sábado, 27 de novembro de 2010

A batalha no Rio é resultado da exclusão dos de baixo


Do brilhante cartunista Latuff


O que acontece hoje no Rio de Janeiro não deve ser visto com perplexidade. Nem mesmo se deve lançar um olhar apressado, com as lentes míopes dos recortes da mídia burguesa. A primeira conclusão a que chegamos, diante dos combates entre os aparatos armados do tráfico e das polícias é que aquilo que ocorre no Rio de Janeiro é o resultado direto do massacre cotidiano da população de baixa renda pelo capital, e consequentemente pelo Estado e pelo mercado.

Décadas de abandono dos de baixo, de exclusão, de discriminação, produziram uma forma dita marginal de comércio e tráfico de drogas, ligada ao mercado tanto quanto qualquer outra forma de tráfico de mercadoria, embora formalmente considerada criminosa. Quantas outras formas criminosas de tráfico são cometidas diariamente por bandidos de colarinho branco, que escapam impunes e são até mesmo bajulados pela grande mídia? Claro que não queremos com esse argumento defender qualquer forma de crime, ou de bandidos, sejam os do tráfico de drogas, das milícias paramilitares, ou de banqueiros ou políticos corruptos .

Mas, não podemos deixar de perceber que esta realidade que atinge a Cidade Maravilhosa é uma realidade socialmente construída pela reprodução do capital, com as bençãos das elites, que cinicamente cobram mais polícia, mais repressão, mais cadeia, como se isso fosse a solução para os problemas vividos naquele estado e nos demais.

O que falta ali, como aqui, é mais investimento na Educação Pública, na Saúde pública, na construção de moradias para as pessoas de baixa renda, na criação de projetos de arte, cultura, lazer para a criançada e políticas de geração de emprego; na criação de uma mídia comprometida com as culturas regionais e com a democracia, e não essa mídia criminosa, que impõe valores consumistas, egoístas e preconceituosos através das novelas, jornais e programas diários, e que fecha os olhos para os reais problemas sociais dos de baixo.

As novas gerações, despolitizadas, deseducadas, tragadas por uma cultura de identidades fugidias e trincadas pelo consumismo vazio acabam embarcando no crime organizado como meio de cortar caminho para a propaganda enganosa do poder e do consumo de luxo como passaporte para o paraíso terrestre. Premida entre os destacamentos armados do tráfico organizado e o Estado a serviço de minorias privilegiadas, a população de baixa renda se sente acuada, órfã de projetos maiores de sonhos e de mudanças que empolgaram gerações de jovens de outras épocas.

No vazio de um mercado sem alma, sobram balas perdidas para todo lado e faltam solidariedade humana e utopias em busca de um mundo melhor para todos. Mas, não se iludam: os grupos armados pelo tráfico nas favelas são apenas arraia-miúda. Justificam os investimentos na segurança pública, e sobretudo na segurança privada; ajudam a eleger deputados demagogos que fazem coro ao cretinismo moralista de uma parcela saudosista da ditadura militar acostumada ao açoite nos de baixo e que agora clama por mais cadeias, no lugar de mais escolas e hospitais.

Devemos estar atentos para que, diante da realidade de exclusão própria do capitalismo, ao invés das soluções pela via de mais democracia e mais investimentos no social, ganhem força as idéias neo-fascistas do preconceito em relação ao diferente, aos mais pobres, e de mais polícia como solução para os problemas sociais. A segurança pública é necessária, neste contexto criado pelo capital, para proteger a comunidade; mas, a maior segurança ocorrerá quando as diferenças sociais não justificarem a prática de assaltos, de exclusão, de discriminação. Quando pudermos enfim andar livres e despreocupados pelas ruas de qualquer cidade do Brasil. Sem os muros dos condomínios fechados, nem as barreiras do crime organizado.

***

Incorporo ao texto central o comentário do nosso combativo colega e amigo professor Rômulo, um lutador, um guerreiro valente, que não perde a ternura. Torcemos pela recuperação da Clarice, cuja existência/resistência é um exemplo e nos torna ainda mais comprometidos com a luta por um mundo melhor para todos.

* * *

"Rômulo:

Primeiro gostaria de compartilhar um momento de alegria. Minha filha caçula, Clarice, depois de 01 ano e três meses internada, recebeu alta no último sábado dia 20 de novembro (Dia de Zumbi). Foi uma festa lá no barraco!

Hoje cedo me preparando para ir à Reunião do Conselho Geral do SINDUTE-MG, ao colocar a dieta da manhã em sua sonda (devido as sequelas neurológicas de seu câncer ela se alimenta via sonda) percebi que a mesma estava obstruída.

Corri com ela para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais perto. De lá liguei para uma companheira que me disse que a primeira parte da reunião seria uma análise de conjuntura.

Não poderia estar presente nessa discussão, mas vivi uma manhã com um "CONJUNTURA" daquelas.

Na UPA não havia pediatra. E cirurgião pediátrico? Muito menos, meu senhor. E Cirurgião Geral? Também não. E uma enfermeira? Ainda não chegou.

Corri para o Hospital da Rede FHEMIG mais próximo. Tem cirurgião pediátrico? Não. E qualquer outra especialidade na área da cirurgia? Tem, mas para o caso da sua filha é só o cirurgião pediátrico.

Acabei tendo que retornar ao IPSEMG. Lá a Clarice já é conhecida, é a "Filha do Professor". Somente uma cirurgiã pediátrica de plantão para toda aquela imensidão de hospital. Demorou exatas 02 horas e 18 minutos. Na hora de trocar, o tamanho da sonda usada na Clarice não tinha no hospital. "Sondas são artigos de luxo no IPSEMG", disse a Clodilte, auxiliar de enfermagem. Adaptaram uma outra.

Voltamos para casa. Fiquei pensando nos milhares de brasileiros que não voltam por causa do não atendimento básico à saúde.

Chegamos em casa já eram quase 14hs. Não pude participar da discussão de análise de conjuntura. No caminho de volta ouvi no rádio que segundo o IBGE nos últimos 05 anos foram fechados 11.500 leitos de urgência no país.

Fiquei pensando: Será que algum camarada abordou isso na discussão?

O peito começou a doer. Só melhorou quando abri o PC e li a excelente reflexão do Companheiro Euler sobre o recrudescimento da criminalização da pobreza nas favelas do Rio.

O pulso ainda pulsa."


* * *

"S.O.S. Educação Pública:

Caro Euler

Comovente o relato do colega Rômulo, estimo as melhoras da valente Clarice e rogo a Deus forças a todos os pais e mães desse país, que além da doença dos seus filhos tem suas dores potencializadas pela precariedade da saúde pública. Infelizmente a mídia não dá destaque a esse tipo de violência, pois a mesma junto com as autoridades só entendem a palavra "violência" quando os bens materiais são ameaçados.

Aqui no Rio, a represa do descaso histórico com que a população de baixa renda vem sendo tratada transbordou. Graças a décadas de abandono e falta de recursos, o crime organizado proliferou nos grotões miseráveis e literalmente atingiu o asfalto. Em pânico a sociedade clama e aplaude a o uso da força bruta, iludida espera que a repressão resolva o problema. A grande maioria teme pelos bens materiais esquecendo-se que vidas continuam ameaçadas.

Gostaria que todo esse caos tivesse o efeito de despertar a nossa sociedade para cobrar das autoridades o respeito à vida e o direito à cidadania da população pobre, mas parece que todos estão focados apenas na supressão do sintoma, esquecendo-se de pedir remédio para erradicar as causas.

Ótimo fim de semana

Graça"



***

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Folgo em saber as boas notícias que o Professor Rômulo nos trouxe, apesar dos sustos. Mas quero dar minha palavra sobre o calvário do Rio de Janeiro, e nosso também (por que não? Afinal o Rio é porta de entrada para Minas, e nós pegamos as sobras na diminuição do número de turistas). Lá pelos anos de 1982, eu gostava de ouvir programas policiais. Tinha vezes que eu sintonizava na Rádio Capital SP, onde ouvi a triste história de um estuprador, tão triste que comoveu o Afanásio Jazadi, que era um grosso com os bandidos. Outras vezes eu sintonizava na Rádio Guanabara RJ, hoje Bandeirantes Rio. Lá tinha um reporter policial chamado Vilmar Pales. Este era um tremendo gozador. Ele criticava a corrupção dizendo que nas repartições de trânsito cariocas, se você desse um ''Castelo'' (nota de cinco mil cruzeiros) ganhava uma carteira de motociclista. Dois castelos, a de motorista. Três castelos, motorista de caminhão e ônibus, e quatro castelos, uma carteira para dirigir avião. Ele ia assim procurando diminuir a aspereza das más notícias que tinha de narrar. Lembro de um assalto em Olaria, em que os bandidos levaram até caminhão de mudança para carregar os teréns de um industrial. Anos depois aconteceu o mesmo com minha prima (duas vezes em 15 dias), sabe aonde? em Uberaba... As vezes ele comparava, Rio e Minas, com vantagem para nós. Um dia ele disse que para Belo Horizonte igualar um só fim de semana do Rio, precisava de seis meses... E explicava para os ouvintes, que o Rio era um estado sem lei, e Minas, sim, é que tem lei. Os mineiros são obedientes. Eu ouvia orgulhoso e deliciado os comentários do senhor Vilmar Pales, que agora estou manjando que queria os votos dos mineiros que moram lá. No mesmo ano foi eleito deputado federal pelo PDS.

Pois é, 28 anos atrás o Rio de Janeiro já era este caldeirão que estamos vendo.

Hoje, pelo visto, não posso mais me orgulhar de MG. Eduardo Azeredo na sua inepta administração conseguiu que os bandidos se transferissem para cá. E Belo Horizonte que era um oásis de paz hoje também padece, assim como Ribeirão das Neves e outras cidades vizinhas.

Como BH é diferente dos anos 40. Li na obra de M.A.Leandro, ''Sá Girarda'', uma biografia romanceada da sua avó, que esta estava dentro do bonde Padre Eustáquio (que se eu não me engano chamava Vila Futuro). Esta que estava com o seu cesto de quitandas que fazia para vender, notou uma moça aflita com os arreganhos de seu companheiro de poltrona, que a ia obrigando a se encolher. A velha perguntou: ''Moço, vancê tá assado? se vancê tá assado passa porvilho que sara, uai''. O homem não respondeu e a velha deu-lhe com a bengala no lombo. Foram todos para a cadeia, mas a velha foi liberada. O homem ficou preso.

Saudações, João Paulo Ferreira de Assis.
"

* * *

"Anônimo:

OLá Euler:

Nesse final de ano está muito difícil ficar a par das novidades sobre as negociações e decições do Estado em relação ao novo plano de carreira,e como ele será implenmentado o ano que vem; teve reunião, e assembleia aqui em Uberlândia, porém no horário marcado estava trabalhando,muitos que estão a par estão em silêncio, você sabe dizer a esse respeito? Dizem que tem uma cartilha que o sindute está disponibilizando pessoalmente e não enviando para as escolas. Dizem também que está tendo reunião do sindute aí em BH esse final de semana. Se possível gostaria que postasse sobre ela.
Um abraço!
"

* * *

"Iara Félix:

Minha contribuição para os fatos ocorridos no RJ, é de extrema indignação. Considero as estratégias militares cheias de argamassas, que na próxima temporada de chuva, precisará de novos retoques, por que?

Simples, o dilema das políticas universalistas ou focais já foi superado, visto que há um acordo sobre a necessidade de políticas compensatórias para fazer frente à desigualdade inicial observanda nos setores destituídos da população. Pode-se pensar que a compensação serve mais ao clientelismo político, cujo objetivo é sobretudo eleitoral. Neste caso, a compensação monetária pessoal torna-se prêmio pela lealdade a um político ou governo. O uso de categorias mal definidas como mães de paz ou jovens em estado de vulnerabilidade deve ser mais bem pensado para que órgãos como PRONASCI não perca o rumo da intervenção social. Senão vejamos. Alguém conhece mães que sejam de guerra? Que mães estão excluídas da categoria de paz? Em 10 anos de pesquisa de campo, quanto a crimes violentos em bairros favelados da nossa cidade (Vespasiano-MG), nunca encontrei mães que incentivem seus filhos a participar de guerras de quadrilhas.

Deparei-me, porém, com tios e tias que, com seu trabalho voluntário, criaram encontros e conversas informais em locais públicos, assossiações recreativas, religiosas ou de moradores, times esportivos e até em reuniões fechadas de "bocas". E todos os jovens que gravitavam em torno de gangues e/ou quadrilhas, sempre afirmaram e continuam afirmando, que a vontade de acabar com o sofrimento de suas mães era o principal motivo para saírem da vida bandida. Jovens vulneráveis, além de armas, valorizam o uso de drogas ilegais das quais perdem o controle. Usuários fissurados, especialmente no crack, fazem subir as estatísticas criminais, como acontece na região metropolitana de BH, desde 1990. Não seria sensato apostar em mediadores locais; já não está claro que a cultura cívica do respeito ao outro, do diálogo e da equidade deveria estar sendo difundida em todas as escolas, associações e meios de comunicação de massa?

Um Forte Abraço!

PS:Divulgue meu blog companheiro, minha pesquisa precisa de contribuições, com o perfil dos usuários do seu blog.
"


P.S. do Blog: Clique aqui para conhecer o blog da nossa combativa colega Iara Félix.

***

Leiam também:

- S.O.S. Educação Pública: "ATÉ QUANDO VAMOS TER QUE ANDAR SOBRE O FIO DA NAVALHA?
"

- Vi o Mundo: "O Brasil derrota o Brasil. Para delírio do Brasil
"

- Escrevinhador:"Quem será o Capitão Nascimento em Brasilia? A direita e o “BOPE para todos”
"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A cruz que carregamos...



Cantoria 1 - Semente de Adão (C.Fernando - G. Azevedo) / Viramundo (Capinan - G.Gil)

Peguei emprestado a última frase do comentário do nosso colega e amigo professor João Paulo, que transcrevo a seguir, para dar o título deste post. Ao final, farei um breve comentário. Fiquem agora com as sábias palavras do nosso colega João Paulo.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

São problemas para nós a carga horária que obriga o professor detentor de dois cargos a praticamente morar na escola, como a indefinição sobre qual a melhor atitude a tomar. Eu com 25 anos de magistério (na verdade menos, pois fiquei o 2º semestre de 1988 sem lecionar, bem como fevereiro e março de 1987)entendo que devo continuar na atual carreira, pois pelo que sei, a opção pelas 30 horas só será possível se houver turmas disponíveis. E o aumento anual, também só se dará se houver disponibilidade.

Enquanto ficamos nesta indefinição, a gente vai morrendo aos pouquinhos com o desinteresse dos alunos, a indisciplina e outras coisas mais. Penso que esses problemas disciplinares tem a ver com a cultura de violência que os alunos presenciam não só em suas casas mas na comunidade. Certa vez eu cheguei numa sala, para lecionar o quarto horário. Tinha havido durante o recreio uma batalha de papel. Uma das bolas estava sobre a mesa do professor. Eu a desenrolei e vi um texto escrito. Uma professora havia dado como atividade que os alunos narrassem sua história de vida. O aluno rasgara a parte onde constava seu nome. E ali estava uma história de vida muito triste. Ele contava as surras que a mãe lhe dava quando ele ia nadar numa lagoa que uma empresa reservara para guardar os rejeitos do processo de fabricação do cimento. Narrou também a sua descoberta de que a mãe cometia adultério com um vizinho. Depois narrou a separação de seus pais, e sua vida errante junto ao pai, à avó e ao irmão. Por fim lamentou-se de que a mãe não se interessa por ele. Fiquei pensando que uma história de vida dessas bem que poderia justificar uma resistência à autoridade do professor, que assim leva as sobras por culpas que cabem a outros. Francamente era preciso que no quadro das escolas tivesse psicólogos que atenderiam esses alunos. Esta minha teoria de que há uma ligação entre os fatos, foi comprovada por um exemplo que eu ouvi num programa policial. Eu varava as madrugadas ouvindo a Afanásio Jazadi, na Rádio Capital, de São Paulo. Certo dia a PM paulista prendeu um estuprador. O repórter policial foi entrevistá-lo aos gritos, como ele sempre fazia com os bandidos. O bandido falando baixo narrou sua história triste. A mãe era prostituta e não tendo com quem deixá-lo, permitia que ele, criança, presenciasse o atendimento dela aos clientes. Aos 16 anos ele perdeu contato com ela. E em toda mulher ele projetava a figura materna, e estuprava por puro ódio. Eu percebi nas últimas perguntas do repórter que este se compadecera daquele infeliz, que provavelmente foi assassinado no cárcere. Eu me convenci que um passado de violências sofridas possa fazer um aluno se tornar francamente insubordinado. Que pesada cruz nós temos de carregar!

Saudações, João Paulo Ferreira de Assis. "


* * *

Comentário do Blog: As análises e reflexões do nosso colega João Paulo nos fazem pensar sobre muitas coisas. Sobre como uma sociedade injusta (re) produz uma sociabilidade marcada por agressões às pessoas desde a infância, preconceitos os mais variados e condições de vida desumanas.

Toda esta realidade acaba respingando como tragédia no colo dos professores, que na maioria das vezes se sentem fragilizados pelas condições de trabalho, pelos baixos salários e pela falta de estímulo.


São relatos de vida que se encontram em pedaços num espaço que tem a grandiosa tarefa de "recuperar", salvar, educar para uma vida toda, as muitas gerações maltratadas por sistemas cuja dinâmica está voltada para favorecer a alguns poucos.

É verdade também que, para além das nossas cruzes - e o(a) educador(a) parece carregar as mais pesadas cruzes do planeta - encontramos também realidades que nos fazem orgulhar da atividade que escolhemos. Muita gente encontrou caminhos diferentes daqueles com os quais conviveram numa infância sofrida. Mais do que testemunhos escritos, todos os dias eu encontro com ex-alunos que exercem hoje as mais diferentes profissões - quase sempre com salários melhores que os nossos, claro - e com grandes sonhos pela frente.

Não nos resta outro caminho senão continuar a nossa luta, a nossa crítica cotidiana, as nossas cobranças e a nossa permanente busca por uma sociedade mais justa, o que passa pela conquista de uma Educação pública de qualidade para todos. Concordo plenamente com o colega João Paulo quando ele reclama a ausência de psicólogos - diria mais: assistentes sociais, médicos, músicos, etc. - nas escolas.

O espaço da escola pública é hoje talvez a grande oportunidade para uma recuperação tardia das muitas vidas abandonadas e despedaçadas por sistemas voltados para moer os nossos sonhos, especialmente os dos de baixo.

Daí que a Educação pública, e os educadores, e os alunos, precisam ser tratados com carinho, com atenção, com respeito. Somos todos vítimas de um desencontro social provocado pela reprodução sistêmica do capital. Mas, altivos, permanecemos de pé, a cobrar e a lutar pelos espaços que nos foram negados ou expropriados pelos de cima. E que cada estudante, do pequeno guri da escola infantil aos adultos das EJAs e similares, tenha a oportunidade de aprender a pensar criticamente o seu meio e virar o mundo ao avesso, transformando-o, qual sina proferida na cantiga Viramundo, "em festa, trabalho e pão".


"S.O.S. Educação Pública:

Somos carregadores de cruz, por amor ao próximo, optamos pelo magistério, não por falta de opção ou por sermos fracassados.

Para ser professora ou professor é necessário ter uma grande força de vontade e resistência para nadar contra a corrente. Não somos santos nem sacerdotes, apenas seres humanos que têm consciência do potencial da espécie. Entretanto a humanidade prefere o sofrimento provocado pela ignorância e se lança raivosamente contra todos aqueles que ousam abrir as portas da felicidade pela via do esclarecimento. O egoísmo é o maior obstáculo à nossa evolução e é o combustível que move a humanidade, a liberdade, a união, a paz e a justiça prometidas e desejadas não passam de metáforas, pois no fundo a escravidão ao consumo e o individualismo é que importam.

Os profissionais da área da educação, salvo raras exceções, acreditam na possibilidade da construção de um mundo melhor. Lutamos e nos alegramos com o progresso e o sucesso do próximo. Nada mais gratificante que ver um aluno bem sucedido.

Os baixos salários, a violência, as injúrias e a indiferença que somos alvos, é uma prova cabal da nossa importância, pois estamos a serviço da liberdade e não da escravidão. Infelizmente, a Cruz, em pleno século XXI, continua a ser imposta a todos aqueles que desejam educar para a libertação.

Contudo não podemos ficar parados e deixar que a cruz nos esmague, precisamos nos unir e cobrar o cumprimento das leis, o ECA, por exemplo, é para nós um poderoso aliado, temos o dever de nos mobilizarmos e cobrar das autoridades a assistência legal para as nossas crianças. O isolamento do individualismo é o que mantém e reforça essa estrutura cruel e desigual.

Sabemos que o caminho é estreito, que o cálice de fel será ofertado a todo momento, mas não desistimos, pois somos movidos pela certeza e continuaremos lutando, só o fato de existirmos já é um ato de resistência e unidos podemos virar o jogo.
"

"Anônimo:

Meu nome é Clayton.

Quero utilizar esse verdadeiro meio de comunicação para informar aos educadores e leitores sobre a realidade do choque de gestão.

O Sindfisco mg publicou uma cartilha esclarecedora sobre o verdadeiro choque de gestão. Quero até mesmo propor que nós, professores e educadores, estudemos e utilizemos esse material para elaborar nossos planos de aula. Ou seja, será um grande trabalho do servidor público à sociedade mineira, pois esperar da grande mídia será muita inocência de nossa parte.

Site:
http://www.sindifiscomg.com.br/contas_publicas/
"


"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Quero elogiar os dois comentários que me precederam, e que são de muita substância. Para continuar no magistério depois de ver muitas acontecerem consigo, é preciso coragem em tresdobro. Que tal uma professora que foi perseguida pela própria inspetora escolar, prima de seu pai. E que perdeu as aulas para uma outra candidata, também prima, que assinara ponto numa escola sem ter dado aula, por ordem da inspetora? Que tal ter sido nomeada diretora de uma EE da zona rural, e ter tido sua posse impedida porque na calada da noite fundiram uma turma, que reduziu a quatro o número de classes, e a escola com isso só teve direito a uma coordenadora, escolhida entre suas professoras. Que tal uma professora ter sido submetida a processo administrativo, porque a diretora, sua cunhada, ESCONDIA o livro de ponto para impedi-la de assiná-lo. Ou uma que também respondeu processo administrativo só porque um aluno entendeu de SUBORNAR dois colegas com barras de chocolate adquiridas na cantina da escola, para que acusassem falsamente à professora de agressão física contra o corruptor ativo, e isto numa turma então chamada 4º ano primário. Ou uma outra, que foi agredida pela avó de um aluno só porque teve o ''desplante'' de lecionar ''programa de saúde'' numa escola rural. Porque as mães achavam que a professora as estava chamando de porcas. Não sei não. Mas se tivesse acontecido comigo algum desses episódios evocados acima, eu DESISTIRIA. Mas essas mártires foram até o fim, e se aposentaram como professoras. Da professora caluniada, só sei que um dos alunos se arrependeu e revelou para a mãe toda a farsa. E o processo foi sustado.
Tudo isso são fatos que chegaram ao meu conhecimento.

Cordialmente, João Paulo Ferreira de Assis.
"

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brigas domésticas que respingam nas escolas...


O nosso colega e amigo professor João Paulo apresentou uma sugestão de leitura do jornal O Tempo que o blog achou interessante colocar em destaque. Eis a mensagem do nosso colega João Paulo e em seguida o link do referido jornal com vários textos sobre as brigas dos pais na frente das crianças, que acabam se reproduzindo nas escolas.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Queira desculpar-me a extrapolação, mas para o nosso próprio bem, é preciso que se leia a edição on-line de O Tempo, sobre a inconveniência de os pais brigarem na frente dos filhos, pois causa um grande trauma na criança, que se torna violenta e agressiva na escola. E muitas vezes nós levamos as sobras de uma briga conjugal entre os pais dos nossos alunos. Numa reunião de pais e mestres, alertei aos pais para que não brigassem perto dos seus filhos, pois além de causar sofrimento para eles intervia no comportamento deles na escola.
Não só devemos ler, mas espalhar para ver se acabamos com essa cultura da violência. "

Eis o link do jornal O Tempo online com os textos mencionados.

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22 de Novembro: homenagem ao insubmisso João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata (1910), mais um dos muitos heróis do povo brasileiro. Cliquem aqui e conheçam um pouco dessa história.

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Visitem também:

- S.O.S. Educação Pública:"GREVE - PORTUGAL
"
- Proeti no Polivalente: "PINTOR MINEIRO JOSÉ GERALDO OLIVEIRA: A ARTE EM TELA
"
- Mulher com Multifacetas:"Profissão professora
"
- Blog da Cris: "
O Sentimento"
- Sind-UTE MG: "
Sind-UTE/MG questiona Lei Delegada à Justiça
"

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Incorporo ao texto central os comentários abaixo:

"Anônimo:

Olá Euler;

Sempre estou lendo o seu blog e comentários dos visitantes, hj quero concordar plenamente com último comentário do Luciano de História sobre as questões das horas dos cargos, um de 30 hr e outro de 24 hr é muito desgastante, observo isso com os professores na minha escola que possuem dois de 24 hr.

Eu tenho um de 24 hr efetivo e outro Lei 100 com 5 aulas, está razoável, conheço um professor que tem planos de exonerar um cargo para terminar o seu mestrado e fazer o doutorado, com dois cargos é quase impossível se dedicar ao mestrado ou doutorado numa federal, devido ao tempo de dedicação exigido nesses casos.

Uma possibilidade é criar outras opções de carga horária, já fui efetiva no Estado de SP, lá vc tem 3 opções carga mínima que é a que vc começa quando toma posse (15 aulas), intermediária e a máxima 40 horas. O professor teria que ter essas opções de carga horária, até para ter tempo durante o período de estudos.


Um abraço!
"

Comentário do Blog: De fato, dois cargos completos é algo realmente desgastante. Já trabalhei em duas redes com dois cargos distribuídos em três turnos e cerca de 20 diários para preencher. É realmente desgastante. Por isso, a jornada de 30 horas (20 de docência e 10 extraclasse), como lembra o colega Luciano, especialmente para quem tem somente um cargo (meu caso atualmente) é uma alternativa razoável. E de fato, professores de Matemática e de Português já cumprem essas 20 horas em sala de aula.

Mas, para quem tem dois cargos, embora a lei permite que um dos cargos seja de 30, é preciso levar em conta que a pessoa perderá, no cargo de 30, aquele dia extraclasse fora da escola, a que habitualmente se chama de "folga", mas que é de trabalho em casa - de correção de atividades, de planejamento de aulas, pesquisa, etc.

"Anônimo:

Euler, me tira uma dúvida. Quem ganha atualmente 935 reais, passará a ganhar 1320 reais? (a pessoa tem licenciatura plena, 9 anos, 1 quinquênio, 2 biênios). O governo começará a pagar no salário de janeiro ou fevereiro? E os efetivados terão direito a tudo o que está na lei?

desde já te agradeço

um grande abraço
".

Comentário do Blog: Caro Anônimo, pela nova tabela salarial, todos os professores (à exceção de quem não possua licenciatura plena ou formação equivalente) receberão, a partir do salário de janeiro de 2011, que é pago no quinto dia útil de fevereiro, o novo salário de R$ 1.320,00. Mas, quem, pela somatória de salários e penduricalhos, estiver recebendo salário bruto maior do que os R$ 1.320,00 será posicionado no grau correspondente à soma do referido salário (básico + penduricalhos) acrescido de 5%. Mas, o governo deve baixar resolução detalhando a aplicação das novas tabelas, inclusive para os efetivados da Lei 100, que até o momento não tiveram direito às promoções e progressões. Aguardemos.


"Paulo Prudêncio:

Acabei agorinha de ler a biografia do João Cândido que o companheiro Rômulo me emprestou. Detalhe: O camarada Rômulo só tem me dado ótimas dicas de leitura.

Negro da Chibata, a vida do mestre-sala dos mares. Escrita pelo jornalista Fernando Granato e lançada pela Editora Objetiva em 2000.

Excelente pesquisa. Livro riquissímo em detalhes sobre a vida e a luta do Almirante Negro. Gostaria de sugerir a leitura a todos os companheiros e companheiras.

Uma leitura contagiante que mostra uma vida de privações e sofrimentos intensos; e também o grande censo de justiça e liberdade do Almirante Negro.
"

"Anônimo:

Caro anônimo,
Haverá encontro de representantes de escolas, hoje, dia 24/11, às 18:00 horas na sede da cut, rua Curitiba, 786, 2an, centro, BH. Portanto, convide mais pessoas e vá a esse encontro esclarecer as suas dúvidas. É importante buscar as informações e repassá-las de forma fidedigna para o maior número de pessoas, para que juntos, possamos delinear uma nova estratégia de luta.
"


Atenção: aos interessados que queiram se inscrever para a designação em 2011, cliquem aqui (site da SEE-MG).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O debate e as conquistas...


20 de novembro: Dia da Consciência Negra
Clique na imagem e veja o cartaz do Sind-UTE-MG


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O post abaixo, como tem acontecido com os demais posts deste blog, foi enriquecido pelo debate fraterno e demais comentários dos colegas de luta Graça Aguiar, Rômulo, Luciano História, Anônimo de Uberlândia e outra Anônima. Impressionante como a qualidade dos comentários faz toda a diferença nos espaços da blogosfera - e não apenas aqui.

As divergências de opinião, pelo menos aqui no blog, como são originadas de pessoas que gravitam numa mesma situação social - os de baixo -, quase sempre acabam encontrando pontos convergentes, mesmo guardando as diferenças ideológicas ou de enfoque.

No geral, ou melhor, no frigir dos ovos, pelas condições objetivas a que estamos envolvidos, acabamos por nos encontrar no mesmo lado da trincheira, aquela que separa os assalariados-explorados dos poucos que detêm as riquezas produzidas por todos nós.

Há uma turma cada vez mais isolada, que não frequenta este blog, felizmente, que ainda alimenta enormes preconceitos em relação aos pobres. É o caso daquele ridículo comentarista da RBS-Globo de Santa Catarina, que teve a cara de pau de culpar os pobres pelo aumento dos acidentes de trânsito no feriado. Pelo fato de que parcela da população de baixa renda esteja adquirindo automóvel. Esqueceu
de dizer o infeliz que, além de andar de carro, nós agora estamos com mania de andar de avião, também.

No calor do debate do post abaixo, uma visitante Anônima nos lembrou que temos conquistas alcançadas pela nossa maravilhosa revolta dos 47 dias a comemorar e outras a esperar e a cobrar. É fato. A participação do Sind-UTE no processo de Certificação como primeiro passo para eleição dos novos diretores de escola; a ampliação do percentual para 20% das pessoas com direito a férias-prêmio, além do novo salário de R$ 1.320,00 para janeiro de 2011, entre outros.

Certamente há muitos outros pontos a discutir e a conquistar, como: o correto posionamento dos servidores da Educação com base no tempo de serviço prestado; o retorno de percentuais de promoção e progressão do atual plano de carreira; a questão das 30 horas e sua aplicação; o terço de tempo extraclasse, o concurso público, etc. São demandas que serão cobradas do governador reeleito.

A par disso, temos também demandas a cobrar da nova presidenta da República Dilma Rousseff, que este blog ajudou a eleger para derrotar a candidatura da extrema-direita e garantir a permanência e a ampliação de políticas sociais em favor dos de baixo. Além disso, Dilma se comprometeu a tratar como prioridade a questão da Educação pública de qualidade para todos, especialmente o item salário mais digno para os educadores. Vamos cobrar, claro.


No mais, não deixem de acompanhar a extensa lista de blogs que indicamos na coluna aí ao lado. Ultimamente, as boas informações têm sido produzidas pela blogosfera e não pela mídia a serviço dos governos e das grandes empresas e negociatas outras. Felizmente, este espaço - o da Internet - ainda está preservado do controle exercido pela minoria rica que detém as riquezas que nós produzimos.


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Incorporo ao texto central os comentários abaixo.

"Luciano História
:

Vai ter ou não vai ter concurso? esta é a primeira questão,cargo de 30 é a segunda questão, posicionamento na tabela do subsídio de acordo com sua letra por tempo de serviço é a terceira,respeitar 1/3 de extra-classe no cargo de 24 a quarta.É colega Euler, estamos terminando 2010 com uma serie de indefinições e problemas para 2011. "

* * *

"Wanderson Rocha:

Olá, Euler Conrado,

Escrevi um texto sobre o site Educar para Crescer. Caso ache interessante divulgue:

http://coletivofortalecer.blogspot.com/
"

* * *

"Rômulo:

Realizamos uma combativa e histórica greve no primeiro semestre de 2010 para alcançarmos uma recomposição salarial decente e digna. Nos lembramos muito bem de nossa principal reivindicação econômica: PISO SALARIAL DE R$1320,00 (orientados pelo valor apontado pela LEI DO PISO corrigida em 2010) e CARGA HORÁRIA SEMANAL DE 24HS, SENDO 1/3 EXTRA-CLASSE.

Apontamos com clareza o que é PISO.

Não lutamos para ter subisidio (teto salarial) e muito menos aumentar nossa carga horária e menos ainda mexer em nossa carreira para pior.

O Estado Podre locupletou-se da situação. Eu, juntamente com outros companheiros(as), defendi veementemente na ultima reunião do Comando Geral de Greve não aceitar o acordo (projeto de Lei do Subisidio enviada a ALMG) com o Estado em troca da suspensão da greve.

Respeitamos a decisão da maioria.

Houve um bom combate na ALMG. De acordo com a correlação de forças possível, conseguimos algumas melhoras no projeto.

Contudo, na luta contra o capital, precisamos ganhar mais, trabalhar menos para trabalhar melhor.

Não podemos nunca subestimar nossas forças.

Essa proposta de 30 horas do Estado é pura sacanagem. Ele sabe que a categoria precisa ganhar mais e praticamente a "obriga" a trabalhar mais e ainda por cima vem com a demagogia de opção. Que mané opção o quê! Se fosse opção mesmo, fariam um plebscito com a categoria para escolher a mais justa carga horário de trabalho.

Mais luta pela frente para os trabalhadores em educação de MG: Carga horária e salários justos!

Quanto ao concurso a posição é clara. Foi conquista da nossa greve (assinada e protocolada) que não foi cumprida pelo Estado. É preciso ter memória de elefante e cobrar com juros e correção monetária (desculpe os termos capitalistas).

O cenário para 2011 é de muita luta. O único dialogo que o governo do Filhote do Faraó e seus asseclas entendem é o da greve, da pressão, da categoria nas ruas junto com a sociedade.

E esse momento de fim de ano é de mobilização e esclarecimentos. Existe uma cortina de fumaça a frente da categoria. São muitas dúvidas referentes aos temas muito bem levantados pelo camarada Luciano no comentário acima.

Avante, Companheiros (as)!
"


"Anônimo:

Lendo os comentários vejo que as dúvidas são as mesmas, e quase não se fala sobre eles na escola, o site do sindute também não esclarece, será que tem uma comissão que reune com os secretários do Anastasia para cobrar os acordos? Será que só o ano que vem é que teremos assembleias? Acho que está tudo muito parado e calado.
"


"Luciano História:

Colega Rômulo,me permita discordar de só um ponto que você colocou, que é justamente o cargo de 30.Atualmente temos vários professores de matemática, português e do ensino infantil que trabalham 20 horários em sala de aula e só recebem por 24 aulas, esse cargo pelo menos iria corrigir uma grande injustiça que já ocorre.Outro ponto positivo do cargo de 30 é justamente no caso dos colegas que só possuem um cargo ou que optaram em trabalhar com apenas um cargo( o Euler por exemplo).Concordo que com dois cargos (24 e 30) a carga horária se torna abusiva e pouco produtiva, o ideal era o cargos únicos de 40 e 30 horas ou pelo menos 2 de 20 respeitando o 1/3 extra classe em todos eles.
"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando o carnaval chegar...


Nunca fui muito ligado a essas datas comemorativas tipo Natal, Carnaval, Ano Novo e etc e tal. Mas, o lado bom dessas datas comemorativas é o feriadão, que nos proporciona maior tempo de lazer ao lado dos nossos. Certos trabalhos, como o dos educadores, são deveras estressantes e um feriado sempre cai bem, muito bem.

O feriado de 15 de novembro é um pouco atípico, pois embora teoricamente relembre a dita proclamação da República, na prática não se comemora coisa alguma. As TVs e jornais nada falam sobre o assunto, pois teriam que questionar o tipo de "república" que foi implantada em 1889 em substituição ao regime monárquico então existente, com as permanências do domínio de coronéis regionais, favoritismos e privilégios outros para alguns poucos.

Mas, longe de mim querer questionar o feriado de 15 de novembro, menos pelo simbolismo do acontecimento, que teve pouca ou quase nenhuma adesão popular, e mais pelo feriado em si, enquanto dia de merecido descanso. Acho até que deveriam aprovar uma lei obrigando o gozo de feriados sempre nas sextas ou nas segundas-feiras, para que houvesse o emendão de final de semana. Porque esse negócio de contar com a sorte para evitar que o feriado caia num sábado ou num domingo é o fim da picada. Se há um feriado estabelecido em lei é para que ele seja gozado na sua plenitude. E no domingo não vale!

O primeiro de maio deste ano, por exemplo, caiu num sábado. Ninguém merece! Logo o nosso dia, Dia do trabalhador, que deveria ser todos os dias, mas como é comemorado num único dia, que pelo menos seja num dia da semana privando os trabalhadores - ou seria libertando? - do chamado fardo do trabalho, reconhecido enquanto fazer inconsciente, ou coisa alheia ao nosso controle, voltado para o enriquecimento de outrem.

De qualquer forma, após o 15 de novembro de 2010, que se esgotou no dia de ontem, não há nenhum outro feriado até o Natal, dia 25 de dezembro, o que significa que teremos praticamente mais um mês corrido de trabalho. E no nosso caso, de educadores de Minas, é praticamente 30 e poucos dias de trabalho, incluindo sábados e domingos, vez que estamos repondo aulas em função da nossa maravilhosa revolta-greve de 47 dias.

A categoria de professores é uma das poucas que precisam repor os dias em greve, já que com as outras categorias isso não existe. E nem por isso somos valorizados adequadamente. Pelo contrário: continuamos a categoria profissional mais mal paga do Brasil, se considerarmos a exigência de formação superior e as cobranças de governos e da sociedade como um todo.

Mas, enfim, que venham os próximos feriados, do Natal ao Carnaval - este sim, quando as máscaras são despidas e o Brasil reveste-se de um simbolismo ao avesso, de um sonho não realizado. De festa, de pão e de mel. Amém.

* * *

Incorporo ao texto central o comentário da nossa combativa colega professora Graça Aguiar.


"S.O.S. Educação Pública:

Ótima lembrança, nós somos a única categoria que tem que repor os dias em greve.

Proponho que na próxima greve, em qualquer ponto do Brasil, os educadores levem uma faixa gigantesca com os seguintes dizeres: "Cidadãos e autoridades, não se preocupem, nada se perde com a nossa greve, todas aulas serão repostas". "Apoiem a greve, pois com ela educação tem muito a ganhar."

Acho que com essa medida vamos dar um cala-boca no PIG e nos fariseus da educação.

Grande abraço

Graça Aguiar
"

E a seguir o comentário do nosso igualmente combativo colega e amigo professor Rômulo, que para não quebrar o teclado de tanta raiva deu uma pausa... no teclado, apenas, não na sua ira contra as elites dominantes. Ao final, o nosso breve comentário.

"Rômulo:

Mesmo o Jornal Estado de Minas sendo arqui-reacionário e agir a serviço do Faraó, reconheço que a matéria de capa do último domingo foi interessante de se ler.

Com o título de "Quem financiou a campanha dos 77 deputados estaduais eleitos", o texto aponta informações elucidadoras quanto ao Estado de fato ser o comitê de negócios das classes dominantes.

Um operário companheiro nosso fez até uma bricandeira legal. Disse que os deputados ao invés de irem trabalhar de terno terão que usar aqueles macacões de F1 cheios de patrocinadores.

Vivemos um refluxo da luta de classes. Temos que fazer a avaliação sempre sincera, mas tem uns enfretamentos e reflexões do contraditório que não podem deixar de ser feitas...

...Dilma Rousseff dizer que os Ministros não irão querer os cargos pois o salário é só de R$11.600 é uma coisa estapafúrdia.

Vai aumentar seu próprio salário para quase R$ 28.000... 145 % de aumento.

Não vou escrever mais pois se não vou acabar quebrando o teclado aqui e ando sem grana para outro.

E não venham me dizer que ao fazer essas reflexões eu faço o papel da direita!

Com açúcar e afeto,

R.
"

Comentário do Blog: O combativo Rômulo está longe de ser ou fazer papel da direita. É uma pessoa engajada na luta revolucionária e tem todo direito de fazer suas críticas à esquerda contra as práticas que contrariam os interesses dos de baixo. Venham de onde vier. No caso dos deputados, concordo que eles deveriam usar logomarcas no terno com a inscrição: "eu sou patrocinado pela empresa tal". Isso ajudaria a comunidade a entender o posicionamento que eles assumem.

Já no caso do salário do presidente, percebe-se que o valor atual (cerca de R$ 12.000,00) está realmente abaixo do valor pago aos titulares dos outros poderes - Judiciário e Legislativo, que recebem acima de R$ 20.000,00 mais penduricalhos. Não acho que a questão do salário do presidente seja o maior problema. É bom lembrar o ex-governador mineiro, o faraó, adorava dizer que congelou seu próprio salário como exemplo. E todos nós sabemos que era mera demagogia de um filhinho de papai que passou a maior parte do governo nos hotéis de luxo do Rio de Janeiro, em Santa Catarina e na Europa. Claro que devemos cobrar coerência: se os chefes dos três poderes querem receber salários maiores, não é justo que os servidores de baixa renda continuem recebendo salários de fome. O ideal é que se aplique a proporção de um para 10 na relação entre o maior e o menor salário do estado.

Mas, mais importante até do que o salário da nova presidenta serão as prioridades com os recursos do Orçamento público. Devemos cobrar para que apliquem os maiores percentuais na Educação pública, na saúde pública, no saneamento, na moradia popular, na reforma agrária, etc.

* * *

"Anônimo:

Olá euler:

Dia 23/11 teremos aqui em UBERLÂNDIA uma plenária com a nossa coordenadora do sindute Beatriz Cerqueira,estarei presente para compreender os novos rumos da carreira para a educação e suas consequências.

Em relação ao patrocínio nas eleições, novamente, comentarei que na região do Triângulo, e em Uberlândia, região importantíssima, cidade universitária, não se rendeu ao poderio desses financiadores, quem venceu foi o Hélio Costa e a Dilma, muitos deputados como Gilmar Machado, Welligton Prado, e outros de esquerda se elegeram, os mineiros dessa região estão mais conscientes politicamente.

Um abraço!
"

E a seguir, três comentários do nosso valente colega professor de História Luciano. Em seguida os nossos comentários.

"Luciano História:

Tentei em duas oportunidades escrever sobre os comentários do colega Rômulo, porém ,acabou dando erro.Colega, você é defensor do socialismo, essa teoria já morreu na pratica, nós lutamos em favor dos mais baixos pelo fato dos professores estarem na classe dos mais baixos, a humanidade não nasceu pra ser igualitária, se fosse pra ser, o homem não teria desenvolvido a desigualdade. Eu sou favorável a uma melhor distribuição de renda, as reformas tributária, agraria, educacional, política entre outras.Sou defensor da social democracia e tenho vários exemplos (Canadá, Finlândia, Noruega entre outros) onde essa pratica de politica melhorou de fato a vida da maioria da população sem no entanto acabar com o capitalismo e gerar a igualdade social. Não consigo entender o Brasil principalmente em um ponto, nos paises desenvolvidos, a direita procurou buscar os professores para o lado deles, se algum governante de direita fizesse isso ele mataria por completo a verdadeira esquerda que é a socialista.
"

"28 mil? não paga nem os charutos do socialista Fidel Castro , muito menos as regalias dos grandes líderes da antiga URSS, além do mais em qualquer país do mundo, capitalista ou socialista, um presidente tira mais de 28 mil por fora. Marx escreveu que o socialismo é a DITADURA do proletariado, se é ditadura pra mim não serve. A social democracia foi e continua sendo a melhor forma de governo que eu já vi e estudei. Sei que o colega Euler também tem uma visão socialista revolucionária, e de fato é dificil acreditar que melhorias sociais podem ocorrer no Brasil pelo voto, porém falar que é socialista sem ter noção exata do que isso implica é complicado.
"

"Só uma observação: no Brasil o Partido social democrata é neoliberal, o socialista fala que é social democrata e os trabalhadores são assistencialistas, os democratas são da direita golpista e o movimento democrático rema de acordo com a maré, a esquerda de fato é utópica e inoperante.
"


Comentário do Blog: Muitas questões foram levantadas pelo bravo colega Luciano, algumas delas em torno de aspectos ideológicos. Entretanto, fora de contextos históricos concretos, determinados adjetivos tornam-se sem sentido. Por exemplo: o socialismo soviético na Rússia. A leitura tradicional poderá interpretá-lo como uma espécie de comunismo que não deu certo. Uma outra leitura, inclusive à luz do marxismo, verá naquela experiência nada mais, nada menos do que uma outra forma de capitalismo de estado. Diria mais: rigorosamente, a humanidade não experimentou o comunismo apregoado por Marx, que se baseia na superação do capital, do mercado, do estado, etc. O capitalismo se fez às custas de muito suor, sangue e lágrimas de dor de milhões de trabalhadores, os quais ao longo dos anos arrancaram muitas conquistas em busca de alternativas a este sistema. Mesmo quando não tenham conseguido nos legar um presente melhor do que este que conhecemos. Devemos ao sonho do socialismo (ou do anarquismo, ou do comunismo) - e nunca ao capitalismo - as históricas lutas e conquistas por jornadas de trabalho menores, pelo descanso remunerado, pelas leis trabalhistas, pelas conquistas sociais enfim, que sempre foram negadas pelos de cima.

Claro que devemos ter a consciência de que não se muda um sistema social da noite para o dia. Mas, o capitalismo tem na sua gênese uma força autodestruidora, que se reproduz cegamente, provocando ao mesmo tempo fantásticos horizontes na produtividade, ao mesmo tempo em que submete a maioria da população mundial a condições degradantes. E, gostem ou não, não há solução interna para as contradições inerentes ao capitalismo. Daí porque, mais dia, menos dia, um acerto de contas se fará no embate cotidiano entre os de baixo e os de cima.

Muito provavelmente a nossa geração não assistirá os embates decisivos que definirão os rumos de uma outra forma de sociedade. Enquanto isso, da nossa parte, só esperem uma aguerrida luta pela reapropriação dos espaços e dos tempos e das riquezas que nos foram surrupiados pelos de cima. Nada mais, nada menos.

* * *

"Rômulo:

De grande valia as reflexões do companheiro Luciano.

Respeito profundamente o seu ponto de vista. Porém, tenho outra visão de mundo e me baseio em outras concepções filosóficas.

O que não que dizer que estou do lado da verdade. Longe disso.

Infelizmente pela minha falta de capacidade de sintetizar as coisas, os argumentos, um debate virtual não será possível. Ao enviar a resposta acusará erro, devido ao número de caracteres, que se não me engano deve haver um limite. Posso é ir respondendo por partes, mas não quero receber um puxão de orelhas do nosso preclaro Euler.

Contudo isso pode ser resolvido quando em um futuro breve nos encontrarmos em uma Assembleia da nossa brava categoria. Nesse momento, podemos realizar uma conversa fraterna. Claro, tendo o camarada Euler como mediador....rsssss
"

"
Luciano História:

Colega Rômulo, escrevi sobre esse assunto é pra gerar um debate legal, não tenha receio nenhum de escrever discordando sobre meu comentário. Teve uma vez que eu escrevi que o tempo não poderia ser mais valorizado que o trabalho, os colegas que frequentam o blog do grande euler quase vieram até Janaúba pra me queimarem na fogueira. E quando eu acabei defendendo alguns pontos da lei subsídio, a colega Cris (que ganhou minha admiração) quase me mata .
"

"
Luciano História
:

euler e rômulo, eu sei que o socialismo marxista de fato nunca foi implantado, porém estudando a história do homem uma coisa que eu gostaria de deixar bem claro é que mesmo antes do capitalismo, em qualquer sistema econômico , a desigualdade e a exploração já existiam; eu não acredito que deixará de existir em qualquer sistema pelo fato do homem não querer ser igual. Como professor e amante da história sei da importância do socialismo e do anarquismo nas principais conquistas sociais, o medo dessas ideologias fez com que a burguesia tivesse que ceder em alguns pontos se não perderia o poder. As vezes não sou politicamente correto e desculpem meus bravos colegas por escrever de maneira tão dura meu pessimismo em relação a humanidade e também sobre a ideologia socialista. Na minha opnião se professor ganhasse no mínimo 10 salários a maioria não estaria nem aí para os mais baixos (vocês são uns dos poucos que fugiriam dessa regra), o que eu mais escuto é professor reclamar que pedreiro recebe mais do ele, que ele estudou tanto pra ganhar igual a um trabalhador braçal, anos atrás quando teve aumento das serviçais muitos acharam um absurdo. O ser humano de maneira geral não quer ser igual ao outro, quer ser melhor, isso é um fato historicamente comprovado. "

"
Anônimo:

Olá Euler:

Hoje eu fiquei muito feliz com a notícia que passou para 20% o quantitativo dos professores a tirarem as férias-prêmio, depois de 16 anos, acho que o ano que vem vou ter esse direito conquistado com a maravilhosa greve dos 47 dias, lógico uma conquista, que na minha escola não foi divulgada, engraçado, acho que alguns ficaram arrependidos de criticar tanto os grevistas.

Será que teremos mais conquistas? Estou esperançosa!

Um abraço!
"
* * *

Vejam também:

- Sind-UTE MG: Boletim Informa número 22.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enquanto a poeira assenta...


Debruçado nos resultados eleitorais que deram vitória à primeira presidenta da República da História do Brasil, Dilma Rousseff - no momento, e por um bom tempo, essa vitória sobre a extrema direita golpista brasileira sufoca e atenua todas as derrotas -, escrevo essas breves linhas.

Na verdade, falta-me inspiração momentânea. Todos nós estamos com certa dose de ressaca. Viemos de duas campanhas que tiveram grande importância em 2010 e que nos envolveram em maior ou menor grau.

A primeria delas foi a nossa maravilhosa revolta-greve dos 47 dias, que abalou Minas Gerais e colocou nada menos que cerca de 200 mil educadores em greve por um salário mais justo. Arrancamos um novo teto salarial de R$ 1.320,00 para janeiro de 2011, embora o governo tenha conseguido impor cortes dos quinquênios e biênios para uma parte da categoria que havia sido poupada na primeira reforma, ou melhor, no primeiro choque de gestão iniciado em 2003.

A segunda grande campanha foi a luta eleitoral, especialmente no segundo turno, quando houve a polarização da candidatura do Vampirão, encarnando toda a direita e o atraso mental existente no Brasil, contra a candidatura Dilma, portadora de uma proposta de continuidade das políticas sociais do atual governo federal e de novas reformas em favor dos de baixo.

Em 2011 estaremos atentos para retomar, de modo qualitativamente diferente, as mesmas campanhas, especialmente naquilo que converge para a luta por uma Educação Pública de qualidade para todos. Coisa que, na expressão direta - no papo reto, como dizem nos morros e comunidades do Brasil - da presidenta eleita significa dizer: pagar melhores salários para os professores. Sem rodeios, sem meias palavras, sem tergiversar.

Enquanto não chega esse novo momento, vamos acompanhando o assentamento das poeiras, com as muitas manifestações dos nossos colegas internautas, que nos honram com sua visita e seus comentários. Neste post, aproveitamos para transcrever dois comentários recentes dos combativos amigos e colegas professores Rômulo e João Paulo.

Boa leitura e boa noite para todos/todas, neste início de sexta feira, 12 de novembro, véspera de mais um feriado, o do dia 15, data em que se comemora a Proclamação de uma república que ainda precisa ser apropriada de fato pelos de baixo. Com muita luta, boa dose de coragem, sabedoria e união dos explorados.

* * *

"Rômulo:

Estimado Camarada Euler,

Sem a intenção de desviar o assunto das novas tabelas e do concurso público (que julgamos ser de extrema importância para nossa luta), gostaria de dar um pitaco sobre os recentes acontecimentos que envolvem o "Novo ENEM".

O governo fala em fim do vestibular.

Ora, como pode o ENEM ser o fim do vestibular se para 4,6 milhões de inscritos há, no máximo, em todo o território nacional, trezentas mil vagas, e se as escolas melhor colocadas no ENEM nos últimos anos são exatamente as particulares com altíssimas mensalidades, inacessíveis para a maior parte dos filhos e filhas dos trabalhadores?

Fica essa reflexão, mais uma minhoca na cabeça.

Caramba, estava pesquisando de bobeira aqui na net e li que as provas são impressas pelo maior monopólio da indústria gráfica do planeta, o grupo norte-americano RR Donnelley Moore, com faturamento anual de US$ 7,2 bilhões e presença em mais de 30 países.

Eita!!!!!!!!!!!!

Pra completar o Lula disse que o ENEM foi um “sucesso extraordinário”. Imaginem se houvesse sido um fracasso!
"

* * *

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler:

Andei ausente por uns tempos. De vez em quando é bom conceder-se um tempo. Infelizmente essa juventude envelhecida e envilecida é uma realidade principalmente em Belo Horizonte. E o que é mais espantoso, é que a juventude que mostra preconceito é oriunda do povo, pois enquanto o ensino público e gratuito da UFMG fica para as elites, o ensino particular e pago da PUC-MG fica para os alunos do povão. Pois bem, em janeiro, estava eu cursando mais um PREPES na minha vida, quando, conversando com um aluno (suponho que do Direito, que é o maior ninho de reacionários de direita que existe no meio universitário)ele começou a criticar a política social do governo Lula, e falou até em bolsa pqp (ele disse a palavra toda, por extenso).

Quanto ao Walter Navarro, já esperava isso dele, afinal ele já chamou a minha cidade, Ressaquinha, de cidade que fede. Não posso esquecer que a família dele, em Barbacena, combateu ferozmente a criação do Ginásio Estadual de Ressaquinha, em 1965 (hoje EE Galdino Ananias de Santana, nome do avô paterno do Patrús Ananias). Primeiro foram pressionar os deputados. Não conseguiram. Foram no Magalhães Pinto. E conseguiram que ele não assinasse a criação. Só que não contavam com a reação de Dom Oscar de Oliveira, Arcebispo de Mariana (tido por muitos como reacionário) que mandou um ultimatum para o Governador, que entre perder o apoio da família Navarro e o da Igreja Católica, preferiu perder o apoio da família. Não desistiram. A instalação foi marcada para o dia 10 de janeiro de 1966, e o Ginásio seria instalado pelo Dr. Bonifácio José Tamm de Andrada (pai do deputado Lafayette Andrada). O Dr. Bonifácio foi avisado que em Ressaquinha, ''nada e nem ninguém o esperavam''. E no entanto, todos os próceres estavam lá, inclusive o Cônego Nélson (celebrizado por Roberto Drummond em Hilda Furacão). Avisado, chegou em Ressaquinha e aos quatro minutos do dia 11 de janeiro de 1966 o Dr. Bonifácio Andrada declarou instalado o Ginásio Estadual de Ressaquinha. NOTEM BEM: INSTALADA DE MADRUGADA.

Cordialmente, João Paulo Ferreira de Assis.
"

* * *

Leiam ainda:

- Blog da Cris: "A QUE PONTO CHEGAMOS...
"

- S.O.S. Educação Pública: "
VERBA VOLTA PARA A EDUCAÇÃO
"

- Sind-UTE - MG: "
Deputados eleitos protestam
"

- Mulher com Multifacetas: "Alunos de escolas públicas mineiras em desvantagem
"

- Vi o Mundo: "
Nicolelis: Só no Brasil a educação é discutida por comentarista esportivo
"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Concurso público e salário novo em 2011


Tudo indica que o concurso público para preenchimento dos cargos vagos na área da Educação em Minas Gerais ficará para 2011. Não há mais tempo hábil para realização do certame. No máximo, o que a SEE-MG e a Sepalag podem fazer é lançar o Edital do concurso ainda este ano, tal como fez a Prefeitura de BH.

O lado bom disso é que os atuais servidores - contratados ou efetivos - terão o mês de janeiro inteiro para estudar e concorrer com alguma chance de êxito. Seria bom também que o governo considerasse o tempo de serviço na rede para fins de pontuação.

Além do concurso, o novo salário de R$ 1.320,00 entrará em vigor em janeiro de 2011, para ser pago no quinto dia útil de fevereiro. O grande mistério é ainda sobre o posicionamento dos servidores da Educação de Minas na nova tabela, uma vez que a lei aprovada às pressas na ALMG deixa muitas brechas.

Há também a situação da jornada de 30 horas para os professores, que ficará na dependência de aprovação pela SEE-MG dos pedidos feitos pelos professores. O Sind-UTE MG já reivindicou o direito de acompanhar este processo. Nenhum encaminhamento oficial foi realizado sobre este tema.

Além disso, a categoria tem um conjunto de reivindicações que será negociado no próximo ano com o governador eleito, o afilhado do faraó (Anastasia). Espera-se que, ao contrário da gestão-Faraó, haja maior abertura para o diálogo com a categoria. Se isso acontecer, o governador perderá o título de afilhado do faraó, mas em compensação ganhará luz própria. A conferir.

São muitas as demandas pendentes, como: o tempo de serviço não contemplado na nova lei; os índices rebaixados para a mudança de nível (promoção) e de grau (progressão), além do terço de tempo extraclasse que consta da Lei di Piso, entre outras.

Por falar em Lei do Piso, permanece também a expectativa do julgamento do mérito da ADIn impetrada por alguns infelizes governadores junto ao STF. O julgamento do mérito está próximo, uma vez que o ministro-relator já apresentou seu parecer, cabendo agora o julgamento peloo plenário do STF. Eis ai outro órgão que não inspira confiança, mas, pode ser que, com o novo governo federal eleito, ocorra alguma pressão favorável aos educadores.

Finalmente, esperamos por uma mudança no Ministério da Educação, uma vez que o atual ministro, sr. Haddad, não inspira nossa confiança, pois já manipulou informações em desfavor dos educadores do ensino básico e nada fez pelo pagamento da Lei do Piso do Magistério. Aguardemos o desenrolar dessa novela.

domingo, 7 de novembro de 2010

Um receituário para o governo Dilma


Após a maravilhosa derrota da direitona xenófoba e babaca (é quase um pleonasmo dizer assim: direitona e xenófoba e babaca, mas, vá lá); e com a vitória acachapante de Dilma Rousseff, primeira mulher e ex-guerrilheira a ocupar a presidência da República no Brasil, vamos traçar aqui um pequeno receituário. O blog, tal como seu editor, tem essa mania, de querer estabelecer objetivos concretos a alcançar.

Como dissemos anteriormente, o governo Dilma não é um governo revolucionário, que rompe com o capitalismo, dissolve o parlamento burguês e transfere o poder para os trabalhadores auto-organizados. Quando esse momento chegar, não será por obra de concessão de um governo, mas pela conquista dos de baixo. Na luta! Tal como disse o amigo Rômulo, que é mais novo que eu, muito provavelmente não estarei mais presente em corpo quando tal revolução acontecer. Em alma, talvez. Se, por generosidade, for poupado pelas forças do além.

Mas, antes de entrar no meu receituário para o governo Dilma, não posso deixar de tecer mais algumas palavras para uma certa juventudezinha envelhecida e envilecida, mentalmente entorpecida, que destila seu ódio contra os irmãos nordestinos, valentes, intrépidos, conhecidos como os mais aguerridos filhos de um território ocupado chamado Brasil. Que vibrem de orgulho os herdeiros de Zumbi dos Palmares, dos heróis malês, das muitas revoltas baianas e pernambucanas, dos Carlos Marighellas e tantos outros e outras combatentes do Norte e do Nordeste do Brasil. Devemos render muitas homenagens a essa brava gente!

A parcela empobrecida mentalmente de jovens da classe média frustrada e mal resolvida pela concorrência do mercado se revolta contra os oprimidos, sejam eles os nordestinos aqui no Brasil ou, na Europa e EUA, para com os africanos, ou asiáticos ou latino-americanos. É a base social de candidaturas da direita, como a do Vampiro Serra. Do nazi-fascismo, da Opus Dei, das igrejas evangélicas tipo Malafaia e congêneres - sem querer generalizar. Felizmente, a maioria da população tem sonhos, tem projetos de resistência, de luta e de solidariedade, ao contrário dessa gente mesquinha e infeliz que se revolta cinicamente contra os irmãos - bravos guerreiros - do Nordeste.

Retomo agora o receituário proposto, com alguns tópicos de sugestão para o governo Dilma:

1) Investimento crescente no social: Educação pública de qualidade para todos - especialmente através de uma remuneração digna para os educadores -, saúde pública de qualidade - igualmente com a valorização dos profissionais da saúde, inclusive com a recriação da CPMF se necessário, priorizando a cobrança dos mais ricos e excluindo
desta nova CPMF quem receba até 05 salários mímimos ; sanemaneto básico e moradia popular em larga escala e de forma subsidiada para as famílias de baixa renda.

Dilma deve investir somas crescentes nestes itens, especialmente na Educação e na saúde, como forma inclusive de manter uma base social de apoio contra o golpismo da mídia e das forças que se juntaram ao Vampirão. Não tenhamos ilusão em relação aos setores atrasados e de direita: eles preparam golpes de estado a cada momento.

2) Aumentos reais do salário mínimo, sempre acima da inflação, para que haja uma política de distribuição de renda. Dilma deve estabeleer um plano de aumento do salário mínimo que assegure as condições dignas de sobrevivência dos trabalhadores e aposentados que recebam até três mínimos.

3) Reforma agrária com política de assentamento que garanta a sobrevivência dos sem-terra no campo de forma digna. Valorizar os assentamentos, os pequenos camponeses, as cooperativas de sem-terra e assalariados, a agricultura familiar, voltada para o mercado interno. Para estes setores, financiamento sem cobrança de juros, com subsídio do estado e investimentos na tecnologia, na educação, saúde, etc. As ocupações devem ser tratadas como problema social a ser resolvido com política social, e não com polícia, e menos ainda com a Justiça que favorece o agronegócio e o latifúndio.

4) Democratização dos meios de comunicação, com a concessão de TVs e rádios para as comunidades, entidades sindicais, movimentos sociais e grupos autônomos ligados às lutas sociais. Investimento publicitário das estatais prioritariamente para as TVs e rádios públicas e para as iniciativas que valorizem a produção da cultura regional. Ampliação da banda larga para toda a comunidade, a preço popular, juntamente com a comercialização de computadores subsidiados para as famílias de baixa renda.

5) Assegurar às famílias de baixa renda, além do Bolsa-Família com valor mais elevado - o ideal seria pelo menos 60 ou 70 por cento do salário mínimo -, a isenção de taxas de água, luz e telefone social. Além disso, garantir cursos de formação profissional ligados às demandas regionais.

6) Política de segurança pública, com a valorização dos profissionais dessa área e com foco numa segurança voltada para proteger os de baixo contra os permantentes golpes dos de cima. Uma política social crescente nos bairros populares, combinada com uma segurança comunitária, poderá garantir uma qualidade de vida que hoje não existe. O domínio de grupos de traficantes e pára-militares é uma expressão reduzida - e ampliada ao mesmo tempo - do domínio que grupos de rapina, de colarinho branco, exercem sobre os instrumentos de poder nas altas esferas da república.

7) Redução dos juros bancários para o crédito ao consumidor e do superávit primário, acabando com a política neoliberal herdada da era FHC. Não podemos permitir que permaneça essa transferência de renda das famílias de baixa renda para os banqueiros e para o grande capital em geral. Ao lado disso, uma reforma tributária que amplie a cobrança de impostos diretos dos mais ricos e reduza a cobrança indireta sobre os produtos básicos. Isso representaria queda no preço da cesta básica e consequente valorização dos salários.

Estes são apenas alguns pontos do receituário inicial deste blog. Sei que há muitos outros temas, como o transporte coletivo, a valorização da arte e da cultura, etc, que devem ser também considerados. Além, é claro, de políticas de valorização dos servidores públicos em todas as esferas da União. Em outra oportunidade trataremos destes e de outros temas. Num primeiro momento, contudo, estaria de bom tamanho se as metas acima fossem realizadas.

* * *

Incorporo ao texto central o comentário da nossa combativa colega professora Ivone.

"Ivone:

Olá professor Euler.

A princípio, sempre na torcida para todos eleitos fazerem bom governo ( em MG é meio difícil sonhar!!!).Mas, quanto pior o governo pior para todos. Então,torcer sempre para o MELHOR para todos. E no caso de MG, também preparar para o que virá, que não será nem surpresa...infelizmente, para nós professores.

Lendo seus posts..me lembra a música famosa do Jhon Lennon...

"You may say I'm a dreamer,
but Im not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live one..."

Que não se perca jamais essa capacidade de sonhar...vc e seus amigos e colegas!!!

Boa semana para todos!!! Abraços.
"