de maio de 2013

Como - e quanto - seria o salário dos professores de Minas se a nossa carreira não tivesse sido destruída pelo atual governo

Como - e quanto - seria o salário dos professores de Minas se a nossa carreira não tivesse sido destruída pelo atual governo

Relembrar é preciso, quando se trata de analisar a realidade dramática na qual se encontra hoje os educadores de Minas Gerais. Para se ter uma ideia, seja um professor com curso superior em início de carreira, ou outro, com 20 anos de casa, estão, ambos, recebendo algo próximo de dois salários mínimos como remuneração total, sem direito a qualquer outra vantagem ou gratificação. Mas, essa realidade seria diferente, se o governo dos tucanos não tivesse alterado, para pior, o plano de carreira que fora criado pelo próprio governo do faraó.

Apenas os educadores de Minas foram punidos com esta alteração estrutural do plano de carreira, para não terem direito ao piso salarial nacional, que se tornou lei federal - 11.738 - a partir de 2008. 


Vejamos, então, como ficaria o salário dos professores se a antiga carreira ainda existisse. Não vou considerar aqui, inicialmente, as gratificações como quinquênios e biênios, que foram abolidas para todos, mas que anteriormente estavam em vigor para os antigos servidores (até o início de 2003, quando o atual senador-faraó assumiu o governo e começou a política de destruição dos direitos dos servidores).

Pela estrutura do plano de carreira que está em vigor para TODOS os servidores, menos para os educadores de Minas, havia uma diferença de 22% entre os níveis (promoção vertical, nível I, II, etc., de acordo com a formação acadêmica) e de 3% entre cada letra - progressão horizontal, que o servidor faria jus a cada 3 anos de serviço prestado. E finalmente, havia o pó de giz, uma gratificação de 20% para quem estava em sala de aula. Além disso, havia também a gratificação por pós-graduação, sendo 10% para especialização, 30% para mestrado e 50% para doutorado. Tudo isso deixou de existir para os educadores de Minas, que passaram a receber o salário total em forna de SUBSÍDIO, sem qualquer outro direito, e que se encontra congelado até 2016 no valor de dois salários mínimos para os professores (há outras carreiras na Educação que recebem ainda valores bem menores).

Vamos começar pelo início da carreira dos professores. Um professor que ingresse hoje na rede estadual de Minas receberá um salário bruto (claro que com os descontos o valor líquido a receber será menor) de R$ 1.386,00. E nada mais, nadinha, nem vale refeição, nem vale transporte, nem coisa alguma. Se o sujeito for arrimo de família vai ter que rebolar para pagar as contas da casa, o transporte, o lanche, os remédios, o aluguel, etc, com este enorme valor que um professor com curso superior receberá por ingressar no magistério público de Minas. Um castigo, convenhamos.

Se ainda estivesse em vigor a antiga carreira, mesmo considerando a forma conservadora e proporcional do piso nacional para uma jornada de 24 horas, o salário deste mesmo professor seria de R$ 1.679,00. Ou seja, R$ 293,27 a mais nos vencimentos mensais. Vão dizer que o salário ainda está muito baixo. É verdade, concordamos, mas para quem vive na linha da miséria, como os professores-de-Minas, receber R$ 300 reais a mais mensalmente faz toda a diferença. E como chegamos a esse cálculo? Simples: pega-se o valor do piso nacional - R$ 1.567,00 - diga-se, também vergonhoso este valor - divide-se por 40 horas e multiplica-se por 24h, resultando em R$ 940,20 para o professor com nível I, ou seja, com formação em ensino médio. Para o professor com nível II (licenciatura curta), acrescentam-se mais 22%, e para o professor com curso superior licenciatura plena, mais 22%, resultando, portanto, em R$ 1.399,39, somente de vencimento básico. Sobre este valor incidiria o pó de giz de 20%, quando encontraremos o valor total de R$ 1.679,00, que os professores em início de carreira deveriam estar recebendo, caso o plano de carreira não tivesse sido destruído pelo atual governo e seus deputados estaduais.

Para um professor com 10 anos de carreira, a realidade seria outra, pois haveria a incidência de progressões, promoção e possíveis títulos conquistados. Atualmente, este professor recebe algo próximo de R$ 1.400,00, um pouco mais, um pouco menos, mas não muito fora do valor citado. Pelo antigo plano de carreira, o professor com 10 anos de casa estaria na letra C e receberia, no mínimo, R$ 1.781,54. Este seria o valor mínimo que receberia, quase R$ 400 reais mensais a mais do que recebe atualmente. Caso tivesse conquistado algum título, uma especialização, por exemplo, sua remuneração total seria R$ 1.930,00, ou seja, cerca de R$ 500,00 mensais a mais do que recebe atualmente. Se tivesse direito a uma promoção (oito anos de carreira para iniciantes + uma especialização + cinco últimas avaliações de desempenho positivas) estaria no nível 4 da carreira. Neste caso, mesmo retornando para a letra A do novo nível, seu salário bruto seria de R$ 2.048,71. Portanto, cerca de R$ 600 mensais a mais do que recebe atualmente por um cargo completo.

Se alguém estiver achando que isso é muito, é bom lembrar que um policial militar em início de carreira, com formação em ensino médio, terá direito a uma remuneração inicial de R$ 4.000,00 em 2015, enquanto o professor com curso superior, em 2015, continuará recebendo R$ 1.386,00, pois os salários dos educadores estão congelados. Para se ter uma outra ideia das diferenças, um professor na rede pública municipal de BH, com 10 anos de casa e uma especialização, está recebendo algo próximo de R$ 2.600,00 pela jornada de 22h - cerca de R$ 1.200,00 mensais a mais do que ganha um professor-de-Minas.

Em relação aos antigos professores da rede estadual de Minas, não gosto nem de mencionar porque as perdas foram gritantes. Um professor com 20 anos de casa, por exemplo, que estivesse no nível 4, letra C, com quatro quinquênios e 10 biênios + pó de giz, teria direito a remuneração total de R$ 3.803,58 por um cargo completo de 24h. Atualmente, este mesmo professor está recebendo algo entre R$ 1.600,00 e R$ 1.800,00, havendo, portanto, uma perda mensal próxima de R$ 2.000,00. Se este professor tiver dois cargos, a perda mensal é o dobro deste valor.

Com estes dados objetivos nas mãos seria possível a um bom escritório de advogados comprovar, na Justiça, as perdas sofridas pela categoria com as alterações feitas na carreira dos educadores em data posterior a abril de 2011. Esta data é relevante, pois é a partir dela que o STF considera que o piso teria que ser pago obrigatoriamente, respeitando-se as regras vigentes em cada rede pública, e obedecendo-se a norma federal que instituiu o piso salarial nacional. O governo de Minas só conseguiu alterar a nossa carreira em dezembro de 2011, após a nossa greve de 112 dias.

Além disso, estes dados simples e objetivos mostram que todos os educadores, das diversas carreiras e nas diversas condições funcionais - efetivos, efetivados e designados - saíram perdendo com a política de choque de gestão do atual governo. E isso é razão mais do que forte para que a categoria construa sua unidade, aprove uma proposta comum de reivindicações e lute para conquistá-la. Na Justiça e nas ruas.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

Massacre de Felisburgo: o que não pode ser esquecido.
Gilvander Luís Moreira

Na madrugada do dia 1º de maio de 2002, dia das/os trabalhadoras/res, cerca de 230 famílias sem-terra, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Nova Alegria, de 1.700 hectares, em Felisburgo, Vale do Jequitinhonha, MG. Era a primeira ocupação do MST no município. Cerca de 1/3 da fazenda (515 hectares) é de terra devoluta, grilada pela família do fazendeiro e empresário Adriano Chafic.  Leia mais...


Padre Josimo Tavares: 27 anos de martírio.
Gilvander Moreira

“Feliz de um povo que não esquece seus mártires.” (Dom Pedro Casaldáliga)

Dia 10 de maio de 2013, antevéspera do dia das mamães, celebramos 27 anos do martírio do padre Josimo Tavares. Por isso o recordamos.

Dom Oscar Romero: 33 anos de martírio e de mensagem libertadora
Gilvander Luís Moreira

Dia 24 de março de 2013 celebramos 33 anos de martírio de dom Oscar Romero, arcebispo da arquidiocese de San Salvador, capital de El Salvador.


Um abraço terno na luta
Frei Gilvander Luís Moreira
gilvanderr@igrejadocarmo.com.br www.gilvander.org.br
facebook: Gilvander Moreira

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O monopólio de uma mídia neoliberal e golpista

O monopólio de uma mídia neoliberal e golpista

Neste 1º de Maio deveríamos todos protestar contra o monopólio da mídia neoliberal e golpista existente no mundo, no Brasil e especialmente em Minas. Agora há pouco, por volta das 11h, ouvia um noticiário na Rádio Itatiaia. Eis que de repente anunciam que, diretamente de Brasília, trariam alguma notícia que supostamente poderia interessar a algum cidadão brasileiro ou mineiro. A repórter Aparecida Ferreira, de Brasília, aparece com a gravação de ninguém menos - até porque é difícil encontrar alguém menor, em estatura moral e ética - do que o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro. Tudo bem a que a Rádio Itatiaia, para agradar a certo político do país-Minas, tenha uma certa predileção pelo Rio de Janeiro, mas poderia ter feito uma escolha melhor para colher um depoimento.

O infeliz e chato deputado, como é do costume dele, carregou nas tintas pra cima do governo federal, ou melhor, segundo ele, "governo do PT". Disse que nos últimos 10 anos o governo federal não investiu nada em profissionalização de mão de obra, o que é uma grande imbecilidade e mentira. Se tem uma coisa que o governo federal fez nos últimos anos foi investir na ampliação das escolas técnicas federais, que em geral primam por boa qualidade, bem melhor do que estes cursos profissionalizantes de seis meses que os governos estaduais ou a iniciativa privada promovem. Pode-se até dizer que o governo federal poderia investir mais; mas, daí a dizer que nada fez, vai uma grande distância.

O infeliz deputado - que é declaradamente a favor da ditadura militar, contra o homossexualismo e defensor da tortura praticada no Brasil no regime civil-militar de 1964 -  ainda disse que, no lugar da profissionalização, o "governo do PT" investiu em bolsa família, e que as 14 milhões de famílias beneficiadas por este programa são "empregados do PT", e que somando-se aos beneficiários do salário-desemprego, resultariam, na prática, em "30% de desemprego no país". Palavras dele, sem qualquer fonte segura que sustente tal afirmação.

E assim que terminou de falar esse amontoado de besteiras, o que é até um direito dele se pronunciar da forma que quiser, a repórter encerrou o chamado de Brasília, sem qualquer direito de resposta por parte seja do PT ou do governo federal. Um verdadeiro ato de desrespeito e agressão à liberdade de imprensa. Como cidadão, eu, que não sou filiado a nenhum partido e que tenho sérias críticas ao governo do PT e dos demais, acabo me sentido agredido por essa contumaz prática da mídia mineira de atacar o governo federal. As rádios, jornais e TVs de Minas e do Brasil promovem diariamente e de forma sistemática um ataque grosseiro contra o governo federal. Somente contra o governo federal. E sem direito de resposta.

Claro que aqui em Minas isso jamais aconteceria contra os tucanos Aécio e Anastasia, cujos governos, segundo a mídia, são perfeitos. Quando ousam publicar ou noticiar uma única linha contra estes governos, imediatamente concedem duas horas de direito de resposta. E os comentaristas passam o dia todo atacando o governo federal e justificando e elogiando e blindando o governo de Minas. Uma vergonha o tipo de "jornalismo" que se pratica aqui em Minas.

Outro dia mesmo, já fora do âmbito mineiro, ouvi outro imbecil, que pousa de falso moralista e que tem alguns desavisados da classe média que o admiram. Trata-se de Arnaldo Jabor. Em comentário na Rádio CBN (infelizmente, não temos escolha: Itatiaia, CBN, BandNews, todas com a mesma linha editorial neoliberal, são parte desse monopólio midiático que existe no Brasil e em Minas), dizia então, sobre o tal comentarista Jabor, fez uma das maiores e piores manifestações de preconceito que já tinha ouvido. Talvez emocionado pelo recente ataque nos EUA - a cuja política ele serve -, que supostamente fora praticado por dois jovens muçulmanos - digo supostamente porque nos EUA, quando o assunto é segurança, não se precisa provar nada, basta prender, torturar e executar que a imprensa se incumbe de justificar, pior até do que no Brasil -, saiu o infeliz em ataque contra os muçulmanos.

O tal comentarista foi injusto contra os adeptos do islamismo, pois tratou de generalizar, acusando a todos os muçulmanos, como se se tratasse de uma subraça, mais ou menos como os católicos da época da expansão marítima europeia faziam em relação aos negros africanos ou aos índios americanos. Tratou o infeliz comentarista de atacar os seguidores do Islã, como se todos fossem terroristas e estivessem predestinados a cometer atos de terrorismo pelo mundo afora. O islamismo é a segunda maior religião do mundo, tendo como adeptos quase um quarto da população mundial.

O fato de uma pessoa, ou um grupo de muçulmanos, pelas razões e circunstâncias que nem sempre são esclarecidas, partirem para ações extremas, de terrorismo, não significa que todos os muçulmanos do mundo concordem com essas práticas. Aliás, o que dizer do terrorismo de estado praticado pelos EUA e aliados contra os povos do mundo inteiro? E qual é a religião dominante dos governantes e da elite norte-americana? Seguramente encontraremos um grande número de judeus e de cristãos protestantes. O que não significa que todos os judeus e todos os protestantes do mundo sejam terroristas e estejam predestinados a cometerem atos de terror. E no caso dos EUA, nem se compara o que eles fazem pelo mundo contra pessoas inocentes, com os homens-bombas ligados ao islamismo. Nos dois casos observamos atos condenáveis, que provocam a morte de inocentes. Mas o lado criticado é sempre os ligados ao islamismo. Os EUA e aliados, ao contrário, são defendidos pela mídia e apresentados como salvadores e defensores da democracia. Ora, o que fizeram ao longo das últimas décadas - e continuam fazendo - não cabe no papel, em matéria de destruição de culturas, de execução de milhões de seres humanos, de invasão de países, de financiamento de golpes de estado pelo mundo afora, inclusive aqui no Brasil, contra o governo Goulart em 1964.

E aos muçulmanos não foi dado o direito de resposta, de se contrapor aos argumentos sem qualquer fundamento apresentados pelo preconceituoso comentarista, que ao que consta mora nos EUA, e que é incapaz de demonstrar a mesma sensibilidade que demonstrou para com o condenável ato de terror ocorrido por lá, em relação ao sofrimento dos palestinos, ou dos africanos, ou mesmo de latino-americanos, que são (somos) tratados como o quintal do império. E estando em Minas, somos o quintal do quintal do quintal do império, apesar da propaganda enganosa que é divulgada a cada meio minuto nas rádios e TVs locais.

Portanto, neste dia internacional dos trabalhadores, deveríamos todos protestar contra a ausência de liberdade de imprensa em Minas e no Brasil. Pelo fim do monopólio da mídia; pelo direito de resposta aos atacados - trabalhadores, lideranças políticas e sindicais e até governos; pela instalação no Brasil de TVs e rádios realmente públicas, controladas diretamente pelos de baixo.

Enquanto não acabarmos com este monopólio midiático, estaremos reféns de um sistema que tem gerado e reproduzido tudo de ruim contra a maioria da população. O monopólio da mídia nas mãos de poucas famílias a serviço dos neoliberais e golpistas impede que ocorra no Brasil, e no mundo - e em Minas também, claro -, um diálogo permanente entre os diferentes. Somos massacrados pela opinião publicada única, preconceituosa e falso moralista, sem direito de defesa. Somos privados de um debate público sobre as prioridades que deveriam ser realizadas pelos governos, sobre nossos interesses e sobre o que fazem, como fazem e para quem fazem (ou a quem servem) os detentores do poder no Brasil, em Minas, e no mundo.

E sem esta discussão ampla, sem o direito de resposta, sem que a diversidade se manifeste livremente, é natural que as coisas se resolvam da pior forma. Não é a toa que cresce a violência, que a educação pública e a saúde pública estejam sucateadas, enquanto as TVs noticiam que Minas é um paraíso. Não há uma relação direta entre o que existe de fato, mesmo nas diversas versões, do que é noticiado pela mídia. E este descolamento do real para com o mundo mágico midiático é mais uma expressão do "espetáculo" (aquele, que Guy Debord tão bem descreve), do capitalismo, enfim, cuja reprodução é baseada neste descolamento próprio da sociedade da mercadoria.

Enfim, resumindo, o monopólio da mídia neoliberal e golpista, é a parte da ditadura que sobreviveu e nos mantém aprisionados a um destino de derrotas e fracassos enquanto povo, enquanto seres humanos pensantes.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

 
P.S.: Já que falamos de um deputado pelo Rio de Janeiro, e mesmo não sendo um admirador da trajetória política de outro deputado, Garotinho, vale a pena ver este vídeo, através do qual Garotinho parte pra cima das Organizações Globo. (Retirado do Blog Escrevinhador, do jornalista - sem aspas - Rodrigo Vianna).
 
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