quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Contracheques vão revelar a distância entre a propaganda paga e a dramática realidade dos educadores mineiros


Contracheques vão revelar a distância entre a propaganda paga e a dramática realidade dos educadores mineiros


Na madrugada do dia 1º de dezembro de 2011 os educadores terão acesso ao contracheque. Certamente os valores vão revelar o quanto a propaganda paga pelo governo está distante da realidade dos profissionais da Educação de Minas. No ano em que o piso salarial nacional deveria ter sido implantado nas carreiras dos educadores de todo o país, os trabalhadores da Educação em Minas tiveram enormes cortes e redução ilegal de salários.

Em julho de 2011, por exemplo, o governo de Minas aplicou uma redução nominal nos salários de 153 mil educadores que fizeram opção legal pelo antigo sistema remuneratório, composto por vencimento básico e gratificações. Este ato já demonstrava como o governo de Minas age de forma premedita para prejudicar aos profissionais da Educação, uma vez que era direito legal fazer tal opção pelo antigo regime. Tratava-se, portando, de uma forma de chantagear os educadores, para que continuassem no sistema de subsídio, claramente desvantajoso em relação ao sistema de vencimento básico.

A redução salarial representou um corte entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões - dinheiro este que até agora ninguém sabe o que foi feito do mesmo. Contudo, inesperadamente, no dia 23 de novembro de 2011, o governo fez aprovar um substitutivo nº 5, apelidado de AI-5, com a ajuda de 51 servis deputados do governo, que obriga os servidores a ficarem no sistema de subsídio. Portanto, além de punir os educadores com a redução salarial por terem saído do subsídio a fim receberem o piso a que têm (temos) direito, o governo ainda obrigou estes mesmos educadores a retornarem compulsoriamente ao subsídio. E sequer prestou contas do dinheiro que retirou do bolso dos educadores com a ilegal redução nominal de vencimentos, contrariando a Carta Magna do país.

Minas Gerais não apenas não pagou o piso - e os nossos contracheques são a prova material deste ato ilegal - como, ainda, introduziu mudanças nas regras do jogo para burlar a lei federal 11.738/2008, a Lei do Piso.

Além disso, os educadores estão vivendo com os cortes realizados pelo governo durante a nossa heroica greve de 112 dias, o que constitui outro ato de arrogância do governo, que transformou a Secretaria da Educação em uma espécie de casa dos horrores, cujos servidores em cargos de chefia, os que se prestam a este trabalho, claro, preocupam-se praticamente apenas em punir os educadores, em pressionar, em cortar ponto, em ameaçar.

Minas vive em estado de exceção, com a imprensa auto-amordaçada pelo tilintar de rios de dinheiro, a procuradoria estadual altamente comprometida com o desgoverno, um legislativo absolutamente inútil e omisso, e um TCE que não realiza a fiscalização a que deveria realizar. A prova disso são as contas da Educação, cujas receitas, tanto os do FUNDEB, quanto os 25% da Educação, continuam uma incógnita. Duvido que o governo tenha coragem de realizar uma auditoria independente das contas da Educação.

A prova maior de que as contas da Educação não vão nada bem está no fato de que o governo alega não ter dinheiro em caixa para pagar o piso corretamente na carreira; e mesmo assim, não pede um aporte financeiro ao governo federal - situação esta prevista na Lei do Piso, caso o ente federado (estado ou município) comprove não poder pagar o piso. Desta forma, ou o governo tem dinheiro e não quer pagar o piso corretamente, pois a Educação não é prioridade para ele; ou o governo não tem dinheiro, mas não tem como prová-lo.

Assim, apesar da espalhafatosa propaganda nas rádios e TVs de Minas, que devem estar custando rios de dinheiro - enquanto o governo diz que não tem caixa pagar o prêmio de produtividade -, a dura realidade dos educadores é bem outra, e será expressa nos contracheques desta madrugada. No meu contracheque, por exemplo, o piso salarial (vencimento inicial), que deveria estar no mínimo em R$ 1.060,00 se acompanhasse a Lei do Piso em vigor, certamente exibirá o valor de um salário mínimo: R$ 567,04. Valor este que se repetirá em janeiro, só havendo alteração a partir do pagamento de fevereiro de 2012, quando o governo implantará o projeto que cassou o nosso piso salarial nacional.

Mas, está claro para nós, que esta situação não vai durar para sempre. Cada vez mais os educadores de Minas, os estudantes e seus familiares se tornam conscientes do esquema de poder que tomou conta do estado nos últimos 10 anos, pelo menos. E que preciso mudá-lo, assim como é preciso mudar a política nacional, igualmente omissa em relação à Educação pública e demais demandas sociais.

Durante o ano de 2011 foram realizadas greves pelo pagamento do piso salarial, que é uma lei federal, considerada constitucional pelo STF, em 23 unidades da Federação. Urge construirmos uma unidade nacional dos educadores para enfrentarmos os ataques tanto dos governantes regionais, quanto do governo federal, e agora também do Congresso Nacional, onde tramita um projeto que visa alterar para pior o índice de reajuste do nosso piso salarial.

Estamos lidando com governantes que expressam o desprezo que a elite mineira e nacional tem pelos trabalhadores de baixa renda do país. Ao elegeram a Educação pública e os educadores como foco privilegiado dos cortes e confiscos, estes governos e seus grupos destroem os sonhos de dias melhores para os de baixo. E isso não pode continuar acontecendo. É preciso que aprendamos a nos organizar melhor, unir as nossa fileiras, tanto em Minas quanto no Brasil, e enfrentar essa gente que defende apenas os seus próprios interesses os interesses de uma minoria privilegiada.

Enquanto isso não acontecer, vamos continuar colhendo salários de fome, dívidas se acumulando, com juros e correções, e os governos fazendo cínicas declarações de amor eterno à Educação pública e aos educadores. Saibamos desmoralizar estas peças publicitárias, para que eles sejam vaiados e xingados em praça pública, como deveria acontecer com todos os homens públicos que traem o povo pobre.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

P.S.:
Não vamos esquecer!

Clique aqui e conheça a lista de deputados inimigos da Educação pública e dos educadores de Minas. Para conhecer a cara (de pau) dos elementos clique aqui. Agora, para ver a lista dos AMIGOS dos educadores, clique aqui. (A montagem foi feita pelo combativo colega Robson).


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Frei Gilvander:

NOTA À IMPRENSA e à SOCIEDADE

O MST de Minas Gerais ocupou o INCRA, em Belo Horizonte, na manhã de hoje, dia 30/11/2011, quarta-feira, para pressionar por obtenção de terras para a reforma agrária em MG. Cf. comunicado, abaixo.

Contatos para maiores informações: com Marili, coordenação nacional do MST, em MG, cel.: 38 9154 5437; com Chumbinho, cel.: 31 9419 4437 ou com Silvinho, cel.: 35 9167 9619.

Dia Nacional de Mobilização pela Reforma Agrária: 30/11/2011.

Reforma Agrária, uma luta de todos[1]

“Temos mais um ano perdido para a Reforma Agrária. A lentidão para o assentamento das famílias acampadas e para a execução de políticas para fortalecer os assentamentos é uma vergonha para um governo que tem como meta acabar com a pobreza no Brasil. Sem Reforma Agrária, superar a pobreza não passa de propaganda”, avalia Marina dos Santos, da Coordenação Nacional do MST.

Investimentos

O quadro relacionado aos investimentos nos assentamentos existentes não é muito diferente. Relatório interno do INCRA, divulgado pelo Estado de S. Paulo, aponta que apenas 10% do orçamento do órgão destinado às obras de infraestrutura para os assentamentos foram utilizados. Dos R$ 159 milhões programados, somente R$ 16 milhões tinham sido aplicados. Estava previsto também o investimento de R$ 900 milhões na instalação das famílias em seus lotes, a maior parte destinado à construção de moradias. Entretanto, só 27% (R$ 204 milhões) desse valor foi utilizado até então. No caso dos contratos de serviço para assistência técnica, foi empregado metade do valor previsto para o ano todo: R$ 72 milhões dos R$ 146 milhões reservados. “Na jornada de agosto, colocamos para o governo que a Reforma Agrária está parada. Um exemplo é que demorou quase quatro meses para o governo federal indicar o presidente do INCRA e mais de seis meses para nomear os superintendes nos estados”, avalia Marina.

A comparação do número de assentamentos criados até o momento com o mesmo período do primeiro mandato do governo Lula demonstra a lentidão da Reforma Agrária. Segundo dados do INCRA, o governo criou 35 novos assentamentos, diante dos 135 do período Lula. Nos oito primeiros meses do atual governo, 1.949 famílias foram assentadas, o que corresponde a 21% do primeiro mandato de Lula, que assentou 9.195 famílias.

Lutas

“Durante a nossa jornada, o governo admitiu a inoperância e, sob ordem da presidenta Dilma, firmou compromissos para destravar essas medidas, garantindo o assentamento de 20 mil famílias acampadas neste ano, a criação de um programa de agroindústria e políticas para a educação de trabalhadores assentados”, observa Marina. Com a Jornada Nacional da Via Campesina, em agosto, os movimentos sociais conseguiram recolocar a pauta da Reforma Agrária na centralidade do governo. O governo assumiu o compromisso de fazer a suplementação do orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), elaborar uma política para a Reforma Agrária (uma emergencial e outra a longo prazo) e a renegociação das dívidas dos pequenos trabalhadores rurais.

Concentração de terras.

Enquanto a criação de novas áreas da Reforma Agrária e os investimentos nos assentamentos não avançam, cresce a concentração de terras no país. Segundo o INCRA, há 5,3 milhões de imóveis rurais no Brasil registrados no órgão, que juntos somam 587,1 milhões de hectares de terras. Cerca de 330 milhões de hectares estão nas mãos de 131 mil proprietários, o que representa menos de 5%. Ou seja, cerca de 64% das propriedades rurais brasileiras pertencem a essa mísera fatia de 5%.

Reivindicações-Pauta não avança...

Nesse sentido que, passada a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária da Via Campesina de Agosto de 2011 e sem sinais significativos, que o MST retoma novamente em novembro com um Dia Nacional de Mobilização pela Reforma Agrária. É urgente que o governo cumpra a pauta que negociou em agosto e dê a Reforma Agrária o tratamento necessário para seu avanço no país.

O ponto principal dessa Jornada em novembro é a cobrança de orçamento para obtenção de terras – via desapropriação ou compra - para a Reforma Agrária. Ademais em Minas Gerais arrastam problemas como desenvolvimento dos assentamentos, aperfeiçoamento e mais profissionais para atuar no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, bem como um desfecho para Assistência Técnica nas áreas do MST que já se arrastam a mais de 3 anos sem acesso.

[1] Do Site do MST www..mst.org.br e da Secretaria Estadual do MST /MG mstmg@mst.org.br

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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Egídio Brunetto

Egídio Brunetto, um dos grandes líderes do MST e da Via Campesina, morreu antes do tempo, mas estará muito vivo na luta, pois ele dixou um grande legado de luta por justiça social, por reforma agrária, contra a pobreza, contra o latifúndio e por respeito à dignidade humana e ecológica.

Cf. no link, abaixo, reportagem sobre Egídio Brunetto:

http://g1.globo.com/videos/mato-grosso-do-sul/v/corpo-de-um-dos-principais-lideres-do-mst-no-pais-e-velado-em-campo-grande/1712890/

Um abraço afetuoso a toda a família MST e aos parentes mais próximos do Egídio.

Gilvander Moreira, frei Carmelita.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Minas Gerais vive a janela para o inferno. Mas o padrinho-do-afilhado diz que a janela para o sonho é a Educação. Será isso um pesadelo?


Minas Gerais vive a janela para o inferno. Mas o padrinho-do-afilhado diz que a janela para o sonho é a Educação. Será isso um pesadelo?


"A janela para o sonho, a gente sabe, é a educação. Mas, para muitos de nossos jovens, a janela permanece fechada. Vejam o baixo nível de aprendizado, o alto grau de repetência e o abandono precoce dos estudos, os currículos esclerosados e as escolas pouco atraentes à verdadeira aventura que é o conhecimento." Aécio Neves - jornal Folha de São Paulo, 28/11/2011


Seguramente o senador pelo estado que ele diz representar não vem a Minas há um bom tempo. E certamente não deve estar a par do que acontece no estado. Talvez esteja lendo apenas os jornais de Minas Gerais, ou assistindo demais à TV Globo e outros canais de TVs, que vivem pendurados nas verbas fartas dos cofres públicos. Fato é que o senador, ao escrever a passagem acima, tomou realmente um porre de imaginação, para além da realidade mineira.

Por aqui, o que se assiste, não nas ricas propagandas pagas nos jornais, rádios e TVs, mas no chão das escolas, é o descontentamento dos educadores com a política de confisco levada a cabo pelo afilhado do senador. Se a janela para o sonho é de fato a educação, Minas Gerais vive hoje o seu maior pesadelo. E graças à política iniciada pelo autor destas frases, que se tornam ocas, quando ditas por aqueles que, uma vez no poder, pouco ou nada fizeram para torná-las reais. Verdade se diga, o senador não está sozinho nesta conduta de dizer uma coisa e fazer outra. E o pior exemplo vem da própria presidenta da República, que prometeu investir na valorização dos educadores, mas até agora nada fez, além de se omitir, enquanto os governantes de todos os estados sabotam a aplicação do piso salarial nacional.

Minas Gerais tem hoje uma categoria de educadores, próxima de 400 mil pessoas, profundamente desmotivada e desiludida com o presente e o futuro da Educação. No governo do senador da citação que abre este post, foi criado o Plano de Carreira das categorias dos servidores públicos, entre as quais as dos profissionais da Educação. Entre 2004 e 2005, o governo de Minas gastou muito dinheiro público para divulgar a criação destes planos, especialmente o dos educadores, quando o então governador e agora senador fez questão de mencionar as qualidades deste plano de carreira que acabara de ser criado.

Juntamente com a carreira, foram criadas as tabelas salariais, parte integrante deste plano, talvez até a parte mais importante, sem a qual não existiria um plano de carreira, mas uma mera carta de intenções. Lembro-me perfeitamente, lá pelos idos de 2006, quando um servidor da SEE-MG, visitando as escolas-polo da região para explicar o conteúdo do plano, dissera bem claro: olha, vou lhe confessar uma coisa. O plano de carreira de vocês é até razoavelmente bom, mas a tabela de salário...

Naquele instante, sabíamos que os educadores foram de fato premiados com o pior vencimento básico do país - o que permanece até a presente data, já que as alterações feitas à revelia da categoria entrarão em vigor somente em 2012. Mas, as tabelas de salário, por piores que fossem, tinham a vantagem de apresentar uma valorização do título acadêmico, através de diferentes níveis, na chamada evolução vertical na carreira. Entre um nível e outro da carreira haveria um reajuste de 22% no vencimento básico. Agora, com a aprovação do subsídio, cuja nomenclatura mudou para "modelo unificado de remuneração", este percentual caiu para 10% - ou seja, para menos da metade. E na progressão horizontal, com a mudança de letra (grau) a cada dois anos, o governo reduziu o percentual de 3% para 2,5%. Duas alterações que descaracterizam o plano de carreira e as tabelas que estão vinculadas ao mesmo.

E para completar a destruição criada na gestão do atual senador, que fala em sonho através da educação - enquanto se omite do inferno astral que acontece em Minas com a Educação e com os educadores -, o governo aboliu o vencimento básico e as gratificações conquistadas pelos profissionais da Educação. Agora, prevalece uma parcela única, sem vencimento básico. Justamente quando os educadores estavam próximos de alcançar o merecido sonho de uma política de valorização salarial, através do piso salarial nacional, o governo do afilhado do senador, com a clara aquiescência deste, destrói o sonho e o transforma em pesadelo.

Sem educador motivado, bem remunerado, não haverá educação de qualidade. Sem educação de qualidade, não haverá janela aberta para os sonhos de milhões de crianças, jovens e adultos, especialmente das famílias dos trabalhadores de baixa renda, que dependem da escola pública, inclusive para construírem os seus sonhos de um mundo melhor para todos. O sonho do senador continuará uma realidade para uma minoria rica da população, que não depende de escola pública, e que talvez nem dependam de escola, já que, bem nascidos em berços de ouro, podem se dar ao luxo de ascenderem a quaisquer cargos ou títulos, com a generosa ajuda da bolsa do clã a que estão ligados.

Mas as famílias de trabalhadores dependem, de fato, de uma escola pública de qualidade, para escaparem do crime organizado ou da exclusão social a que são frequentemente atirados pelos "moinhos satânicos" que movem a engrenagem torpe do sistema, que nos engole e nos tritura a cada instante. E esta escola, em Minas, está cada vez mais distante da realidade, graças especialmente à política de choque de confisco desenvolvida pelo atual governador, dando continuidade à gestão do seu padrinho e atual senador.

Portanto, as frases soltas sobre "janela para o sonho" através da educação, e "aventura para o conhecimento", não combinam com a realidade que tanto o governo de Minas, sob a inspiração destes dois personagens - padrinho e afilhado -, quanto o governo federal e os demais governos estaduais vêm impondo aos educadores. Uma realidade de choque de confisco; de sonegação do direito ao piso aprovado desde de 2008, e do direito ao plano de carreira sem alteração nas regras quando estas não favorecem aos governantes.

A escola pouco atraente a que o senador-padrinho-do-afilhado faz referência não nasceu do nada. Ela foi construída, ou melhor, foi destruída por governantes que não investem adequadamente na Educação pública e na valorização dos educadores. Que não tratam com o devido respeito aos educadores, assegurando o direito à autonomia e à democracia nas escolas; que não investem na formação continuada dos educadores; que não investem na estrutura técnica e de equipamentos das escolas, além da falta de segurança. Esta escola é resultado de desgovernos que se preocupam não com o ser humano, mas com obras faraônicas, com espetáculos midiáticos, tipo Copa do Mundo, e outros.

Por isso, mais do que falar em poucas linhas sobre uma janela para o sonho através da educação, seria um tanto quanto mais coerente que o senador visitasse o estado ao qual diz representar para conhecer de perto a realidade dos educadores, nos ombros dos quais está colocada a responsabilidade pela formação de milhões de mineiros e mineiras, brasileiros e brasileiras de muitas gerações.

Bem distante dos discursos encontra-se a realidade do chão da escola, marcada pela ausência de sonhos numa carreira decente, cada vez mais agredida pelas políticas de choque de confisco que os diversos governos realizam contra os educadores.

Se a Educação for de fato a janela para o sonho da juventude, podemos dizer que em Minas e no Brasil esta janela está fechada. Graças aos autores de frases ocas, que quando no governo, no lugar de sonhos, plantam pesadelos. Podendo, obviamente, com isso, colher tempestades...

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Novo golpe contra os educadores: deputados federais tentam mudar índice de reajuste do piso salarial nacional. Vamos detoná-los nas próximas eleições

Não vamos esquecer!
Clique aqui e conheça a lista de deputados inimigos da Educação pública e dos educadores de Minas. Para conhecer a cara (de pau) dos elementos clique aqui. Agora, para ver a lista dos AMIGOS dos educadores, clique aqui. (A montagem foi feita pelo combativo colega Robson).


Novo golpe contra os educadores: deputados federais tentam mudar índice de reajuste do piso salarial nacional. Vamos detoná-los nas próximas eleições


Pelo visto, os inimigos da Educação pública e dos educadores estão espalhados por todo o Brasil. Falou que é governo, com raras exceções, está sempre pronto para destruir a carreira dos educadores, e com isso, tornar inviável a realização de uma escola pública de qualidade para os filhos dos trabalhadores de baixa renda.

Desta vez o golpe vem do Congresso Nacional, o mesmo que aprovou a Lei do Piso em 2008 e que agora, sob a pressão do Governo Federal e dos governos estaduais, tenta mudar o índice de reajuste da Lei do Piso, antes mesmo que esta lei entre em vigor - já que praticamente todos os desgovernadores do país têm burlado a sua aplicação, a exemplo do que acontece em Minas Gerais.

Vejam o que noticiou a CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação:

"CNTE denuncia: Comissão de Finanças da Câmara cede à pressão da Fazenda e dos governadores e rebaixa reajuste do piso

Em decisão que contraria o processo de evolução do piso salarial profissional nacional do magistério (PSPN) e os fundamentos constitucionais de financiamento dessa política pública, a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 23 de novembro, parecer do dep. José Guimarães (PT-CE), que estabelece o INPC/IBGE como único índice de reajuste anual do PSPN.

Para os cerca de dois milhões de profissionais do magistério público da educação básica no país, essa deliberação da CFT/Câmara requerida pela Fazenda Federal e por governadores e prefeitos, não só anula a possibilidade de valorização do piso e das carreiras profissionais - por meio de medida que contraria, inclusive, preceito constitucional - como dá guarida aos entes federados que, desde a vigência da norma federal lutam, deliberadamente, inclusive por meio de ações judiciais no Supremo Tribunal Federal, contra a Lei 11.738." (Fonte: http://www.cnte.org.br/index.php/comunica%C3%A7%C3%A3o/cnte-informa/425-cnte-informa-600-24-de-novembro-de-2011/9361-cnte-denuncia-comissao-de-financas-da-camara-cede-a-pressao-da-fazenda-e-dos-governadores-e-rebaixa-reajuste-do-piso).

Uma das vantagens atribuídas ao piso é a garantia de uma política de valorização através de reajustes anuais baseados no aumento do custo aluno ano, o que vinha conferindo ao valor do piso índices bem superiores ao INPC e à inflação. Em 2011, por exemplo, houve reajuste no piso acima de 15%; em 2012, pelo custo aluno ano, o reajuste seria entre 16,9% e de 22%. E o mais importante é que este reajuste acompanha os repasses do FUNDEB, principal fonte de financiamento do piso salarial nacional.

A tentativa dos governos de reduzirem o índice de reajuste do piso para o INPC representa um grande prejuízo para a política de valorização dos educadores, pois trata-se de um índice rebaixado, que tem variado entre 4% e 6% ao ano, enquanto o piso pelo custo aluno ano tem alcançado índices duas ou três vezes maiores.

E infelizmente, ao que parece, este novo golpe reúne o PT, o PSDB, o PMDB, o PSB, o DEMO e demais aliados destes partidos, dos diversos governos. É preciso barrar este novo ataque aos direitos dos educadores. Para isso, torna-se necessário que os educadores de todo o Brasil desenvolva intensa campanha pela Internet (e-mails, twitters, blogs) solicitando aos deputados federais de cada estado que não aprovem este projeto. Antes de mexer na Lei do Piso, deputados e senadores têm o compromisso moral de percorrer os estados e municípios para saber como esta lei está sendo tratada - na verdade, está sendo rasgada pelos governantes.

Vamos enviar e-mails para os deputados dizendo para eles: vocês serão considerados inimigos da Educação pública e dos educadores, caso aprovem esta indecente mudança. Vamos fazer cartazes e afixar em todas as escolas, praças públicas, jornais e panfletos, com retrato e nome de todos os deputados que votarem contra os educadores.

Além disso, é preciso que a CNTE, mais do que fazer a denúncia no site oficial da entidade, convoque imediatamente caravanas de todos os estados para irem a Brasília pressionar diretamente os deputados e senadores - coisa que, aliás, já deveria ter acontecido. Vamos mostrar para estes parlamentares que, tal como está acontecendo aqui em Minas, se eles votarem contra os educadores eles não serão reeleitos. Vamos mobilizar os três milhões de educadores e os 50 milhões de estudantes e seus familiares para não votarem nos deputados e respectivos governos e partidos que traírem os educadores e a Educação pública.

Não vamos aceitar que continuem com o demagógico discurso de que estão preocupados com a Educação e com a valorização dos educadores, enquanto na prática tudo fazem para cortar investimentos e sabotar a aplicação da Lei do Piso, como se verifica na maioria dos estados e municípios, especialmente por parte do governo de Minas Gerais.

Não podemos conviver com esta realidade de ataques contra os nossos interesses. De um lado, nos estados, os governos burlando a Lei do Piso, destruindo os planos de carreira e alterando as tabelas salariais para não pagar o piso que é direito constitucional; de outro lado, na esfera federal, além da omissão do MEC e da presidenta Dilma, agora também o Congresso Nacional tenta nos golpear com esta indecente proposta de redução do índice de reajuste do piso.

Isso não pode continuar assim, sob pena de acabarem com a Escola pública e com o ofício do magistério no ensino básico no Brasil.

Se necessário for, que organizemos, em 2012, uma grande greve nacional dos educadores, para que os governantes das três esferas aprendam a respeitar os profissionais da Educação e o direito da população a um ensino público de qualidade.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

Apoio Internacional à Comunidade Dandara

Amiga/o, clic, no link, abaixo, e confira um pouco do apoio Internacional que a Comunidade Dandara conquistou. Se possível, convide seus amigos/as que estão fora do Brasil a participar da Campanha internacional de apoio a Dandara. Contra o despejo, com a Dandara eu luto!

Confira o site: http://salvedandara.concatena.org

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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domingo, 27 de novembro de 2011

As perdas dos educadores de Minas com o novo choque de confisco do desgoverno e seus 51 leitões

As perdas dos educadores de Minas com o novo choque de confisco do desgoverno e seus 51 leitões (para não dizer outra coisa)

Advertência introdutória: os cálculos abaixo, no que diz respeito ao piso aplicado corretamente nos planos de carreira dos educadores mineiros, estão corretos. Já os cálculos relativos ao subsídio, dada à confusa fórmula da tal tabela fictícia criada pelo governo, podem não estar corretos. Por isso, vamos aguardar que o governo publique exemplos e métodos mais transparentes para que a categoria possa compreender melhor o quanto está perdendo com o chamado novo modelo unificado. O que está claro é que todos perdemos com este novo velho sistema. Saber exatamente quanto estamos perdendo é o desafio para cada um, já que as fórmulas do governo são criadas costumeiramente para enganar, confundir e fazer parecer aquilo que não condiz com a espalhafatosa e milionária propaganda do governo.


Olá, pessoal da luta!

Quero aproveitar parte deste domingo chuvoso para fazer comparações entre as duas tabelas salariais: a do Piso Salarial aplicado corretamente nas carreiras dos educadores de Minas, e aquela aprovada pelos 51 cordeiros do governo, com seu projeto de lei 2355 e substitutivo AI-5.

Como o governo anda divulgando cinicamente na mídia que agora os professores terão um salário maravilhoso e que será até 85% superior ao piso, nesse jogo de palavras que só engana os incautos, vamos mostrar a realidade.

Vou trabalhar, na minha rápida análise, com diferentes realidades. Quero mostrar quanto ganhará e quanto ganharia, por exemplo, um professor novato, ou entre 6 e 9 anos de casa, ou entre 12 e 15 anos, ou entre 18 e 21, ou entre 24 e 27, ou entre 30 e 33 anos de serviço. Claro que essa realidade dos professores se estende às demais carreiras da Educação, guardadas as diferentes jornadas de trabalho, formação acadêmica, etc.

Só lhes peço que aguardem um pouco, pois acabo de acordar - agora são 10h35 -, e ainda vou tomar um café, colher em seguida os dados, fazer e refazer os cálculos e somente depois publicarei. As comparações serão apenas para o ano de 2012, mas seguramente será possível visualizar o tamanho das perdas presentes e futuras.

Então, aguardem e continuemos a nossa corrente de denúncia contra a política criminosa do governo e seus seguidores, que arrancaram nossos direitos garantidos por lei, e querem mais uma vez salvar a crise do estado de Minas com o confisco nos salários dos educadores. Não vamos aceitar, claro. Por isso, nossa luta prossegue, até a nossa vitória. Não haverá paz em Minas, enquanto nossos direitos não forem restabelecidos.

Um forte abraço a todos e daqui a pouco!

Retomando...

Consideremos, como primeiro exemplo, alguém que esteja ingressando na carreira em 2012 e que tenha curso superior.

No subsídio do desgoverno mineiro ele receberia R$ 1.320,00 em janeiro de 2012 (pagamento em fevereiro), e em abril (pagamento em maio), com o reajuste de 5%, ele passaria a receber R$ 1.386,00. E pronto. Assim será até abril ou outubro de 2013, caso, nesta data, haja um novo reajuste de no máximo 5%. O que não é garantido.

Agora vejamos a situação deste servidor novato com o piso corretamente aplicado na carreira:

Pelo valor proporcional do piso para a jornada de 24 horas para 2011, o vencimento básico, em 2011, deveria ser de R$ 1.060,00. Se o reajuste em janeiro de 2012 for de 16,69% (valor conservador, pois pode ser de até 22%), o vencimento básico vai para R$ 1.236,91. Com o pó de giz de 20%, este valor vai para R$ 1.484,29. Isso a partir de janeiro de 2012. Se morar na região metropolitana de BH e em outras regiões, ele terá direito a mais R$ 34,50 de auxílio transporte. Mas, em janeiro de 2013 haverá novo reajuste no piso, que dificilmente será menor que 10%. Portanto, em 2012, para quem está iniciando agora, a perda mensal será de cerca de R$ 100,00. E esta perda aumenta a cada ano, dado aos reajustes maiores do piso em relação ao subsídio do governo.

Vamos agora ao segundo exemplo. Um professor entre 6 e 9 anos de casa, com curso superior e na letra C, e apenas com o pó de giz. Esta deveria ser a minha situação e a de todos os que ingressaram no estado no concurso de 2005, se o governo de Minas publicasse a progressão da C a que temos direito desde fevereiro de 2011.

No subsídio, este profissional será posicionado como PEBIC e receberá, em janeiro de 2012 (pagamento em fevereiro), o valor total de R$ 1.386,83, se considerada a tabela publicada pelo governo. Com o reajuste de 5% previsto para abril (a ser pago em maio) de 2012, o valor total será de R$ 1.456,17. Reparem que aqui, pela consulta que fiz ao simulador oficial do governo, não há indicação de escalonamento. Mas, na lei aprovada pelos carneiros do governo, está previsto o escalonamento da diferença entre o valor do subsídio pago em janeiro de 2011 e o valor atual. Se isso acontecer, ficará assim: a diferença entre os 1.320,00 que ele recebia em janeiro de 2011 pela letra A e o valor atualizado na tabela na letra C seria parcelada (escalonada) em 4 vezes. Logo, ele teria um acréscimo de R$ 16,70 por ano, totalizando, assim, R$ 1.336,70. Em abril de 2012, com o reajuste de 5%, este professor receberia R$ 1.403,53. Este valor será mantido até abril ou outubro de 2013, com o acréscimo, nesta data, de mais R$ 16,70. Não se sabe ainda se haverá reajuste salarial em 2013, pela política confiscatória do estado. Portanto poderá receber, em janeiro de 2012, R$ 1.336,70 (se houver escalonamento) ou R$ 1.386,83. Aguardem o contracheque para conferir.

Já no piso salarial nacional, corretamente aplicado, este professor (PEB3C) teria direito a um piso (vencimento básico) de R$ 1.312,24 em janeiro de 2012. Com mais 20% de pó de giz, o valor sobe para R$ 1.574,70. Se tiver direito a auxílio transporte, vai para R$ 1.609,20. E em janeiro de 2013 teria direito a novo reajuste baseado no aumento do custo aluno ano, sempre superior à inflação. Se tiver direito a gratificação por pós-graduação, acresce mais 10% (ou 30% se for mestrado, ou 50% se for doutorado) sobre o vencimento básico - coisa que não existe no subsídio.

Portanto, a perda mensal deste professor pelo cargo de 24 horas, será de no mínimo R$ 120,00 - isto em 2012. Em um ano, isto representa uma perda total de R$ 1.600,00. Confisco que o estado está embolsando às nossas custas. Considere-se ainda que boa parte dos servidores recebem o 1/3 de férias no salário de janeiro. Logo, o reajuste de abril do subsídio não alcançará estes colegas - o que constitui mais uma perda.

Exemplo número 3. Professor entre 12 e 15 anos de estado, com curso superior, pó de giz, 6 biênios e dois quinquênios.

No subsídio, de acordo com a consulta feita no simulador do governo, este servidor será posicionado como PEBIC em 2012, como PEBIE em 2013 e PEBIF em 2014. Com base nestes dados do simulador do governo, e seguindo as tabelas oficiais do subsídio, em janeiro de 2012 este profissional receberá R$ 1.386,83. Com o reajuste de 5% em abril (a ser pago em maio), a remuneração total passará para R$ 1.456,17. Somente em 2013 este profissional subiria duas letras passando o salário total para R$ 1.529,88.

Já no piso aplicado corretamente na carreira, este professor PEB3F, 6 biênios e dois quinquênios e pó de giz, receberia de piso (vencimento básico), em janeiro de 2012, R$ 1.433,92. Somadas as gratificações indicadas, que totalizam 70%, o salário total deste professor seria de R$ 2.437,66 por um cargo de 24 horas. Portanto, uma diferença para menos em torno de R$ 1.000,00 por mês em relação aos valores do subsídio. Mais confisco no bolso dos educadores.

Exemplo número 4. Professor com 20 anos de estado, 4 quinquênios, 10 biênios, pó de giz, PEB 4 B no antigo sistema de vencimento básico.

No subsídio, este professor, de acordo com o simulador oficial do governo, receberá em janeiro de 2012, como PEBIIF, a soma de R$ 1.642,80. Com o reajuste de 5% em abril, ele passará para R$ 1.724,94 como salário total. Em 2013 ele passaria para PEBIIG e receberia R$ 1.768,07 por um cargo de 24 horas.

No piso pago corretamente no plano de carreira que nos foi roubado, o piso deste professor (PEB4B) passaria, em janeiro de 2012, para R$ 1.554,31. Aplicadas as gratificações que totalizam 110%, o salário total deste professor em janeiro de 2012 seria de R$ 3.264,05. Portanto, uma perda mensal de R$ 1.539,11 em relação às tabelas do subsídio, que o governo anda dizendo que é mais vantajoso e transparente do que o antigo sistema.

Exemplo número 5. Professor com 25 anos de estado, 5 quinquênios, 10 biênios, pó de giz, PEB 4 D no antigo sistema de vencimento básico.

No subsídio, este professor, pelo simulador oficial do governo, seria reposicionado em janeiro de 2012 como PEBIIH, e com isso receberia como salário R$ 1.725,97. Em abril, com os 5% de reajuste, este professor receberia como salário total: R$ 1.812,27. Em 2013, passando para a letra I, ele receberá R$ 1.857,58. Será este o salário total após 25 anos de dedicação ao magistério, com especialização ou mestrado.

Já no piso corretamente aplicado à carreira, a realidade seria outra. Como PEB4D, seu piso (vencimento básico) em janeiro seria de R$ 1.648,96. Aplicadas as gratificações que totalizam 120%, o salário total deste professor iria para R$ 3.627,72 pelo cargo de 24 horas. Perda mensal de R$ 1.815,45 por cargo! A perda representa praticamente o mesmo valor do salário que será pago em 2013.

Pelos exemplos acima já se pode perceber o tamanho do confisco aplicado nos educadores pelo governo e seus 51 leitões. Trata-se de um assalto à luz do dia ao bolso dos educadores. Quero crer que um bom escritório de advogado, especializado em direito administrativo e constitucional, de posse destes dados detalhados, juntamente com a legislação em vigor (a Lei do Piso de 2008, a decisão do STF em 2011, as leis estaduais de 2004 e 2005 que criaram o Plano de Carreira e as tabelas salariais dos profissionais da Educação, a Lei do Subsídio criado em 2010, e a recente lei com as modificações que representaram o confisco total nos direitos e salários dos educadores, etc.) pode-se provar na Justiça que os nossos direitos foram agredidos. E que, portanto, devem ser reparados. A Lei do Piso é nacional, tem um fundo próprio de financiamento - o FUNDEB -, sendo que o estado poderá pedir aporte federal para complementar o que for necessário - desde que prove que não possui recursos pŕoprios para pagar o piso.

Portanto, a desculpa da falta de dinheiro em caixa não tem apoio legal. A outra desculpa, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) também não tem base legal, já que os tribunais de contas dos estados têm afirmado categoricamente que a lei do piso não se choca com a LRF. A própria LRF tem a solução para o problema. Como se trata de cumprimento de lei federal e de decisão judicial irrecorrível (ADI 4167 no STF), os estados podem ultrapassar os limites previstos na LRF. Claro que para isso terá, a posteriori, que fazer ajustes nas contas d oestado, cortando em outras áreas, coisa que o estado de Minas já deveria ter feito desde 2008, mas preferiu continuar com sua política de choque de gestão (confisco) pra cima dos educadores.

Portanto, não podemos perder a confiança de que venceremos essa questão na Justiça. Além da mobilização popular que devemos manter, com o esclarecimento de como o estado está se comportando com os educadores de Minas.

Um bom domingo para todos, com muita conspiração e energia na luta, até a nossa vitória!

Para consultar o simulador do governo, clique aqui.
Para consultar as tabelas do subsídio, clique aqui.

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P.S.: Antes de iniciar a pesquisa... Tive uma ideia. O desgovernador do estado tem agradecido o apoio dos colegas que não participaram da nossa greve. Acho isso profundamente desagradável para com a maioria dos colegas que não aderiu à greve de 2011. Seria interesse que esses colegas fizessem algum tipo de manifesto escrito dispensando essa deferência prestada pelo desgovernador. Algo mais ou menos assim: "Senhor governador do estado, nós, que não participamos da greve de 2011, não o fizemos em apoio à criminosa política que o governo de Minas vem realizando no estado. Estamos cientes de que todos os educadores estão perdendo dinheiro com o confisco do piso salarial que o senhor não nos pagou. Não participamos dessa greve por razões nossas, incluindo o corte de salário que o seu governo realizou injustamente contra os nossos colegas que fizeram greve. Isso não quer dizer que não podemos aderir às futuras greves. Pedimos o favor de não usar o nosso nome em vão, sem nos consultar, pois não estamos de acordo com a sua política de confisco salarial. Assinam...".

Claro que esta é apenas uma sugestão, que poderia ser discutida nas escolas. Mesmo que poucos educadores queiram realizá-la já teria um efeito importante junto à comunidade. E nem precisariam assinar, para não se comprometer. Bastaria fazer assim: "Nós, educadores da escola tal, que não participamos da greve dos educadores de 2011...".

Um forte abraço,

Euler


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Relatório da reunião do NDG realizada ontem, dia 26/11/2011

Olá, pessoal da luta, membros do NDG e demais colegas!

Boa noite!

Acabo de chegar da reunião do NDG em Belo Horizonte. Foi uma reunião muito produtiva, que contou com a participação de três dezenas de lideranças do nosso movimento, incluindo a coordenadora do sindicato Beatriz Cerqueira.

Na oportunidade, todos puderam falar, analisar o momento em que vivemos e várias propostas foram apresentadas. Entre elas, vou destacar aquelas que foram consideradas prioritárias:

a) a elaboração imediata de uma carta-resposta aos ataques do governo de Minas, para que seja distribuída em todo o estado, a partir das escolas, mas também nas praças públicas. Uma comissão foi tirada para elaborar esta Carta esclarecendo a população sobre o que vem acontecendo em Minas. Assim que a Carta estiver pronta nós a disponibilizaremos também na Internet para que seja distribuída por e-mail, nos blogs, etc;

b) assistência jurídica de alto nível para ingressar na justiça cobrando o dinheiro roubado em 2011 e o pagamento do piso na carreira. Além disso, foi colocado também a necessidade de ingressarmos com pedido de intervenção federal em Minas Gerais. Esta demanda jurídica foi encaminhada para a direção sindical para que esta contrate o melhor (ou pelo menos um dos melhores) escritório de advogados do país. Vamos acompanhar esta demanda;

c) política de formação cidadã nas escolas. Foi formada uma comissão para preparar um material com textos, vídeos, imagens que possam fazer parte de um rico apanhado sobre a realidade da Educação pública em Minas e dos educadores. Este material seria trabalhado pelos profissionais das 3.700 escolas de Minas, e com isso, nas nossas aulas, estaríamos formando e informando politicamente a comunidade escolar, envolvendo educadores, alunos e pais de alunos e apoiadores;

d) dossiê sobre a realidade. Foi aprovada também a criação de um detalhado dossiê sobre a Educação em Minas e a realidade dos educadores, que tiveram sua carreira destruída pelo atual governo. Assim que estiver pronto este dossiê será disponibilizado na rede. Em outro post vou passar o e-mail do responsável pelo dossiê - o combativo Bruno - para que ele possa receber as sugestões;

e) elaboração, pelo sindicato (e também pelo nosso blog, de forma complementar) de uma tabela comparativa entre o subsídio e o piso na carreira, analisado a partir de várias realidades funcionais e entre os anos de 2012 e 2015. É muito importante que cada educador tenha a consciência de quanto ele está perdendo, até para que ele não se iluda com a propaganda enganosa do governo;

A proposta do outdoor também foi mencionada, mas a colega Bia disse que nessa época do ano, próxima do Natal, os pontos principais já estão contratados pelo comércio e grandes empresas. Outras propostas serão discutidas nas próximas reuniões.

Análises e reflexões:

A parte dos encaminhamentos que eu coloquei acima ocupou, na verdade, o segundo momento da reunião. Inicialmente, fizemos uma rica e democrática discussão. Todos consideraram a greve de 2011 como um acontecimento de grande relevância para a categoria e como forma de denunciar o que se passa em Minas Gerais. Houve diferentes opiniões acerca de encaminhamentos e orientações dadas pelo sindicato.

Houve consenso em reconhecer que o atual governo representa um projeto de poder conservador, com métodos fascistas e modelo gestão típico do neoliberalismo. Suas premissas passam pelo sucateamento dos serviços públicos essenciais.

Foram feitas várias críticas ao comportamento dos deputados inimigos dos educadores. Diferentes visões foram apresentadas acerca do papel do estado e dos seus instrumentos de dominação. A mídia também foi criticada, juntamente com justiça e a procuradoria da justiça em Minas.

Enfatizou-se a necessidade de fortalecermos a nossa organização pela base, em cada escola, como meta prioritária. Quanto à organização sindical, alguns colegas defenderam que é necessário que haja uma correspondência da diversidade existente na base da categoria na direção e demais órgãos do sindicato, acabando com a hegemonia de um único grupo.

Enfatizou-se ainda a necessidade de se fortalecer o trabalho das subsedes, muitas das quais não vêm realizando as atribuições colocadas.

Foi levantada ainda a necessidade de unificarmos a luta de todos os educadores do Brasil para cobrarmos do governo federal mais verbas para a Educação (campanha dos 10% do PIB já). Ao todo, foram realizadas greves em 23 estados, com a omissão do MEC e sem uma política de unificação por parte da CNTE. Vários outros pontos foram abordados sobre estes e outros temas. Oportunamente traremos estas reflexões para a apreciação dos colegas.

A reunião de hoje, que foi a primeira do NDG na Capital, recebeu, por sugestão do capitão NDG Rômulo, o nome de Luis Carlos Martinho, que era sobrinho do comandante João Martinho, e que faleceu recentemente, e era um lutador social que realizava trabalho em escola rural, junto aos camponeses pobres do Norte de Minas.

Sugeriu-se ainda que reuniões semelhantes, sempre horizontais e informais, realizem-se em todo o estado, visando fortalecer a luta do nosso sindicato, criticando quando necessário, e apresentando sugestões e propostas de ações para fortalecer o nosso movimento.

Um forte abraço e força na luta!

Euler


sábado, 26 de novembro de 2011

População de Minas e do Brasil está escandalizada com a atitude do governo mineiro contra os educadores


Clique aqui e conheça a lista de deputados inimigos da Educação pública e dos educadores de Minas. Para conhecer a cara (de pau) dos elementos clique aqui. Agora, para ver a lista dos AMIGOS dos educadores, clique aqui. (A montagem foi feita pelo combativo colega Robson).



População de Minas e do Brasil está escandalizada com a atitude do governo mineiro contra os educadores. Candidatura do padrinho pode ser sepultada antes de decolar. Intervenção Federal não está descartada. NDG prepara ação popular (nos dois sentidos) para cobrar direitos adquiridos pelos educadores.


Uma categoria enorme e sofrida como a dos profissionais da Educação não merecia o tratamento de choque que recebeu e vem recebendo do desgoverno de Minas Gerais. Na ânsia de destruir o movimento organizado dos educadores e de confiscar todos os direitos da categoria, para continuar a sua política de choque, o governo mineiro está destruindo o próprio projeto político do padrinho do atual governador. E numa só tacada, o governo de Minas está levando para o bueiro toda a sua base parlamentar, hoje completamente desmoralizada perante a população de Minas Gerais.

Cada uma das 3.700 escolas de Minas Gerais é hoje um reduto de resistência e de divulgação daquilo que vem acontecendo em Minas Gerais contra os educadores. O governo de Minas confiscou os direitos adquiridos dos trabalhadores da Educação, ao acabar com as gratificações e vantagens, como: quinquênios, biênios, pó de giz, entre outras, e ao destruir a carreira dos educadores, reduzindo os percentuais de promoção (de 22% para 10%) e de progressão (de 3% para 2,5%).

No ano em que os professores e demais trabalhadores da Educação deveriam comemorar a importante conquista do piso salarial nacional, que se tornou lei federal (11.738/2008), considerada plenamente constitucional pelo STF, o que faz o governo de Minas Gerais? Rouba o sonho dos educadores de finalmente ver realizada uma política de valorização do vencimento básico, política esta conquistada com o piso. Mas, o governo mineiro, em função da prioridade que dá às obras faraônicas, que beneficiam aos empreiteiros - que depois financiam suas candidaturas -, e também aos juros de banqueiros; à compra da grande (em negociatas, não em jornalismo) mídia e à contratação de centenas de funcionários em cargos comissionados, decidiu aplicar a mais terrível política de choque de confisco e congelamento salarial sobre os educadores.

A nefasta atitude do governo - embalada numa propaganda diária que tem custado milhões aos cofres públicos - preocupa também todas as categorias dos servidores públicos de Minas. Ao exterminar com a carreira e com os direitos adquiridos dos educadores, o governo de Minas criou uma situação de insegurança jurídica para todos os servidores do estado. Todos se sentem ameaçados, pois a qualquer momento, sob qualquer pretexto - como fez com os educadores - o governo de Minas poderá destruir as carreiras dos demais servidores.

Recebi e-mails de vários profissionais da Educação com 25, 30 anos, ou até mais tempo de serviço prestado à Educação pública em Minas, todos eles manifestando o seu desespero ante à nova realidade implantada em Minas Gerais com o sistema de subsídio, que cassou todos os direitos adquiridos por estes profissionais. Não adianta o governo mentir para a popular e dizer que os valores nominais estão mantidos ou foram até aumentados. Ninguém é idiota a ponto de não perceber o que o governo fez com os educadores: aplicou um violento confisco salarial (mais um), presente e futuro.

Ao exterminar o sistema de vencimento básico, o governo desvinculou o salário dos educadores do piso salarial nacional. O resultado disso é que, em janeiro próximo, o reajuste do piso nacional, que deve girar entre 16,69% e 22%, não será aplicado ao subsídio imposto pelo governo. Ao contrário, os educadores receberão um pífio reajuste de 5% somente em abril de 2012. E nos próximos anos será a mesma coisa: enquanto o piso nacional oferecerá reajustes bem acima da inflação - duas ou três vezes mais do que a inflação - a política de choque de reajuste salarial em Minas pode representar zero de reajuste, ou no máximo 5% ao ano, muito abaixo, portanto, da inflação e do piso nacional.

O mesmo se pode dizer em relação ao resultado do rebaixamento que o governo aplicou aos níveis e graus nas tabelas salariais, respectivamente para 10% e 2,5%. Isso representa mais um novo confisco sobre a remuneração dos educadores, de todas as realidades. Tenham os educadores 5 anos de casa ou 30 anos, todos, sem exceção, estão perdendo dinheiro mensalmente com o sistema de subsídio, que foi criado para burlar a Lei do Piso, e com isso manter os educadores de Minas em situação de total penúria. As perdas variam de R$ 200,00 mensais para os novatos a R$ 2.000,00 mensais para os mais antigos.

A situação pode ser considerada um tanto quanto mais grave se considerarmos que, com o piso salarial, criou-se no Brasil um sistema nacional voltado para a valorização dos educadores. O piso tem um fundo próprio - o FUNDEB - que receberá, inclusive no caso de Minas Gerais, uma complementação de cerca de R$ 1,2 bilhão de reais em 2012. Isto significa que o governo de Minas, além de contar com a ajuda federal e com os recursos do FUNDEB do estado, poderia, caso comprovasse não ter dinheiro em caixa para pagar o piso, recorrer ao governo federal para receber novo aporte de recursos, pois, em se tratando de Educação pública, Minas está entre os 10 estados mais pobres da União a poder recorrer a tal ajuda. Se não o faz, é porque não se dispõe a abrir as suas contas e provar que usa corretamente as verbas da Educação - e esta é a única condição para solicitar a ajuda federal.

Ao invés de pagar o piso na carreira como manda a lei federal, o governo de Minas aplicou o choque de subsídio e pretende convencer a população de que já paga até mais do que o piso - o que provou ser falso, já que, se assim fosse, bastaria pagar somente o piso na carreira e economizaria dinheiro. Logo, o piso do governo é fictício - como a tabela salarial que ele disse que criou -, baseado na negação da lei do piso, pois ele contraria a decisão do STF de que o piso é vencimento básico e não remuneração total, como é o caso do subsídio, criado compulsoriamente pelo governo.

Como disse o advogado Marcus Guerra, que é filho de professora, num bem fundamentado comentário feito no post anterior:"... essa lei aprovada ontem é inconstitucional simplesmente pelo fato de negar aos professores o direito de opção e ferir os direitos adquiridos dos mesmos." De fato, é inamissível o que o governo fez contra os educadores e urge ingressarmos com ações judiciais de peso para recuperar os nossos direitos. O próprio subsídio foi uma afronta a direitos assegurados em lei, pois foi criado e aprovado quando a lei federal do piso já estava em vigor e determinava o pagamento do piso enquanto vencimento básico nas carreiras existentes nos estados. Além disso, o governo cassou o direito de opção pelo antigo sistema, que já havia acontecido anteriormente. Ou seja, cerca de 153 mil educadores que optaram legalmente por deixar o subsídio - e foram até punidos ilegalmente por isso, com a redução salarial aplicada em julho deste ano - foram reposicionados novamente no subsídio, de forma compulsória.

Teoricamente, o governo pode mexer no sistema remuneratório; mas se ficar comprovado que esta mexida teve o claro objetivo de burlar uma lei federal - a lei do piso -, e com isso cassar direitos adquiridos pelos educadores, causando enormes prejuízos financeiros presentes e futuros a estes profissionais, é claro que esta lei deve e será questionada na Justiça.

Não se pode ainda desconhecer a possibilidade de se cobrar uma intervenção federal em Minas, uma vez que o estado, ao descumprir uma lei federal e provocar a destruição e o sucateamento da Educação pública, pode estar causando perdas irreparáveis para milhares e até milhões de pessoas, entre educadores e estudantes.

Vou narrar aqui, rapidamente, dois exemplos de como as atitudes de intransigência e crueldade do governo mineiro estão refletindo no cotidiano das pessoas. Na madrugada de anteontem, após aquele vergonhoso papel dos 51 deputados cordeiros do governo, parte da combativa bancada de Vespasiano e São José voltou numa Van, já bem tarde da noite. Na estrada, ao saber que, em função do que fez o governo mineiro, uma nova greve pode acontecer em 2012, o que nos disse o motorista da Van? Que ele não vai fechar contrato com os estudantes da rede estadual. E muito provavelmente isso está acontecendo em todas as regiões de Minas, em várias outras áreas, que dependem dos estudantes ou dos educadores da rede estadual. O governo mineiro está causando um enorme prejuízo a centenas de comerciantes, já que milhares de educadores ficaram quase quatro meses sem salário.

Um outro exemplo. Um colega do Interior, cujo nome e cidade vou omitir, falando sobre as dificuldades que passou durante a greve, disse-me que teve a sua vida praticamente desestruturada, por conta do corte de salário realizado de maneira irresponsável pelo governo. Ele me disse que seu dinheiro acabou completamente e que ele teve que sair de casa e ficar em BH, perambulando pelas ruas da Capital mineira e pegando qualquer bico para sobreviver. Quando houve o acampamento na ALMG ele tomou aquele acontecimento quase como uma benção dos céus, pois ali pelo menos estavam garantidos o local para dormir, o café da manhã e o almoço. E me confidenciou: preferia morrer de fome a ter que voltar para a escola! E se nova greve acontecer, podem contar com ele - disse-me.

Vejam bem a que situação chegou a truculência de um governo servil aos interesses das elites. O governo de Minas não mede qualquer consequência na sua ação de intimidar, perseguir e coagir os educadores, através dos seus capitães do mato, muitos dos quais travestidos de diretores de escola ou secretárias de estado. Nós dissemos aqui: se o governo não pagar o piso como manda a lei e como é um direito constitucional não haverá pacificação em Minas Gerais.

E seguramente, se de um lado os educadores saem momentaneamente atingidos, outros personagens também estão com suas carreiras ameaçadas. Entre eles, os deputados da base do governo e seus apoiadores. A partir desta data, os seus nomes e fotos circularão em todas as cidades de Minas Gerais, como inimigos da Educação pública e dos educadores. Na mesma linha, o nome do atual senador pelo Rio de Janeiro (com o perdão dos cidadãos do Rio, que não merecem isso) e padrinho do atual governador também está diretamente associado aos que apostam na destruição das carreiras dos educadores e da Educação pública no estado.

E fechando esse quadro de resistência aos ataques do governo, urge construirmos a nossa auto-organização pela base para realizarmos grandes mobilizações populares. Em cada escola os educadores devem começar a construir essa organização, com os educadores, pais de alunos e estudantes, e apoiadores da comunidade, deixando claro para todos que a única forma de evitarmos uma prolongada greve em 2012 será através de grandes mobilizações. Devemos estabelecer a meta de colocarmos 100 mil pessoas na Cidade Administrativa para protestar contra a política de destruição da Educação que é promovida pelo governo mineiro.

Somos 400 mil educadores. Nossos direitos foram agredidos por um governo sem compromisso com o social e com os de baixo. Estamos em contato com 2,3 milhões de alunos diariamente, que têm, juntamente com seus familiares, o maior interesse na construção de uma escola pública de qualidade para todos - direito este praticamente cassado com a política de desvalorização dos educadores desenvolvida pelo governo.

É preciso que todos nós saibamos unir esta força social para construir os nossos objetivos comuns: pelo piso, pela carreira, pela Educação de qualidade, pelo Ipsemg, pela saúde pública, pela moradia popular digna para todos, etc. O oposto, portanto, dos interesses defendidos pelo governo de Minas e outros mais.

O golpe do governo de Minas contra os educadores está longe de ser uma coisa definitiva e duradoura, como tenta apresentar o governo para a sociedade. Pelo contrário. Ele só vem provocando mais descontentamento e mais apoio de diversos setores da população à causa dos educadores.

A nossa resposta a este golpe do governo já começa ser construída. Em cada escola, em cada bairro, em cada cidade e em todo o estado de Minas, e até em outros países. Surge uma grande mobilização, em todas as áreas, para desfazer o estrago realizado pelo governo. Ação na Justiça, movimentação e ação popular, boicotes nas escolas, paralisações pontuais, divulgação do que vem acontecendo através de vários meios, e a construção da unidade dos de baixo contra o governo e seus apoiadores.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


P.S.: Reunião do NDG - sábado, 26/11 - na sede da Escola Popular - Rua Ouro Preto, nº 294 - Barro Preto - BH - referência: em frente ao Bar "Brazil". A partir das 14 horas.

***

Frei Gilvander:

Boletim da resistência de DANDARA - Nº 4 - Belo Horizonte, MG, Brasil, 24/11/2011

1. Ocorreu nesta quarta-feira, dia 23/11/2011, às 9h00, audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em auditório desta mesma casa, a respeito da ameaça de despejo que recai sobre Comunidade Dandara e das ações intimidatórias de setores da Polícia Militar que se configuram como um verdadeiro terrorismo psicológico às famílias dandarenses. Leia reportagem sobre os posicionamentos e deliberações tomados pelas autoridades acerca da situação de Dandara:

Comunidade Dandara quer que estado desaproprie terras.

2. Festa de lançamento do novo álbum da banda Graveola e o Lixo Polifônico na Dandara: confira os links, textos e fotos desta festa que foi um marco para o cenário cultural de Belo Horizonte, inaugurando uma nova relação entre a arte e as lutas sociais em BH:

Coletivo Pegada: Graveola na Dandara

IloveBubble: Dia Bonito com Graveola e Amigos na Festa da Dandara

Graveola e Dandara no caderno Divirta-se do Estado de Minas

3. Confira nos links abaixo textos que explicitam a situação do PL 1271/2010, de autoria do vereador Adriano Ventura, que declara de utilidade pública o terreno da Dandara, votado por dois dias seguidos na câmara dos vereadores de Belo Horizonte, mas adiado, nas duas vezes, por falta de quorum. Conheça os vereadores que votaram contra e a favor e continue colaborando na campanha pela aprovação do projeto.


Votação na segunda-feira (dia 7) com a comunidade presente no plenário.

Votação na terça-feira ( dia 8) sem a comunidade no plenário.

4. Confira o resultado da campanha internacional: Contra o despejo, com a Dandara eu luto! no site: http://salvedandara.concatena.org/

Ajude a Campanha Internacional: publique sua foto no Facebook e mande para salvedandara@gmail.com

5. Colabore nas companha para terminar o Centro Ecumênico de Dandara e na campanha para pintar todas as casas de Dandara. E participe neste domingo, 27, a partir das 9 horas, de mutirão de pintura em toda a Comunidade Dandara.

6. Confira o artigo "Ocupar e invadir" de João Paulo Cunha, surpreendentemente publicado no caderno Pensar do Estado de Minas, furando o bloqueio que este veiculo mantinha sobre a Comunidade Dandara: Ocupar e invadir. Por João Paulo Cunha.

Ocupação Dandara - Brigadas Populares

http://ocupacaodandara.blogspot.com

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cinismo do governo mineiro não tem fim. Educadores vão mostrar que não estão para brincadeira


Cinismo do governo mineiro não tem fim. Tentam convencer a população de que o confisco salarial aplicado foi ganho real para a categoria dos educadores. Pensam que os educadores são tão ridículos quanto eles. Educadores vão mostrar que não estão para brincadeira, e que não se tomam direitos assegurados em lei sem resistência, sem luta. Minas vai viver momentos de grandes mobilizações populares.

Pessoal da luta, acabo de acordar e por isso, daqui a pouco, publico novo post. De imediato, quero adiantar: não aceitamos o que o governo fez com a categoria. As coisas não funcionam dessa forma, e isso o governo e seus aliados precisam aprender. Não se roubam os direitos de uma categoria numa canetada, embalada pela conivência de 51 deputados serviçais. Lógico que isso não vai ficar assim. Lógico que não vamos aceitar isso.

Não adianta o governo colocar suas secretárias para falar sem parar nas rádios, jornais e TVs, todos pagos com o nosso dinheiro, e que sequer têm a dignidade de abrir igual espaço para o sindicato da categoria se defender.

Vamos nos organizar e dar a resposta. Queremos e vamos recuperar cada um dos nossos direitos roubados durante 2011 e 2012. Não aceitamos o golpe que foi dado e que nos tirou a carreira e o piso. Claro que isso não ficará impune.

Já no dia 26, sábado, às 14h, haverá reunião do NDG em BH para analisarmos a situação e discutirmos nossos próximos passos. O NDG é formado informalmente pelos educadores da luta. Vamos discutir e apresentar propostas para ações efetivas em todos os campos, jurídicos e políticos, tendo em vista o fortalecimento da luta que é dirigida pelo sindicato da categoria.

Daqui a pouco, após o café, eu retorno com as análises. Tenho recebido muitos e-mails com propostas. A categoria está viva, e se mobilizando em toda Minas Gerais. O governo e seus deputados não têm ideia do que eles provocaram em todo o estado, no Brasil e até fora do país. Até mesmo de um combativo aliado, que mora em Portugal e é filho de professora, recebemos e-mail. Minas está na mira de muitas vozes indignadas com o que aconteceu.

Por isso, mais do que nunca podemos dizer que a nossa luta continua, que o chão de Minas vai tremer como nunca, e que o indecente ato do governo de cassar os direitos da categoria ao piso e à carreira terá respostas, não ficará impune e que vamos dar a volta por cima e conquistar os nossos direitos.

Daqui a pouco vou analisar alguns detalhes do confisco aplicado à categoria.

Um forte abraço, força na luta e até mais tarde um pouco!

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Retomando, pessoal da luta!

Primeiramente, é preciso que fique claro para toda a população mineira e mundial, aquilo que o governo de Minas fez com os educadores. Vamos começar pela novela do subsídio e da redução salarial.

O governo implantou compulsoriamente o subsídio, que é uma forma de fugir do piso salarial, de confiscar as gratificações e reduzir os percentuais de promoção e progressão na carreira. Mas, quando foi implanto o subsídio, em meados de 2010, para entrar em vigor em janeiro de 2011, o governo de Minas imaginava que o piso enquanto vencimento básico não passaria no STF. Naquele momento, o piso estava suspenso por força de liminar garantido pela ADI 4167, impetrada por cinco desgovernadores (RS, CE, SC, PR e MS). Como o governo achava que os ministros manteriam a decisão liminar, de que o piso era remuneração total de salário, ele acabou deixando uma porta de saída do subsídio, para quem optasse pelo antigo sistema, de vencimento básico mais gratificações.

Em abril de 2011, para o desespero do governo, ao julgar o mérito da malfadada ADI 4167, o STF rejeitou-a, considerando o piso enquanto vencimento básico, e todos os seus artigos como matéria constitucional. Ou seja, o piso é lei e deveria ter entrado em vigor imediatamente. Nesse instante, 153 mil educadores fizeram opção de saírem do subsídio, realizando o direito facultado pela própria lei do subsídio implantada pelo governo de Minas.

A partir daí, o governo de Minas começa uma novela de horrores, voltada para forçar a categoria a aceitar o subsídio, claramente desvantajoso em relação ao antigo sistema remuneratório. Primeiro, o governo reduziu ilegalmente os salários de quem optou para o sistema de vencimento básico. Tendo recebido durante seis meses um salário reajustado após a implantação do subsídio, os 153 mil educadores tiveram seus salários reduzidos aos valores de 2010, redução nominal de salário, coisa que agride claramente a Constituição Federal e ao princípio da irredutibilidade salarial.

Além disso, o governo agrediu também ao princípio da isonomia, já que, ao cortar o reajuste aplicado a uma parcela da categoria, fez com que uma parte dos educadores tivessem reajuste em 2011, e a outra parte, das mesmas carreiras e nas condições funcionais, fosse privada desse reajuste. Tudo em nome de uma chantagem voltada para obrigar os educadores a voltarem para o subsídio, abrindo mão do piso. Mesmo assim nós resistimos, e passamos meses e meses com salário reduzido e cortado, graças a outra agressão feita durante a nossa greve legal de 112 dias, pelo cumprimento de uma lei federal, a Lei do Piso.

Tudo isso acontecendo ante ao silêncio e à omissão covarde da Procuradoria Geral da Justiça, que no final, ao invés de cobrar do governo o cumprimento da lei, acabou ingressando na justiça contra os educadores, pedindo a ilegalidade da nossa greve. Mais parece um órgão de assessoria do governo do que de fiscal da lei.

Omissão também se verificou por parte de um legislativo formado, na maioria, por deputados sem qualificação moral para exercerem aquela representação. Um representante do povo que não ouve os trabalhadores, e que aprova os projetos do governo, mesmo sabendo que eles trarão sérios prejuízos para estes servidores públicos, não merece o respeito da população. Devem ser banidos da vida pública.

Até então, qual seria a obrigação legal do governo de Minas? Implantar o piso salarial nacional nas carreiras dos educadores. Mas, ao invés disso, o governo de Minas continuou sua novela de horrores. Primeiro, apresentou uma proposta ridícula de tabela salarial com R$ 712,20 para todos os educadores, dos diversos níveis de escolaridade. A proposta virou uma chacota nacional, quando um assessor do líder do governo na Assembleia Legislativa, em um ato falho, declarou, no momento em que os educadores mantinham acampamento naquela casa homologativa: "Se eu ganhasse R$ 712 ia ser servente de pedreiro".

Finalmente, para conseguir o fim da greve e enrolar ainda mais os educadores, o governo ofereceu um termo de compromisso, assinado e tudo mais, através do qual se comprometia a promover aprimoramentos nas duas formas de rumuneração: subsídio e sistema de vencimento básico. Não cumpriu sua palavra, claro, pois desde o primeiro momento a intenção do governo era forçar a implantação do subsídio para todos.

Esgotado o prazo de tramitação no projeto de lei dos R$ 712 na casa homologativa, e tendo sido desmascarado nacionalmente pelo jornal Folha de São Paulo, que mostrou que Minas paga o pior piso salarial do país, o que fez o governo?

Mandou a tal comissão tripartite à favas, passando por cima do acordo assinado e enviando o substitutivo número 5 ao projeto de lei 2355 (dos 712,00) para a casa homologativa. Este substitutivo acabava com o antigo sistema remuneratório e reposicionava todos os servidores, compulsoriamente, no sistema de subsídio. A ordem do governo aos seus carneiros na casa homologativa era: aprovem este projeto! É uma ordem! E assim eles fizeram, carneiramente, tendo recebido o complexo substitutivo num dia, e no outro, sem que tivessem sequer tempo hábil para debater o teor do projeto, aprovaram sem dar uma palavra de explicação aos educadores. Paus mandado, e nada mais. Não merecem o respeito e muito menos a confiança do povo mineiro quem tem assume atitude.

O substitutivo do governo, transformado em lei, cassa as gratificações conquistadas pela categoria ao longo de décadas de trabalho. Muda para menor e para pior os percentuais de promoção (de 22% para 10%) e de progressão (de 3% para 2,5%) na carreira. E, ao acabar com o vencimento básico e criar uma parcela única de salário, enquanto remuneração total, o governo fica desobrigado a seguir os reajustes anuais do piso salarial - já que o valor total do subsídio é maior, obviamente, do que o valor proporcional do piso, que é valor de vencimento inicial. Em 2012, por exemplo, enquanto todos os estados vão aplicar o reajuste de 16,69% indicado pelo MEC, em Minas Gerais os educadores terão apenas 5% de reajuste. Só aí já será um confisco de 11,69%. Mas, os confiscos não vão parar por aí, pois até 2015 poderá haver reajustes de no máximo 5% no subsídio, enquanto os reajustes do piso nacional, baseados nas alterações anuais do custo aluno ano, são sempre superiores.

E reparem, colegas, que o governo ainda sequer se explicou perante a população do seu ato irresponsável. Vejam vocês: ele fez aprovar uma lei (do subsídio) que facultava a opção, pelos educadores, por outro sistema em vigor, o do vencimento básico. Ele castigou quem voltou para este sistema, com a redução salarial ilegal em julho deste ano. E depois obrigou estes mesmos educadores que optaram pelo sistema de vencimento básico a voltarem compulsoriamente para o subsídio. Ora, quem deixou o subsídio, esperava que o governo fosse honesto e pagasse o piso que é lei federal na carreira, como manda a lei federal, combinada com as leis estaduais. Mas, ao invés disso, o governo impôs uma redução salarial e depois retornou com os 153 mil educadores para o subsídio. Eu lhes pergunto: isso é atitude de governo sério? E a mídia mineira, não diz nada sobre isso? Será que os jornalistas e editores desses jornais e rádios e TVs gostariam que isso acontecesse com eles?

Portanto, colegas de luta, não nos resta outra alternativa senão continuarmos a nossa luta pela conquista dos nossos direitos. Precisamos retomar o diálogo com os pais de alunos e com os estudantes, explicando-lhes o que o governo fez com os educadores, e que poderá levar à destruição da Educação pública em Minas Gerais. O que é altamente nocivo, especialmente para os filhos dos trabalhadores de baixa renda, que precisam e têm direito a uma escola pública de qualidade.

Precisamos deixar bem claro para todos os colegas educadores, e para os pais de alunos e para os estudantes: se eles não querem uma nova e prolongada greve em 2012, envolvam-se na nossa luta. Participem dela, e nos ajudem a salvar a educação pública em Minas e a carreira dos educadores. Vamos nos articular para fazer grandes mobilizações populares, principalmente em 2012, que é ano eleitoral, e que este projeto de governo neoliberal será julgado nos feudos do estado.

Além de mobilizar as nossas fileiras, precisamos buscar uma assessoria jurídica eficiente e especializada em direito administrativo para cobrar do governo todos os nossos direitos confiscados: da redução ilegal do salário em 2011 ao piso nas carreiras. Não aceitaremos nada menos do que isso e queremos cada centavo que nos foi confiscado.

Além disso, precisamos envolver também os organismos federais. Não dá para assistir a omissão tanto do governo federal, que tem responsabilidade compartilhada na aplicação do piso, quanto do Congresso Nacional, que aprovou a lei do piso, criou uma comissão de acompanhamento, mas nada fez até agora. Precisam responder por isso, inclusive judicialmente.

Finalmente, precisamos organizar outros mecanismos de pressão, como abaixo-assinados e lei de iniciativa popular. Não podemos descartar a possibilidade de uma lei de iniciativa popular pela federalização da folha de pagamento dos educadores. Algo que mobilizaria os educadores de todo o Brasil, em torno de um Plano de Carreira Nacional, com um piso decente e a desvinculação dessa folha das garras dos governos regionais. A Educação pública é coisa séria demais para ficar nas mãos de governantes regionais que não têm qualquer compromisso com políticas sociais, com o presente e com o futuro de muitas gerações dos de baixo.

Há muito o que fazer, colegas de luta, e não vamos nos acomodar. Não pense o governo que tendo aprovado no tapetão essa esdrúxula lei que acaba com o piso em Minas, que vamos aceitar tudo resignadamente. Não vamos.

Portanto, a nossa luta prossegue, até a nossa vitória!

Um forte abraço a todos e força na luta!

P.S.: Reunião do NDG - sábado, 26/11 - na sede da Escola Popular - Rua Ouro Preto, nº 294 - Barro Preto - BH - referência: em frente ao Bar "Brazil". A partir das 14 horas.

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Frei Gilvander:

Belo Monte e a Questão Indígena: Andréa Zhouri

Cf. no link, abaixo, a análise da Dra. Andréa Zhouri (ABA-UFMG), professora de Antropologia e Sociologia, durante o seminário "A Hidrelétrica de Belo Monte e a Questão Indígena", ocorrido no dia 07 de fevereiro de 2011 na Universidade de Brasília. Veja que tragédia será Belo Monte! Enquanto na Bolívia os indígenas tem consciência do seu poder, no Brasil o "desenvolvimentismo" é a nova cara do genocídio contra índios e toda biodiversidade. Assim como a Transposição do Rio São Francisco, Belo Monte começou, mas não terminará, pois é uma obra maldita. A quem ainda não se convenceu, inclusive, com o depoimento dos/as artistas contra Belo Monte, sugiro que assista ao vídeo “Belo Monte e a Questão Indígena: Andréa Zhouri”. E divulgue ao máximo.

http://www.youtube.com/watch?v=npoLn9pzJ5E

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
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Facebook: gilvander.moreira
skype: gilvander.moreira


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De: Liga dos Camponeses Pobres

Escrito por LCP de Rondônia e Amazônia Ocidental
Qua, 23 de Novembro de 2011

No dia 18 de novembro o camponês Luiz Antunes foi covardemente torturado por policiais civis e militares do município de Buritis, no PA Rio Alto. Os camponeses deste assentamento já sofreram vários ataques de bandos armados do latifúndio. No pior deles, os camponeses Élcio Machado e Gilson Gonçalves foram barbaramente torturados e assassinados em dezembro de 2009. Até hoje os responsáveis por estes crimes seguem impunes.

Por volta das 13:00 horas o camponês Luiz retornava de moto da cidade quando foi fechado por três caminhonetas sem identificação próximo ao seu lote. Cerca de 15 policiais armados saíram dos veículos e sem nenhuma explicação ou perguntas o derrubaram no chão, pisaram em sua garganta e iniciaram sessões de sufocamento com saco plástico, espancamento com porretes e com um cabo de foice que estava no local. Os policiais queriam que Luiz assumisse delitos ocorridos na região do Projeto de Assentamento Rio Alto e o torturaram sem parar durante duas horas, deixando várias marcas no seu corpo.

Depois, os policiais levaram Luiz ao hospital municipal de Buritis para tomar remédios no intuito de disfarçar os ferimentos. Além da covardia da tortura praticada, os policiais ainda tiveram a cara de pau de divulgar em uma página de notícias da internet que Luiz “havia corrido de moto ao avistar os veículos e que seus ferimentos eram causados por uma queda que havia sofrido durante a fuga”. E como se não bastasse, Luiz ainda ficou preso por dois dias na delegacia de Buritis antes de ser liberado.

Luiz foi torturado por que cometeu o “crime” de ser pobre. Ninguém tortura deputado corrupto, bandidos de colarinho branco ou latifundiários e seus bandos armados. A tortura é crime inafiançável no Brasil, mas sempre foi amplamente utilizada por policiais, devido à certeza de impunidade nos crimes praticados pelo Estado. A tortura sempre foi um dos muitos crimes praticados por policiais de Rondônia, que atuam como milícia armada dos latifundiários.

A região de Buritis tem sido palco de perseguições e criminalização continuada aos camponeses pobres que lutam pela terra, a polícia civil e militar sempre tiveram participação direta, seja ameaçando, torturando ou assassinado trabalhadores.

Em Rondônia dezenas de ocupações estão ameaçadas de despejo, ao mesmo tempo em que os latifundiários e seus bandos armados seguem cada vez mais encorajados a atuar impunemente diante da escalada repressiva por parte do poder judiciário, polícias e dos monopólios de comunicação, todos a serviço do latifúndio.

Este caso é grave e representa a total falência da reforma agrária do governo, onde os camponeses que lutam são duramente reprimidos e nenhuma terra é cortada. A ouvidoria agrária e o Incra são responsáveis diretos pelo que vier acontecer aos camponeses do Rio Alto.

Exigimos punição aos policiais envolvidos nos casos de torturas e assassinatos de camponeses na região de Buritis.

Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental - LCP

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